Em 2023, a Indústria da Construção Civil no Ceará deve crescer 10% a mais que 2022. Pelo menos é o que estima o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias de Sousa Teixeira Silva. A expectativa é bem superior do que a anunciada, em dezembro do ano passado, pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que projeta alta de 2,5%.
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O otimismo de Patriolino Dias é mais do que compreensível, uma vez que o mercado cearense tem registrado excelente procura em todos os segmentos de imóveis. Outro determinante importante para a previsão de crescimento reside também no fato de Fortaleza, onde são registradas as maiores demandas, ser considerada uma das melhores cidades do Brasil para fazer negócios no mercado imobiliário.
Pesquisa realizada pela Urban Systems mostra que Fortaleza, em 2022, é a sétima melhor cidade para investir no setor da construção. A cidade, que ocupava, em 2021, a 24ª posição do ranking da pesquisa, que engloba 100 cidades, passou, no ano passado, para sétimo lugar, ou seja, subiu 17 colocações.
Salvador, que antes estava na sétima posição, subiu para a quinta. Em primeiro está São Paulo e em segundo o Rio de Janeiro. Na pesquisa foram avaliados mais de 60 quesitos e indicadores somando as seis áreas econômicas, com análises referentes à infraestrutura de saneamento, transportes, mobilidade urbana, logística e telecomunicações.
Patriolino Dias afirma que o fato de Fortaleza estar entre as dez melhores cidades do país para investir no setor imobiliário é excelente para o mercado. Tal preferência promove aquecimento das vendas, solidificando cada vez mais o investimento no setor por quem deseja ter o seu primeiro imóvel quanto para quem busca aplicações seguras e rentáveis.
Ele credita boa parte disso, ou seja, da boa posição da cidade, ao sistema Fortaleza Online, lançado pela Prefeitura. “É que o sistema possibilita aprovar um alvará de construção em até 48 horas, o que diminuiu muito a burocracia”. O Alvará de Construção Online, como define a própria Prefeitura de Fortaleza, é um procedimento de licenciamento eletrônico destinado a atender às solicitações de construções a serem implantadas na cidade de Fortaleza. O objetivo é desburocratizar a administração pública e reduzir a intervenção do Estado nas atividades dos cidadãos e dos empresários nos processos de obtenção de licenças).
“Não é somente Fortaleza, mas todo o Ceará que se destaca para realização de negócios no mercado imobiliário. Tem muito dinheiro chegando ao Estado e isso faz com que a economia ganhe uma pujança. Sabemos que precisamos ainda crescer muito, mas ajudam bastante os investimentos que estão chegando cada vez mais ao Ceará”.
Patriolino Dias, presidente do Sinduscon
O presidente do Sinduscon/CE observa que os estoques de imóveis prontos baixaram muito, justamente porque a pandemia fez com que retardassem lançamentos. No pós-pandemia, o setor que mais cresceu foi de imóveis de alto luxo, lançados em condomínios fechados, com um Valor Geral de Vendas (CGV) elevado. “As pessoas que passaram cinco meses em lockdown e que tinham dinheiro aplicado, na época, a 2%, que era o CDI de 2020, partiram para compra de empreendimento desse tipo” – explica.
Outro segmento que continua sendo bem procurado é o de segunda moradia, pois “as pessoas estão achando importante ter um lugar de descompressão”. E cita alguns locais mais procurados, todos em praias: Aquiraz (Porto das Dunas), Fortim, Flexeira e Guagiru (Trairi). Afora isso, tem o segmento voltado para a classe econômica, que era o Programa Casa Verde e Amarela, que agora está voltando a ser chamado de Minha Casa/Minha Vida. “Temos uma base da pirâmide onde o déficit habitacional é elevado e a procura ainda é grande. Daí porque é o segmento que mais cresce nos últimos cinco anos”.
Ele lembra que o mercado imobiliário cearense, entre 2015 e 2019, enfrentou uma grave crise, quando foram registrados vários distratos (acordo entre as partes contratantes para extinguir o vínculo criado pelo contrato), gerando um aumento nos estoques. Diante disso, as construtoras lançaram poucas unidades. O setor acreditava que a retomada do mercado seria em 2020, mas foi surpreendido pela pandemia do covid-19 e isso também provocou redução ainda mais dos estoques. A incerteza foi a tônica no primeiro semestre de 2020, mas no segundo semestre o setor começou a apresentar retomada. No pós-pandemia também houve uma recuperação muito boa, principalmente no mercado de segunda moradia.
“O grande desafio do setor – e que está se vivendo agora – é a instabilidade. A taxa básica de juros está próxima a 14% e isso realmente é o que complica o setor. A gente precisa que a taxa de juros fique na casa de um dígito. O ideal seria em torno de seis a oito por cento. Quando existe uma estabilidade econômica, a gente consegue vender melhor, principalmente porque no Brasil existe um déficit habitacional muito grande e no Ceará é a mesma coisa”.
Patriolino Dias, presidente do Sinduscon
Depois de registrar queda de 28% em suas atividades no período 2014 a 2020, a construção civil recuperou parte de suas atividades e cresceu 17,7% no biênio 2021-2022. O resultado é o maior crescimento do setor, para um período de dois anos, desde 2010-2011 (22,4%). A revisão dos dados do PIB, divulgada recentemente pelo IBGE, revelou que em 2021, a expansão da Construção foi de 10% e em 2022 deve ficar em 7% (índice ainda não foi consolidado), de acordo com pesquisa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) divulgada no final do ano passado.
O cenário caracterizado pela recessão econômica, pela deterioração do mercado de trabalho, pela expressiva queda dos investimentos e pelas altas taxas de juros não favoreceu o ambiente de negócios e prejudicou as atividades da construção, especialmente no período 2014 a 2018. Atualmente, o setor vivencia um ciclo de negócios que foi iniciado em julho/20. Há dois anos consecutivos a Construção Civil cresce em patamar superior a economia nacional.
Enquanto no biênio 2021-2022 a construção civil cresceu 17,7% a economia brasileira apresentou expansão de 8,20%. Em 2020 o PIB total do Brasil cresceu 5%, enquanto o setor registrou alta de 10%. Já em 2022, a projeção é de alta de 7% para o setor e de 3,05% para a economia nacional.
Em 2022, a construção registrará, pelo segundo ano consecutivo, forte crescimento, devendo registrar incremento de 7,0% em seu PIB. A projeção anterior era de 6,0%. Para 2023, a CBIC projeta alta de 2,5% para o PIB da construção, ou seja, será o terceiro ano consecutivo de crescimento superior a economia nacional. Caso venha crescer 2,5% a partir de 2023, somente conseguirá a construção civil superar seu maior patamar de atividade, que foi em 2014, em 2030.
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