Educação é um dos setores mais favoráveis para fusões e aquisições (M&As), que seguem em alta em 2023. É o que sugerem pesquisas e estudos. Mas investidores buscam atalhos ideais em outros setores com maior potencial.
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O economista Fernando Kunzel e o engenheiro de produção Willian May, sócios na boutique de investimentos L6 Capital Partners, apontam caminhos para quem está buscando entender como será o cenário de fusões e aquisições neste ano.
Em primeiro lugar, destacam os especialistas, é preciso reconhecer o crescimento, ao longo dos últimos anos, do número de M&As – sigla para Mergers & Acquisitions, que significa Fusões e Aquisições em português. E também o modo como esse tipo de operação se tornou essencial no mundo dos negócios.
Só no primeiro semestre de 2022, o Brasil registrou 807 transações, contra 706 no mesmo período de 2021, segundo dados da PWC Brasil, empresa de consultoria de negócios e assessoria em transações. Isso ocorre, segundo Fernando e Willian, mesmo em meio a diversas instabilidades econômicas e políticas ao redor do mundo, seguindo uma onda ascendente que vem sendo registrada desde 2017 e passou a subir ainda mais após a pandemia. Contudo, para saber onde investir, é necessário apurar o olhar.
“Observar o mercado como um todo é fundamental. Mas existem áreas com mais potencial que outras. Essas são as minas de ouro que o mercado deve ficar de olho daqui para frente”.
Willian May, engenheiro de produção e sócio na L6 Capital
Os especialistas informaram cinco dos setores mais quentes para M&AS neste ano. Veja quais são:
Outro setor impactado pela pandemia foi o da educação. Soluções tecnológicas se tornaram essenciais para que professores e escolas continuassem a dar aulas e, de lá para cá, mais possibilidades foram se formando.
No primeiro trimestre de 2022, a KPMG registrou 19 M&As no setor da educação, uma alta de mais de 70% em relação ao mesmo período de 2021. “Um exemplo neste caso é a compra da Eleva pela Cogna, operação que foi avaliada em R$ 580 milhões. A Cogna é, inclusive, a maior compradora do segmento na última década, com 15 negócios concluídos”, conta o especialista.
“Todos esses setores, inclusive o da educação, estão sendo impulsionados por um motor comum: a tecnologia. Vale para praticamente qualquer outra área, na verdade. As grandesempresas seguem em busca de inovação e market share, e é mais frequente encontrar ambos onde há tecnologia aplicada de maneira firme e inteligente. De forma geral, minha dica é focar nos setores mais relevantes e, dentro deles, nas empresas mais inovadoras. É aí que pode estar verdadeiramente, um pote de ouro”.
Fernando Kunzel, economista e sócio na L6 Capital
Segundo as consultorias Statista e Mintel, o segmento global de alimentos saudáveis tem uma taxa média de crescimento anual estimada em 5,3% que deve se manter até 2025, pelo menos. O valor fica acima da própria categoria geral de alimentos, que cresce 3,6% ao ano.
No Brasil, o sucesso do setor não fica atrás. Em 2020, o mercado movimentou R$ 100 bilhões, segundo a Euromonitor. “Temos visto algumas transações importantes, como a compra da Jasmine, que possui a maior parte de sua linha vegana e orgânica, pela M. Dias Branco, uma das maiores empresas alimentícias do país”, lembra o sócio da L6 Capital, Willian May. O valor da operação em questão, apesar de não divulgada, é estimado em torno de R$ 350 milhões pelo Pipeline.
“O boom da saúde em 2020 fez com que muita gente acreditasse que era uma ocorrência pontual”, comenta Fernando, “mas se trata de um exemplo pontual de um mercado continuamente forte. Não há um futuro em que a saúde não seja imprescindível na sociedade e, portanto, no mercado”.
Os fatores que mais indicam o potencial para crescimento da área são o aumento gradativo da população idosa, que naturalmente possui mais gastos com saúde, e da empregabilidade, o que, por sua vez, aumenta também a penetração dos planos de saúde nas mais diversas regiões e classes. A expectativa do IBGE é que as despesas com saúde cheguem a representar 1,5% do PIB até 2038.
“No ano passado, o agronegócio representou cerca de 26% do PIB. É um mercado historicamente fundamental para a nossa economia. Por si só, isso já resulta em mais crédito para a área. Além disso, também estamosvivendo uma busca considerável por inovações, especialmente com foco em sustentabilidade e soluções financeiras, o que leva mais crédito especificamente para agtechs”.
Fernando Kunzel, economista e sócio na L6 Capital
As agtechs, empresas de base tecnológica que atendem diferentes pontos da cadeia produtiva do agro, são o destaque para 2023. O Radar Agtech, estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), SP Ventures e Homo Ludens, com apoio da plataforma Distrito e do Sebrae, identificou as principais tendências de atuações dessas startups: Insumos Biológicos, Agfintechs, Marketplace para o agronegócio e Climatechs.
O telecom é um mercado que está se consolidando continuamente, de acordo com Willian May. É uma área com muitos players e, por isso, o volume das transações pode não chamar tanta atenção a princípio — mas a quantidade de acordos sendo fechados costuma só aumentar.
“O telecom é conhecido por seus ciclos de injeção de capital ao longo dos anos. Mundialmente, tivemos picos de fusões e aquisições em 2016, 2018 e 2021. Entre eles, e agora também, em 2022, houve algumas quedas relevantes. É provável que 2023 seja o retorno do crescimento neste ciclo”.
Willian May, engenheiro de produção e sócio na L6 Capital
*Os dados são da Bain & Company.
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