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Conheça a história de Ari de Sá Neto e sua Arco de bilhões

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Impactar positivamente a vida de milhares de alunos. Esta é a missão da Arco Educação, empresa cearense avaliada na Nasdaq em R$ 3,6 bilhões. O objetivo até 2025 é atingir 5 milhões de jovens com o seu método de ensino. Desses, 4 milhões estarão nas escolas particulares atendidas pelo grupo, que somam mais de 8 mil, e 1 milhão em escolas públicas, que serão impactados por meio de ONGs parceiras do Arco Instituto, braço de filantropia do grupo.


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Case de sucesso, Ari de Sá Neto, CEO e fundador da Arco, foi um dos convidados da 3ª Edição do Trends Experience, evento exclusivo para investidores, empresários, c-levels e gestores, promovido pela TrendsCE em junho deste ano. Na ocasião, ele falou sobre sua trajetória até se tornar um dos jovens executivos mais bem sucedidos do momento.

Ari Neto é filho do educador Oto de Sá Cavalcante, fundador do colégio e da faculdade Ari de Sá. “Estudei a vida inteira na escola do meu pai, que para mim era um ambiente escolar e também era o trabalho dele. Então, não teve jeito de eu não me apaixonar pela atividade”, diz, revelando que sempre sonhou em trabalhar com educação.

Rigoroso, antes de “contratar” o filho, Oto impôs uma condição: “Se você quiser trabalhar aqui comigo, tudo bem. Mas primeiro vai ter que trabalhar fora e aprender a ter chefe, a cumprir horário e a ter disciplina”, disse-lhe.

Dito e feito. Antes de trabalhar com o pai, Ari Neto atuou por dois anos na empresa de consultoria Ernst & Young. “Foi para mim uma grande escola, porque você conhece a realidade de diversas empresas. Aprende tudo: o que é certo e o que é errado”, destacou o jovem empresário.

Não demorou, ele se juntou ao empreendimento da família “Foi uma época muito importante para mim, porque a gente tinha acabado de passar por um processo de cisão”, disse, referindo-se ao momento em que Oto e o irmão, Talles de Sá Cavalcante, que juntos administravam o Colégio Farias Brito, decidiram seguir caminhos separados. Talles ficou com a marca Farias Brito, e Oto criou o Colégio Ari de Sá.

“A escola era nova, marca nova. Meu pai era um cara que trabalhava muito na área empresarial, financeira, e ele se reinventou, partindo para a área educacional, pedagógica e técnica”, destacou Ari Neto.

“Eu costumo dizer que, naquele momento, eu fui, literalmente, para o chão da fábrica. A gente passava o tempo inteiro na sala dos professores, com os coordenadores pedagógicos, vendo currículo, avaliação. Foi uma época de muito aprendizado”.

A influência de Oto na carreira do filho foi determinante. Principalmente, pela forma como ele o aconselhava. Oto dizia aos filhos que eles poderiam seguir a carreira que desejassem, desde que fizessem bem feito. E que eles deveriam buscar um projeto de independência. “Aquela coisa da independência ficou muito marcada em mim”, afirmou Ari Neto.

E, na medida em que a escola começou a crescer; começou realmente a dar certo, a vontade do jovem Ari de ser independente também aumentava. Depois de cinco anos, foi fazer mestrado no MIT, nos Estados Unidos. Quando voltou, criou o Sistema Ari de Sá (SAS).

A ideia, segundo ele, surgiu quando um professor, interessado em montar um cursinho Pré-Vestibular, o procurou querendo comprar o material usado pela escola no 3º ano do Ensino Médio. “Não, professor. Isso não é para venda. É só para consumo interno”. Foi esta a primeira resposta dada por Ari ao tal professor. “Mas ele insistiu tanto que nós resolvemos vender 30 livros. No ano seguinte, ele recomendou para outros dois colegas e depois para mais cinco. Quando a gente viu, já estava com dez, 15 escolas usando o nosso material didático. Foi quando a gente viu que aquele negócio tinha futuro, tinha potencial”, observou.

Foram sete anos para desenvolver o conteúdo. Inicialmente, destinado apenas ao 3º ano do Ensino Médio. Depois, foi feito também material para todo o Ensino Infantil e para as demais séries do Ensino Médio. O processo de elaboração de conteúdo, segundo Ari, foi a parte mais difícil. Ele lembra que os primeiros autores ficavam no meio do caminho ou entregavam cópia do Wikipedia. “Eu acordava de madrugada pensando em desistir”, revelou.

“Mas nada como um dia após o outro com uma noite no meio”, brincou. De acordo com ele, superadas as dificuldades iniciais, o negócio foi avançando de tal forma que, em 2014, a empresa já tinha uma presença forte no Nordeste. “E a gente foi procurado por alguns fundos. Foi quando eu vi que precisava partir para competir com recursos financeiros e com um sócio forte, porque os nossos concorrentes eram todos gigantes multinacionais”, disse Ari Neto.

Em 2014, a Arco recebeu investimento da General Atlantic, um fundo americano. “E isso realmente mudou a história da nossa empresa. Com a General Atlantic, a gente teve o capital financeiro. Mas não só isso. A gente teve a governança, o capital inteligente, recursos do mundo inteiro para aprender sobre precificação, tecnologia, marketing, vendas”, apontou o empresário.

A General Atlantic, de acordo com Ari Neto, foi um sócio que trouxe ousadia e coragem para a Arco. “A gente fez, nesse período de 2014 a 2018, de cinco a seis aquisições de outras empresas menores do mesmo setor em outras geografias”, afirmou.

