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Pandemia provoca queda da participação da mulher no mercado de trabalho cearense

Apesar da participação da mulher cearense no mercado de trabalho ter crescido 11,7% entre 2012 e 2019, saindo de 48,7% para 54,4%, a pandemia reverteu a elevação e provocou uma queda de 9% em três anos, chegando a 49,5% das mulheres em 2022.


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A pandemia foi responsável por grande deterioração no mercado de trabalho a nível mundial, mas, no entanto, as mulheres foram mais afetadas neste sentido, conforme estimativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Estudo sobre o assunto, tendo como base dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNDAC), realizada pelo IBGE, pode ser conferido no Ipece Informe (Nº 226/2022) – A Mulher Cearense no Mercado de Trabalho, publicado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

De acordo com o analista de Políticas Públicas Victor Hugo de Oliveira, da Diretoria de Estudos Sociais (Disoc) do Ipece, autor do estudo, entre aquelas pertencentes à força de trabalho, a proporção de mulheres consideradas como desocupadas já apresentava uma trajetória crescente desde 2015. Trajetória esta que foi ainda mais acelerada em decorrência da pandemia (chegando a 17,1%, em 2021). Após este período, com o reaquecimento da economia, a taxa de desocupação entre mulheres cearenses volta a decrescer, passando para 10,7% em 2022.

força de trabalho da mulher

Impacto maior observado, entretanto, foi entre a proporção de mulheres em situação de desalento, cujo crescimento expressivo também já era observado em um período precedente à pandemia. Passando de 6,1% das mulheres em 2012, para 12,8% em 2019 (crescimento de 109,8%). A partrir deste ano, é possivel observar uma tendência de redução, chegando a 9,7%,em 2022 – informa, acrescentando que, apesar de não apresentar grandes oscilações no indicador, as mulheres, de um modo geral, apresentaram taxas elevadas de participação no mercado de maneira informal, uma proporção equivalente a 66,3% no último ano analisado.

O Analista de Políticas Públicas ressalta que, ao fazer esta mesma análise por raça/cor, constata-se que as mulheres negras cearenses representam uma população de maior vulnerabilidade, isso em decorrência da discrepante diferença entre estes mesmos indicadores do mercado de trabalho para mulheres brancas. Em 2020, no mesmo comparativo com mulheres brancas, as mulheres negras apresentam menor participação no mercado de trabalho (uma diferença de 51,8% e 48,7%, respectivamente), maior nível de desocupação (11,4%, em contra partida de 9% de mulheres brancas), e encontram-se em maior situação de desalento (10,4% entre mulheres negras em relação a 8% entre mulheres brancas).

As mulheres cearenses, de acordo com o estudo, apresentam menores rendimentos, isso na comparação com o Brasil e o Nordeste. Este rendimento real efetivo apresentou uma queda de 8,2% durante a pandemia e chegou a R$ 1.258, em 2022. Mulheres negras também tem menor remuneração no mercado de trabalho, dado a diferença de 39% em relação à média de rendimentos entre mulheres brancas. Mulheres negras, em média ganhavam R$ 1.063,5, enquanto mulheres brancas ganhavam R$ 1.737,1 também em 2022.

Para Victor Hugo, é necessária urgentemente uma maior atenção de programas e políticas que “impeçam o retrocesso dos avanços alcançados da participação da mulher no mercado de trabalho ao longo destes anos. É de suma importância, portanto, trabalhar em prol de reverter a deterioração ocasionada pela crise econômica no cenário de pandemia. E assim, conseguir que a mulher cearense e, em especial a mulher negra, ganhe e conquiste cada vez mais o devido espaço no mercado de trabalho”.

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