Você gosta de futebol? Se a pergunta for feita no Brasil, a resposta, com certeza, é sim. Pelo menos para a maioria – quase absoluta. Afinal, é a paixão nacional. O futebol numa Copa do Mundo é suficiente para unir os mais diferentes torcedores, inclusive de times rivais, que deixam suas diferenças de lado e passam a acreditar em uma só camisa. Mas, este ano torcer pelo Brasil está bem mais salgado, pois os preços subiram – e muito – quando comparados ao mundial de 2018.
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O fato é que a Copa do Mundo 2022 vem aí. Pela primeira vez na história, ela não ocorrerá no meio do ano, quebrando uma tradição. O torneio será realizado entre os meses de novembro e dezembro, considerados mais frios no Catar.
A Copa de 2022 tem início no próximo dia 20 com o jogo entre as seleções do Catar e Equador (Estádio Al Bayt, às 13h/Brasília). A “Canarinha” estreia somente dia 24 de novembro contra a Sérvia (16h/Brasília), tentando conquistar o título inédito de hexacampeão mundial.
O torneio mundial encanta torcedores e, mesmo longe, mexe com os bolsos dos aficionados por futebol – o “kit torcedor” está bem mais caro – e até mesmo pode atingir investimentos. Vale pesquisar para comprar os tradicionais itens da torcida, como camisa, bonés, cornetas etc. Mas, vai ser difícil encontrar algo, digamos, “mais em conta”.
Pesquisa realizada e recentemente divulgada pela XP revela, por exemplo, que uma camisa oficial da Seleção Brasileira está 40% mais cara do que o valor pago em 2018, saindo por R$ 349,99. A inflação no período, no entanto, medida pelo IPCA, foi de 26,8%. Mas, a alta está impactando vários produtosligados direta ou indiretamente a Copa de 2022. Nem mesmo o famoso e cobiçado álbum de figurinhas escapou: em 2018, o pacote de figurinhas (com cinco unidades) saia por R$ 2,00, e agora custa R$ 4,00, isso afora o próprio álbum.
O chamado “kit torcedor”, que reúne os itens mais consumidos durante a Copa, segundo a pesquisa, registra alta de até 100%, como no caso das figurinhas. Aliás, se sortudo – e muito – o colecionador vai desembolsar R$ 2.168,00 para completar o álbum, enquanto o gasto do mais azarado pode atingir R$ 9.560 (base de simulação de 100 mil casos). O televisor, que vinha tendo queda e é um item bastante tentador, sobretudo pelas novas tecnologias, também subiu de preço: 16,4% a mais que 2018.
E a carne para o churrasquinho? Esta teve alta de 79,1%, enquanto a cerveja em domicílio subiu 18,4% e fora do domicílio, 14,9%. Até mesmo o refrigerante e a água mineral estão mais caros: 23,7%. E se o torcedor quiser acompanhar os jogos num barzinho, prepara-se, pois os preços subiram muito, até o couvert artístico. Ou seja, é o que costumamos dizer: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. (Confira a tabela).
Para Bruno Viriato, especialista em investimentos da XP, a variação de preços nada mais é do que a lei da oferta e da demanda agindo.
“Já sabemos que o consumo de cerveja e carne vai ser maior. Portanto, os preços desses produtos aumentam nessas épocas, ainda mais porque teremos a Copa do Mundo no final do ano”.
O consumo deve aumentar, sobretudo porque as empresas vão estar pagando o 13º salário no período da Copa, o que eleva o poder de compra das pessoas. E isso é positivo para o mercado como um todo.
No que toca a investimento, os riscos de mercado existentes devem ser considerados. A Copa pode impactar também nesse setor. E ele exemplifica: “digamos que nesse período as aplicações de um torcedor mais conservador estejam em tesouro. Se a nossa taxa de juros básica, a Selic, cair, os rendimentos dele serão menores. Se um torcedor mais arrojado estiver aplicando em ações de uma empresa de multimídia e essa empresa teve o serviço digital interrompido durante um jogo, as ações consequentemente irão cair. Vai estar todo mundo irritado, né? Então todo e qualquer investimento possui um risco. Ele apenas pode ser maior ou menor”.
Ele adverte, no entanto, que, de um modo geral, a economia recebe positivamente uma Copa do Mundo. No caso do país que recebe esse evento, por exemplo, existem investimentos significativos em infraestrutura, vias terrestres, hotelaria, novos estádios e outros setores. Tudo isso para que o país-sede possa receber grande quantidade de torcedores do mundo todo. Essas estruturas e obras movimentam muito a economia, aumentando o comércio local. “No caso dos demais países, onde a copa não irá acontecer, o evento também reflete num aumento de comércio”.
“A elevação do consumo de camisas esportivas que desencadeiam um conjunto de outros setores, como a produção das empresas de confecções; distribuidoras de artigos esportivos, etc. O que mais observamos é a movimentação de bares e restaurantes nos dias de jogos; como bons brasileiros que somos, temos que estar presentes. Está no sangue da gente. Uma maior movimentação exige mais contratação de garçons, serviços de multimídia digital e bandas para tocar uma festinha depois do jogo”.
Em agosto deste ano, a XP recomendava compra do FII HGRU11, fundo que investe em imóveis ligados a setores como o de varejo alimentício, que se beneficia com o evento da Copa do Mundo. Os analistas Maria Fernanda Violatti, Renan Manda e Ygor Altero, da XP, elaboraram um relatório onde indicam suas preferências em relação aos fundos imobiliários híbridos, especialmente os fundos focados em imóveis de varejo alimentício – conhecidos também como “atacarejo” – que podem se beneficiar da Copa do Mundo que tem início neste mês.
Para o vice-presidente do Sistema da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio), Cid Alves, a Copa de 2022 deve amentar as vendas, ainda mais por coincidir com o período de Black Friday.
“Hoje, a gente pode dizer que a Black Friday está entre a primeira e a segunda data, disputando com o Natal. E aí com o evento Copa do Mundo é que as vendas deverão crescer mesmo. Então, é esperar que a gente tenha um volume muito maior de que em outros novembros e dezembros”.
Ele não soube precisar os motivos de aumentos de preços em materiais da Copa, mas ressaltou que um, com certeza, deve ter impacto para a elevação: frete e aqueles que dependem de matérias-primas importadas. A procura, com a proximidade do evento, deve aumentar consideravelmente, inclusive de bebidas e produtos para churrasco de modo geral.
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