O turismo cearense tem crescido e se destacado nacionalmente nos últimos anos. O setor apresentou forte alta após a pandemia, registrando índices elevados e superando vários estados, inclusive nordestinos. O Ceará tem, inclusive, atraído cada vez mais turistas para duas atividades distintas: ecoturismo e o turismo de aventura, que são praticadas em diferentes regiões do Estado. O Ceará, definitivamente, é a porta de entrada para o turismo de aventura, sobretudo o radical, e para o ecoturismo, que tem crescido no Brasil.
Quer receber os conteúdos da TrendsCE no seu smartphone?
Acesse o nosso Whatsapp e dê um oi para a gente
Aliás, relatório do US News & World Report, divulgado no ano passado, apontou o Brasil como principal destino de aventura do mundo entre 78 nações, conforme divulgação do Ministério do Turismo. Nos quesitos avaliados, de um total de 100 pontos, o país superou a marca de 80 pontos em categorias como clima, cenário e diversão. A posição de destaque confirma o potencial do Brasil no cenário pós-pandemia, impulsionado pelo turismo de natureza.
O Índice de Atividades Turísticas (Iatur) cearense, no acumulado dos últimos 12 meses (até junho de 2023), cresceu 13,3%, resultado idêntico ao desempenho nacional, enquanto Pernambuco registrou 2,8% e Bahia 10,7%, segundo indica estudo divulgado pelo Instituto Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), tendo como base dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2022, o setor seguiu em plena recuperação, com destaque novamente para o segundo trimestre, com taxas de 77,8% para o Ceará e 48,2% para o Brasil. Desde então, o setor, apesar de crescer, seguiu em ritmo de desaceleração, vindo a recuar 4,2% no segundo trimestre de 2023. A atividade nacional, por sua vez, cresceu 6,4%. O setor apresenta sinais de arrefecimento, constatação que não deve causar grandes preocupações.
Segundo o analista de Políticas Públicas do Ipece, Daniel Suliano, a queda, de certa forma, já era esperada, pois, na verdade, significa uma certa acomodação. “É que isso ocorreu diante de duas bases de comparações bem elevadas: crescimento de 97,4% no segundo trimestre de 2021 e 77,8% no segundo trimestre de 2022”, aponta. O fato é que o setor turístico cearense (levando em consideração os primeiros semestres anteriores a 2023) apresenta três períodos de crescimento acima dos demais revelando, assim, um leve descolamento.
Para Yrwana Albuquerque, secretária de Turismo do Ceará, o turismo é a grande indústria do século XXI. O Governo Federal retomou a marca Brasil e está reconquistando a preferência dos turistas estrangeiros. No Nordeste, o segmento tem alcançado números significativos e o Ceará, na região, é um dos destaques. “Além disso, temos um destaque em outros segmentos, como o de negócios, que já mostra sua força e recuperação ao patamar pré-pandemia”, ressalta.
Sobre ecoturismo e turismo de aventura, Yrwana Albuquerque afirma que esses dois segmentos, que são complementares, também tem se destacado. “Digo isso, pois se pensarmos em Parques Nacionais que temos em nosso Estado, alguns deles contemplam essas experiências de ecoturismo e turismo de aventura”, observa.
“Jericoacoara, por exemplo, é uma região repleta de belezas naturais, mas que, além do ecoturismo, tem muito forte a prática de esportes como o kitesurf, windsurfe, entre outros. Temos também Camocim, Cruz e Amontada nessa linha. Na região serrana do Estado, temos Ubajara que vem se destacando fortemente e concentra um Parque Nacional.”
Yrwana Albuquerque, secretária de Turismo do Ceará
A secretária, inclusive, chama atenção para o fato de Ubajara, onde existe um bondinho instalado, e Jeri estarem entre os locais mais visitados do país, de acordo com o último ranking divulgado pelo ICMBio. “Então, isso prova que nesses segmentos temos crescido e se destacado. Por essa complementaridade que citei acima, acredito que é possível se destacar em ambos”.
Ela adianta que o Governo do Estado, através da Setur, tem objetivo de integrar as regiões turistas do Ceará, fazendo com que o visitante que vem para velejar possa também tirar um tempinho e ir à Ubajara, andar de bondinho e curtir um clima diferente. Ou até mesmo estender um pouco mais sua estadia e conhecer a região do Cariri.
É a política de interiorização que traçamos como desafio, pois queremos justamente isso, que o turista conheça todo o Estado e tenha uma experiência tanto de ecoturismo como de aventura – entende a secretária de Turismo, acrescentando que, com relação aos esportes náuticos, a expectativa é que siga um ritmo de crescimento.
“O Ceará tem alguns bons equipamentos em destinos citados acima que são focados nesse público e outros se instalando. Então, é um bom sinal de que é um segmento que tem muito a crescer nos próximos anos. Com relação ao ecoturismo, trabalhamos muito de forma transversal, por isso mantemos uma parceria muito importante com a Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema) no sentido de fortalecer nossos ecossistemas para que os turistas possam explorar de forma sustentável.”
Yrwana Albuquerque, secretária de Turismo do Ceará
Depois de ter citado o exemplo dos equipamentos para o público do segmento de aventuras, ela fez questão de fazer o mesmo para o de ecoturismo: o Estado tem um bondinho no Parque Nacional de Ubajara, administrado pela Secretaria do Turismo. Após a sua reinauguração, que ocorreu há pouco mais de um ano, o ICMBio já registrou um crescimento de 170% no número de visitas. “Isso é um bom sinal de que estamos atendendo a esses dois públicos e avançando nos atrativos”.
