Há seis meses, aconteceu o tombo da Americanas, inicialmente com a revelação da existência de um rombo contábil multibilionário, e posteriormente confirmado como esquema de fraude.
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Depois desse tempo, muitos investidores e empresários se perguntam quais os aprendizados desta crise.
A leitura de analistas ouvidos pelo Valor Investe é que, salvo quem estava muito exposto a ações da companhia, que caíram mais de 90%, para os pequenos investidores em geral esses seis meses foram tempo suficiente para retomar a confiança no mercado.
“De certa forma, o escândalo já foi digerido e outras empresas tiveram os balanços revisados, provando que não há mais os mesmos riscos. Mas com certeza o mercado como um todo ainda vai promover melhorias em processos contábeis.”
Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos
Ele lembra que, com a revelação das informações sobre o esquema, o mercado percebeu que o sistema do Banco Central (BC), que deveria monitorar essas operações, não tinha todas as informações necessárias para isso.
“Mas alguns bancos tinham como acompanhar a operação de perto, e não o fizeram pela credibilidade de que a Americanas e seus sócios gozavam. O cenário mudou, e todos esses sistemas foram reforçados“, afirmou Paulo.
Já para os investidores da empresa em si, a crise ainda parece longe do fim.
Vale lembrar que a capitalização de mercado da Americanas caiu dos R$ 10,8 bilhões que a empresa valia na bolsa no fatídico 11 de janeiro, quando o escândalo chegou ao mercado, até R$ 1 bilhão que a empresa vale hoje.
Quando se pensa em preço de ação da varejista, as cotações de AMER3 caíram para um patamar próximo a R$ 1 desde a revelação do rombo, atraindo investidores de perfil mais especulativo com a aposta de que este era o novo “piso”, mas não houve retomada até agora.
Para se recuperar, a empresa precisa de dinheiro novo entrando no seu balanço, seja com aporte de sócios, com compra de novas ações, ou de novos empréstimos.
Mas isso depende de uma sequência de eventos que são, de alguma forma, interdependentes.
O plano de recuperação judicial apresentado pela Americanas será votado em agosto, mas alguns credores já apresentaram objeções aos termos de pagamento propostos pela varejista.
Se não houver aprovação de dois terços credores de cada classe, será preciso reabrir a negociação para evitar decretação de falência pela Justiça, algo que possivelmente jogaria as cotações ainda mais para baixo.
É algo ainda pouco provável de acontecer, segundo especialistas, diante da relevância social da empresa, mas não impossível.
Procurada pelo Valor Investe, a companhia ressaltou, em nota, que “continua comprometida com os seus credores para a construção de um consenso sobre o plano de recuperação judicial, ainda sujeito a revisões e ajustes, e que busca um plano que reflita visões compartilhadas e atenda seus stakeholders“.
*Com informações da Valor Investe.
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