agro e novos mercados

Para continuar transformando o agronegócio, as ferramentas aplicadas à produção de grãos terão que agregar inovações. (Foto: Envato Elements)

Conectividade e gestão são diferenciais para o agronegócio

Por: Gladis Berlato | Em:
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Agenda de todos os fóruns, a tecnologia aplicada ao agronegócio mostrou seu poder e transformou o campo colocando o produtor brasileiro como o que mais utiliza as modernas ferramentas na produção rural. Entre as tendências para este ano estão o maior uso da Inteligência artificial, Big Data, 5G, drones, sensores e internet das coisas. É o caminho para ampliar a produtividade e, quem sabe, chegar aos 500 milhões de toneladas de grãos em menos de uma década. O desafio passa pela aplicação da tecnologia na gestão do negócio, profissionalizando-o dentro dos princípios da governança ambiental, social e corporativa, o ESG (Environmental, Social, and Corporate Governance).


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Aliada do campo de longa data em maior ou menor grau, a tecnologia terá, agora, que dar um passo à frente. Para continuar transformando o agronegócio, as modernas ferramentas aplicadas à produção de grãos e, mais recentemente, na criação pecuária, terão que ir além, agregando inovações que levem à conectividade.

Na visão crítica de Anthony Andrade, do Comitê de Inovação da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e diretor de Estratégia e Inovação da Innovatech, para continuar avançando o Brasil terá que partir para o mundo digital, modernizar-se em gestão e adotar ainda mais as alternativas tecnológicas ligadas à sustentabilidade (ESG).

“O produtor brasileiro sempre foi inovador, mas ainda limitado à produção, até agora usando as tecnologias disponibilizadas pelas já consagradas multinacionais fabricantes de máquinas e equipamentos agrícolas, agroquímicos, material genético, fertilizantes e defensivos”, explica ele. A próxima onda, entretanto, vem das soluções digitais dispersas e que se multiplicam entre a infinidade de startups. “O desafio será como se relacionar com os jovens profissionais que criam alternativas baseadas em inteligência artificial, computação na nuvem, internet das coisas, muitas delas ainda sem a comprovação prática que as multinacionais apresentavam.

Os ciclos atuais de desenvolvimento são mais rápidos para os novos problemas de diferentes solos, volumes de chuvas, pragas e variações climáticas que exigem saídas imediatas. Se até recentemente precisava-se de décadas para o desenvolvimento de um produto, além de bilhões em investimentos, agora as simulações a partir das ferramentas disponíveis levam a respostas imediatas e muito mais acessíveis.

Brasil protagonista no agronegócio mundial

Como promotora do Fórum Agro: Brasil Protagonista, em 31 de janeiro, a ABAG exalta o agro nacional por estar baseado na mais moderna ciência para o clima tropical. É o que afirma o presidente da entidade, Luiz Carlos Corrêa Carvalho.

“Nosso país produz até três safras por ano, aliando a agenda ambiental com a de produtividade para produzir alimentos, fibras e energia de maneira diferente dos países com clima temperado, portanto, as regras não podem ser as mesmas nesses dois mundos”,

 Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da ABAG

Ele faz referência à Europa e Brasil e as diferenças de regramento, como o da internacionalização do Green Deal.

A pecuária brasileira também está tratando de integrar a cadeia de fornecedores com soluções inovadoras com vistas a garantir maior produtividade. Segundo o engenheiro agrônomo Francisco Beduschi Neto, líder da National Wildlife Federation (NWF no Brasil), o objetivo é contribuir para que a cadeia da carne brasileira atenda as novas demandas do mercado nacional e internacional.

“Nosso papel é fazer a ponte entre a indústria, os representantes do varejo e os produtores rurais e estabelecer o diálogo, nivelando o conhecimento de todos e construindo soluções para o desenvolvimento da pecuária sustentável”. Entre os frigoríficos orientados pela NWF e com remédios sendo implementados estão o Frialto, do Mato Grosso, e Masterboi, de Pernambuco.

Agricultura 4.0

Diego Oliveira, assessor técnico do Instituto da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que dá apoio às pesquisas relacionadas ao avanço no campo, diz que o principal entrave está na infraestrutura de comunicação de pequena e média distâncias. Apesar da disponibilidade de telefone celular, os produtores enfrentam dificuldade de sinal de internet, necessária para viabilizar a conexão e a integração dos dados coletados rumo à conectividade, à logística 4.0 e à agricultura 4.0.“O aumento do raio de cobertura esbarra no elevado custo o que requer uma ação associativista juntamente com políticas públicas sólidas”, comenta Oliveira

A seu ver, além de melhorias de infraestrutura, também é urgente que o Brasil rural atue na capacitação das pessoas em toda a cadeia de produção através dos organismos existentes como o Senar. Também é preciso agir na gestão do negócio em direção a resultados traduzidos em produtos mais qualificados e que, com custos menores, alcancem mais pessoas e deixem maior retorno ao produtor. 

O céu é o limite

Quem acompanha de perto o agronegócio assiste à evolução do campo a partir da persistência e do suor do produtor e, obviamente, como fruto da aliança com a tecnologia. Como fornecedor de máquinas agrícolas das marcas Valtra, Massey Ferguson e Fendt que operam nas lavouras de soja, milho, sorgo e algodão no Maranhão Piauí, Sergipe e Roraima, o diretor da Mardisa Agro, Henrique Magalhães diz que “o céu é o limite para o crescimento do agribusiness brasileiro”.

A seu ver, o país tem gente, tem terras e usa com sabedoria a ciência aplicada ao campo, sem descuidar da questão ambiental, sempre presente nas rotinas. Quanto maior a extensão de área cultivada, maior será a necessidade de equipamentos com tecnologia embarcada porque as janelas entre o plantio e a colheita são muito curtas e exigem agilidade no processo para garantir alta produtividade. A lógica encontra amparo na engenharia dos equipamentos. “O Brasil conta com máquinas agrícolas de alta performance registrando margens de erro de 2,5cm, o que garante extrema precisão”, ilustra Henrique Magalhães.

As inovações continuam com a chegada de máquinas agrícolas elétricas, reduzindo o uso de combustíveis fósseis e, ainda, os equipamentos para o plantio teleguiado, sem operador, já em teste na Europa, como presenciou o diretor da Mardisa. Sua esperança é que o Brasil passe a industrializar mais os grãos que produz para agregar maior valor à cadeia produtiva do agronegócio. “Por que não temos mais fábricas de óleo e de conservas, entre tantas outras alternativas de negócios altamente promissores?”, questiona ele, convocando empresários e investidores a apostarem neste mercado de infinitas oportunidades.

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