vistos gold Portugal

Entre janeiro e julho de 2022, os vistos gold concedidos a brasileiros levaram 36,3 milhões de euros de investimento a Portugal. (Foto: Envato Elements)

Brasileiros lideram compra de imóveis de luxo em Portugal

Muitos no Brasil estão fazendo o caminho de volta. Levantamento feito Serviço de Estrangeiros e Fronteira aponta que 250 mil brasileiros vivem legalmente em Portugal. E a presença deles têm sido mais intensa na Avenida Liberdade, coração de Lisboa, onde o metro quadrado do imóvel residencial custa 11 mil euros. A comunidade da ex-colônia já representa 13% dos estrangeiros com imóveis na região.


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De acordo com a revista Forbes, os brasileiros se tornaram os principais investidores internacionais de imóveis residenciais em Portugal. Antes, eram os franceses que lideravam com 16% do fluxo de capital externo em imóveis para moradia no país. A partir de 2020, os brasileiros passaram a liderar o ranking e, em julho de 2022, 19% dos investimentos internacionais foram feitos por brasileiros.

Ainda segundo a Forbes, entre janeiro e julho de 2022, os vistos gold concedidos a brasileiros levaram 36,3 milhões de euros de investimento a Portugal. A autorização de residência depende da compra de um imóvel de pelo menos 500 mil euros, ou da transferência de, ao menos, 1,5 milhão de euros, em capital ao país. Mas o governo português quer limitar isso.

De olho nos vistos gold, brasileiros realizaram 12% das compras de imóveis acima de 1 milhão de euros feitas por estrangeiros

De acordo com pesquisa do site português Idealista, em 2021, a procura de casas por parte dos brasileiros foi reforçada, representando 14,2% do total; a França manteve o segundo lugar do pódio com 11,7%, e em terceiro apareceu, pela primeira vez neste período, os EUA, representando quase 10% do total.

Em entrevista ao Idealista News, Filipe Lourenço, CEO da Private Luxury Real Estate (PLRE), informa que uma das características positivas de Portugal é a segurança. “Temos um cliente, que anda de helicóptero de prédio em prédio em São Paulo (Brasil), que a primeira coisa que me disse [após comprar casa em Portugal] foi: ‘Finalmente livrei-me do helicóptero, posso andar a pé na Avenida da Liberdade'”.

A PLRE é especializada na comercialização de imóveis de luxo nas zonas premium de Portugal e tem atualmente seis escritórios no país, tendo o último sido inaugurado este ano em Cascais.

O visto gold Portugal é considerado um dos meios mais atrativos para se conseguir a cidadania portuguesa. Vários investidores brasileiros já se beneficiam da oportunidade de se tornarem cidadãos portugueses e usufruírem de toda a segurança e serviços públicos excelentes que o país tem para oferecer.

O benefício deverá sofrer uma limitação à atribuição nos centros das cidades portuguesas. A medida poderá ser adotada com o objetivo de expandir a venda de imóveis em áreas localizadas no interior de Portugal.

“É paralelo. Não é como alguns povos, que compram uma casa para ter um visto gold. É mais um pensamento do gênero: ‘Vou comprar uma propriedade porque quero comprar e quero mudar-me para lá, mas já que há a hipótese de ter Golden Visa é bom’. São dois conceitos diferentes. O cliente americano quer comprar uma casa na Quinta da Marinha, quer ir para lá viver, quer instalar a família e quer ficar em Portugal. E tem acesso ao Golden Visa. Enquanto noutros casos seria mais uma porta aberta para a Europa”, afirma Lourenço.

“O Golden Visa não vou dizer que colocou Portugal no mapa, mas ajudou, e muito”.

Segundo o empresário português, vários atores brasileiros procuram imóveis na Praia Comporta, localizada na cidade de Grândola, Distrito de Setúbal, no Alentejo. “Mas temos também celebridades do mundo dos negócios, vou chamar-lhes assim. Não são atores ou jogadores de futebol, não têm o mediatismo de outras personalidades, mas lidamos com pessoas que estão classificadas na Forbes, por exemplo. Ou de pessoas que têm grandes empresas de produção e exportação vinícola a nível mundial”, informa.

Cearenses internacionalizam negócios via Portugal

Em entrevista à TrendsCE, Eugênio Vieira, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil Portugal no Ceará (CBP-CE), confirma essa tendência de brasileiros migrarem para Lisboa. Com mais de duas décadas de atuação, a CBP tem associados em Portugal, Ceará e em diversos estados do Brasil. “Na câmara, estamos trabalhando nesse processo de internacionalização de empresas cearenses, que estão querendo expandir para o exterior”, informa.

Além de presidir a CBP-CE, Eugênio Vieira é sócio da APSV Advogados, escritório full service, especializado em meio ambiente, investimento estrangeiro, direito digital, relações de trabalho e direito fiscal, com 15 anos de atuação. “Somos uma firma relativamente nova. Mas viemos de um grande escritório de âmbito nacional. E hoje estamos atuando no âmbito regional, fortalecendo aqui nossas atuações em Fortaleza, Natal, Recife e Salvador”, comenta.

Vieira lembra que nos anos 1990, em função do câmbio, os investimentos portugueses no Brasil foram muito intensos, principalmente, na área de hotelaria e imobiliária e, posteriormente, na área de cabos submarinos e tecnologia.

Foi quando desembarcaram no Ceará empreendimentos como o Vila Galé, grupo português de hotelaria, que inaugurou, em 2001, seu primeiro hotel no Brasil, localizado na Praia do Futuro, em Fortaleza. Em 2021, a empresa portuguesa Ellalink foi responsável pela inauguração do 16º cabo de fibra óptica instalado no Ceará, conectando o Brasil à Europa.

“O investimento português é muito relevante no Ceará. Está entre os três principais investimentos externos. Temos investimentos de grande porte, como é o caso da Siderurgia, que distorcem esses números, mas em termos de número de investidores, de volume de investimento, é um dos maiores no Ceará”.

No entanto, desde o início da pandemia de Covid-19, o fluxo de cearenses investindo em Portugal tem aumentado. “Hoje, as empresas cearenses estão buscando o mercado externo. Portugal tem sido um trampolim para essa expansão, porque de lá pode-se chegar a diversos países falando o português”, afirma. A língua, segundo Vieira, é um facilitador de negócios. “A língua dá um conforto para os investidores e empresários, através das redes das câmaras portuguesas, fazer negócios em diversos países”, avalia.

Dentre as 80 câmaras Brasil-Portugal, a cearense foi escolhida como a melhor da rede, de acordo com Vieira. O reconhecimento, diz, aconteceu pela atuação, uma vez que a CBP-CE está sempre presente na economia cearense. “Os trabalhos que fizemos junto à Federação das Câmaras Portuguesas no Brasil repercutiram internacionalmente. De forma que ela foi uma câmara premiada e reconhecida no último encontro, o que é muito gratificante para gente”, comenta.

A imersão tecnológica provocada pela pandemia, analisa Vieira, fomentou as atividades virtuais. “Isso incrementou bastante as oportunidades de encontros virtuais e relacionamento de negócios. A pandemia trouxe esse aspecto muito positivo. Tivemos rodadas de negócios virtualmente. Realizamos o nosso maior evento da câmara, que é o Ceará Global, virtualmente”, destaca Eugênio Vieira.

“Hoje, o mundo é híbrido. A gente se adaptou a isso. A pandemia só fez acelerar esse mundo, que eu acho que é o que vai ficar”.

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