Em 2018, inspirada pela General Atlantic, a Arco abriu capital na Nasdaq. “Hoje, 95% da nossa base de investidores são de fora do Brasil. E essa visão que eles têm de startups na área de educação na Índia, na China e nos Estados Unidos nos ajudam na nossa evolução”, disse Ari Neto.

Atualmente, a Arco é líder no Brasil no setor, com dois milhões de alunos usando as soluções da empresa e sete mil escolas, e pouco mais de mil colaboradores em Fortaleza, São Paulo e Curitiba.

Do preconceito ao conceito

“Mas não foi fácil”, revelou o CEO da Arco. Trazer a General Atlantic para a empresa consumiu uns seis, sete anos de tratativas junto ao pai. “Mas quando ele se convenceu, disse: entendi. Estou com você e não vou lhe atrapalhar’”.

Outra dificuldade enfrentada foi o preconceito. “A gente chegava lá fora e diziam: ‘Pelo amor de Deus! Conteúdo do Ceará? Vocês acham que eu vou usar conteúdo do Ceará aqui em São Paulo?’”, comentou Ari Neto. Segundo ele, isso serviu de estímulo. “Hoje, é bom demais. Você chega lá, e todo mundo já sabe que o Ceará aprova 40% dos alunos no ITA e no IME. A educação pública cearense virou moda. Agora, se você chega lá e fala que é do Ceará, o cara diz ‘por favor, entra aqui’. Mas foi dureza!”, relatou Ari Neto.

E, como em todo começo difícil, teve calote. O empresário recordou que o primeiro cliente da Arco em São Paulo foi uma escola que funcionava em uma sala na Alameda Santos. O feito foi festejado pela família. “Rapaz, que maravilha! Meu pai vindo lá do Jucás (cidade no interior do Ceará), e eu consegui vender em São Paulo”, pensou o jovem Ari. O problema, emendou ele, é que o cara não pagou uma prestação sequer. “Mas a gente estava lá (risos)”.

Dificuldades superadas, a Arco passou a fornecer conteúdo para as escolas paulistas mais conceituadas, tais como os colégios Rio Branco e Dante Alighieri. “É muito gratificante. A gente conseguiu chegar com a qualidade dos nossos produtos em escolas desse nível”, comemorou o CEO da Arco.

Cearenses pelo mundo

É verdade que o mestrado no MIT abriu os horizontes do jovem Ari Neto. Mas fundamental mesmo foi o apoio de um conterrâneo. “Eu conheci um profissional na General Atlantic que tinha montado uma ONG para ajudar alunos carentes aqui no Ceará. Ele queria apoio nosso para essa ONG financiar alunos que vinham de escola pública. Esse cara era cearense, formado no ITA, e estava na General Atlantic. Foi ele que chegou lá no comitê de investimento e disse: olha, eu conheço esse pessoal lá do Ceará, e é um pessoal sério’”. E assim a Arco tornou-se o que é hoje.

De acordo com Ari de Sá, esses cearenses, formados nas melhores faculdades do Brasil e do mundo, podem integrar uma rede não só do ponto de vista de ajuda mútua, mas, também, de mão de obra qualificada. “Muitas vezes, eles querem trabalhar para empresas cearenses, querem retribuir, querem voltar. Vale a pena olhar para esses jovens talentos que não são dezenas. São de centenas para milhares”, sugeriu.

Transformação digital

Durante o debate, o público presente ao Trends Experience questionou Ari de Sá Neto sobre a transformação digital na educação. Ele afirmou tratar-se de uma realidade, mas que não deve ser considerada uma “bala de prata”. De acordo com ele, não existe uma pílula mágica capaz de tornar uma pessoa articulada, preparada e inteligente da noite para o dia.

“Eu vejo a tecnologia, a transformação digital na educação, muito mais como uma ferramenta, como um meio, do que como fim. O fim vai ser o excelente conteúdo e vai ser a escola”.

Como argumento, ele citou os dois anos que as crianças ficaram em casa por conta da pandemia de Covid. “Essas crianças estão voltando agora, sofrendo com problemas socioemocionais. Por quê? Porque ficaram em casa. O ambiente escolar é fundamental para o desenvolvimento delas”, explicou.

Ele, no entanto, reconheceu a ajuda proporcionada pela tecnologia. A Arco comprou recentemente uma startup chamada Educo, fundada por Tiago Feijão, outro cearense formado no ITA. Segundo Ari Neto, trata-se de uma das melhores tecnologias do Brasil, pois permite que a escola construa um livro inteligente. “Cada capítulo, quantidade de questões. O professor pode trocar a ordem dos capítulos, colocar novos exercícios, colocar um vídeo do Youtube, um game. Enfim, qualquer coisa para que ele possa ser o protagonista”, disse.

“Agora, você acha que isso é inteligência artificial? Não é. Porque você tem ali o papel de um bom professor. Qual é a melhor empresa? É a que tem o melhor time. E qual é a melhor escola? É aquela que tem os melhores professores”, pontuou.

Sobre a Arco

A Arco tem como missão transformar a forma como os estudantes aprendem, promovendo e escalando educação de excelência. Com um crescimento histórico superior a 40% ao ano, a empresa vem expandindo seu portfólio e sua abrangência territorial, entregando, assim, cada vez mais valor, para cada vez mais escolas do Brasil. Desenvolve soluções educacionais orientadas por uma metodologia própria, que tem nos pilares: conteúdo de excelência, tecnologia educacional relevante e serviços especializados na sua essência.

Unidades de negócio independentes compõem a estrutura da Arco. Além de soluções core, plataformas educacionais que oferecem conteúdo, serviço e tecnologia para as escolas, a empresa também conta com uma solução complementar de ensino bilíngue e investimentos em startups inovadoras.

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