Os portos cearenses devem receber, a partir de agosto deste ano, um aporte de aproximadamente 20 mil toneladas de frutas, oriundas de 40 produtores, para exportação. Pelo menos está é a previsão com a saída da maior empresa de transporte de contêineres – a CMA/CGM – das operações do Porto de Natal, que deve ocorrer nos próximos meses.
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Em compensação, o Porto de Natal deverá receber o navio frigorífico da Agrícola Famosa, com carga de 3 mil toneladas por semana (cerca de 75 mil toneladas durante 24 semanas). Desde o ano passado, a empresa mudou sua logística e passou a exportar entre 30% a 35% da sua produção de melão e melancia para a Europa no modelo que dispensa contêineres e usa pallets.
Metade da produção de frutas do RN já é exportada pelo estado vizinho, mas, desde outubro do ano passado, quando a empresa global em soluções marítimas, terrestres, aéreas e logísticas, a francesa CMA/CGM, comunicou à Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) o término de suas operações em Natal, havia a expectativa de que a exportação de frutas migrasse em sua totalidade para os portos do Ceará.
O presidente do Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (COEX), Fábio Martins de Queiroga, explica que, sem um novo grande operador, a mudança deve se concretizar. “O que temos certo é que vamos operar totalmente pelos dois portos do Ceará. Por Natal deixariam de sair 700 contêineres, fora os contêineres de manga e uva de Petrolina/PE, o que pode, somando, chegar a mais de 1 mil contêineres que vão para Fortaleza”, diz Queiroga.
O Porto de Natal recebe com regularidade navios para exportação de sal, importação de trigo e cargas de projeto eólico e industrial, mas é na movimentação de frutas que o terminal tem seu protagonismo. Cerca de 60% de toda movimentação vem das frutas frescas. Nas projeções do Coex, as exportações de melão e melancia para o mercado europeu devem sofrer revés de 16,6% na atual safra, que começou em agosto passado e segue até abril. A entidade estima o envio de 300 mil toneladas para a Europa até o próximo mês. Na safra 2021/2022 foram escoadas para o continente aproximadamente 360 mil toneladas.
Os principais fatores que impactaram na redução já eram previsíveis: superinflação no continente europeu, limitações de mercado e aumento dos custos de logística. Com o desligamento da CMA/CGM, se a Codern não conseguir atrair novos operadores, poderá reduzir as suas operações à metade, perdendo cerca de R$ 5 milhões por ano. A empresa francesa é responsável por metade das operações no porto da capital potiguar.
A saída da CMA/CGM do Porto de Natal deverá coincidir com a chegada da Agrícola Famosa, que passará a operar com o navio frigorífico no transporte de sua produção pelo terminal natalense no modelo pallet, que substitui contêineres. O CEO da Agrícola Famosa, Carlo Porro, explicou que o momento é de negociação de fretes da safra, mas que a possibilidade é quase certa. Atualmente, eles fazem o transporte a partir do porto de Mucuripe, em Fortaleza/CE, onde a CMA/CGM está concentrando seu trabalho.
Os navios têm câmara frigorifica com pallet, sendo mais caro do que utilizar contêineres. Contudo, o CEO afirma que o transporte é mais tranquilo com maior garantia do cumprimento de prazos, tendo sido uma experiência satisfatória desde que iniciaram no ano passado. Para esta safra, a expectativa da Agrícola Famosa é de manter as exportações na mesma proporção do ano passado. “A recessão na Europa é grande por conta da guerra, mas eu estimo que a Agrícola vai fazer, no mínimo, a mesma coisa, com alguma tendência de subida que pode ser de 5% a 10%. Equivale na exportação de 10 mil a 20 mil toneladas a mais. Vamos fechar a exportação aí com umas 180 mil toneladas, correspondente a 9 mil containers”.
*Com informações da Tribuna do Norte
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