O Brasil se tornou o maior exportador de milho do mundo, ultrapassando os Estados Unidos, no atual ciclo do ano agrícola, que termina em 31 de agosto. Na atual safra, os EUA serão responsáveis por, aproximadamente, 23% das comercializações globais de milho,enquanto para o Brasil, a estimativa é de quase 32%, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
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Nos Estados Unidos, a liderança nas exportações de milho foi perdida apenas uma vez desde o governo Kennedy, brevemente em 2013 devido a uma seca devastadora. No entanto, atualmente, estão enfrentando uma nova perda dessa posição, o que já ocorreu com os comércios de soja e trigo na última década. O Brasil assumiu a liderança nas exportações de soja em 2013, seguido pelo domínio da União Europeia e Rússia nas exportações de trigo nos anos seguintes.
Os norte-americanos estão perdendo sua posição de prestígio no setor agrícola devido a diversos fatores, incluindo custos crescentes, falta de terras disponíveis, a guerra comercial com a China sob a administração de Donald Trump e a valorização do dólar. No atual contexto, eles representam apenas um terço das vendas globais de soja, ficando em segundo lugar atrás do Brasil. Além disso, ocupam o quinto lugar no mercado global de trigo. Isso marca um declínio na influência geopolítica do país.
“Isso não é algo ruim. O que realmente está acontecendo aqui é que estamos produzindo etanol, alimentando o gado com isso, produzindo diesel renovável e estamos mais independentes energeticamente em termos de combustíveis.”
Gregg Doud, ex-chefe de negociação agrícola dos Estados Unidos no USTR (Escritório do Representante de Comércio dos Estados) durante a administração Trump.
Nos EUA, cerca de 40% da colheita de milho é direcionada para alimentar moinhos locais que produzem etanol utilizado como combustível para transporte. No entanto, essa demanda enfrenta incertezas com a crescente presença de veículos elétricos nas estradas. Quando os moinhos não estão adquirindo milho, a produção agrícola dos EUA pode ser estocada em silos ou armazéns de grãos por longos períodos, à espera de condições de mercado mais favoráveis.
O Brasil vem modernizando seus portos e a infraestrutura de transporte, eliminando deficiências logísticas anteriores, além de possuir um clima mais quente, que possibilita que a colheita milho seja realizada duas vezes ao ano, o que proporciona uma vantagem competitiva sobre os Estadunidenses.
Além disso, no ano passado, a China, principal comprador do setor, firmou um acordo para comprar grãos brasileiros com o objetivo de minimizar sua dependência dos Estados Unidos e substituir suprimentos da Ucrânia interrompidos pela guerra.
*Com informações de Bloomberg Línea.
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