Em meio a eventos climáticos que reacendem as preocupações com a inflação global de alimentos, os preços de commodities agrícolas como café, soja, milho e açúcar dispararam nos últimos dias. Mais da metade do chamado “cinturão do milho” nos Estados Unidos sofre com seca bem no início da época de cultivo, mostram dados do governo.
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A seca também reduz as perspectivas para a safra de trigo na Europa, enquanto fortes chuvas na Costa do Marfim, principal produtor de cacau, impedem o transporte por caminhão até os portos. O retorno do El Niño, fenômeno atmosférico na região Equatorial do Pacífico que afeta o clima de todo o planeta, também gera preocupações de longo prazo, com possíveis impactos em safras de café, açúcar e arroz.
A perspectiva para a produção agrícola mundial ainda parece, no geral, positiva, mas condições climáticas extremas ou choques geopolíticos podem prejudicar “o equilíbrio delicado entre demanda e oferta”, disse a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.
Os contratos futuros de milho em Chicago saltaram 12% esta semana, e os de soja, 11%. Em ambos os casos, é o maior salto semanal desde 2022, com possível impacto nos custos de vários alimentos. O grão e a oleaginosa fazem parte da cadeia de produção de uma série de produtos processados e são usados como ração animal.
A Argentina, maior exportadora mundial de farelo e óleo de soja, voltou a reduzir sua estimativa de produção em meio a uma seca brutal, e as condições da safra de milho na França pioraram após o início de junho mais quente em duas décadas.
Apesar disso, as previsões de produção global recorde de milho e trigo podem acabar por moderar a alta de preços dos grãos, disse Tosin Jack, analista-chefe de commodities da Mintec, no Reino Unido. Os futuros permanecem abaixo dos picos alcançados no ano passado com a invasão da Ucrânia pela Rússia, e a desaceleração das economias globais também pode pesar nos mercados.
Já o café robusta negociado em Londres atingiu cotação recorde, e os contratos de cacau em Nova York alcançaram uma máxima de sete anos esta semana. As enchentes na Costa do Marfim aumentam as preocupações com a oferta de cacau.
*Com informações da Bloomberg.
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