Yrwana Albuquerque considera como de fundamental importância pensar no Ceará não de forma singular, mas sim como um destino com enorme potencial que atende o gosto de todos os turistas. “Se ele vem para prática do kitesurf, nosso litoral todo pode atender seu objetivo. Caso ele queira uma experiência de ecoturismo, o Ceará também tem esse potencial”.
Para concluir, ela é taxativa: “Somos um estado agraciado com essa diversidade de atrativos e com uma diferenciação das nossas regiões. Por isso, defendo que, além do sol e da praia, que é nosso carro-chefe, o estado seja reconhecido internacionalmente na atração de turistas para as nossas serras e sertões. Independente do objetivo do turista, o Ceará é o destino ideal para ele”.
De acordo com o site Roteiro Bonito, tendo como base a plataforma Statista.com, o mercado de ecoturismo no Brasil cresce 30% ao ano, enquanto apenas 8% ao ano no resto do mundo. A estimativa de movimentação financeira global no segmento é de 333,8 bilhões de dólares até 2027 (Em 2019, esse mercado movimentou 181,1 bilhões de dólares). Aproximadamente 10 mil empresas brasileiras são dedicadas ao segmento de ecoturismo.
Durante o período de pandemia da Covid-19, o segmento de ecoturismo cresceu 20% mundialmente (enquanto apenas 7,5% do turismo “convencional”). Aproximadamente 1 milhão de brasileiros optou pelo ecoturismo, gerando um faturamento de cerca de 70 milhões de dólares. Nos últimos três anos, 19 milhões de turistas vieram ao Brasil. Destes, 20% optaram por cenários paradisíacos, ricos em fauna e flora.
Ainda de acordo com o site Roteiro Bonito, o turismo de aventura tem crescido 20% ao ano, desde 1998 e o segmento gerou, em 2020, US$ 112,22 bilhões, sendo esperado um total de US$ 1,1 trilhão até 2029, com previsão de crescimento, entre 2021 e 2028, de 20,1%.
O turismo de aventura já foi considerado, há muito tempo, como um subproduto do ecoturismo. Mas, atualmente, o turismo de aventura tem características e mercado próprio, assegura o mesmo site. No Brasil, vários empreendimentos foram construídos, buscando justamente esse turista, interessado em um estilo de vida mais saudável e com sensibilidade de preservação do meio ambiente.
Qual a definição dos dois segmentos? Para o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), o ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o patrimônio natural, cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas.
O turismo de aventura compreende os movimentos turísticos decorrentes da prática de atividades de aventura de caráter recreativo e não competitivo. Já a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define turismo de aventura como “Atividades oferecidas comercialmente, usualmente adaptadas das atividades de Turismo de Aventura, que tenham ao mesmo tempo, o caráter recreativo e envolvam riscos avaliados, controlados e assumidos”.
Já o site Bagagem Despachada define que a maioria das atividades relacionadas ao turismo de aventura acontecem em espaços naturais, mas ele também pode ocorrer em lugares construídos. E que esse tipo de turismo é voltado especialmente para o turista que procura se aventurar com experiências físicas e sensoriais. Essas atividades envolvem desafios e obstáculos a fim de proporcionar ao viajante adrenalina, liberdade, prazer e superação. Mas observa: o turismo de aventura é diferente de turismo de esporte. Ao passo que o primeiro tem um caráter recreativo, enquanto que o segundo possui caráter competitivo.
Por sua vez, define o site, o ecoturismo é uma atividade do segmento turístico que visa não só o contato com a natureza, como também o respeito com a mesma. “O turismo ecológico busca a interação do ser humano com o meio ambiente através da educação ambiental. Nesse caso, diferente do turismo de aventura que tem o intuito da adrenalina e da aventura, o ecoturismo tem como prioridade a conservação do meio ambiente, protegendo os recursos naturais. Por isso, a importância da utilização consciente dos patrimônios, a fim de garantir a sustentabilidade para futuras gerações”.
O advogado Rômulo Alexandre Soares, sócio da área de meio ambiente, mudança do clima e sustentabilidade do APSV Advogados e cofundador do Ceará Global e Instituto Winds for Future, garante que o turismo de aventura e o de natureza (ecoturismo) têm uma grande oportunidade no Ceará. O segmento, no litoral, é bastante impulsionado pelos esportes náuticos, especialmente o kitesurf.
O kitesurf transformou o Ceará em um destino natural para os amantes desse esporte, que cada vez mais engaja mais pessoas. Foi esse esporte – ressalta – que deu um grande impulsionamento tanto para o Litoral Oeste como para o Litoral Leste do Estado. “E isso foi extremamente importante para a integração regional, pois hoje boa parte desses projetos de kite trips envolvem mais de um Estado, normalmente Ceará, Piauí e Maranhão”.
Ele pontua que no Ceará existem outras oportunidades ligadas ao turismo de natureza, como na Ibiapaba, no Maciço de Baturité. Hoje, o destino serra é extremamente forte no Ceará. O advogado citou também o Geoparque, no Araripe, como destino importante. “O Ceará tem uma relação muito grande com estes dois tipos de turismo por conta de suas condições naturais e climáticas que facilitam o esporte”.
O Brasil conquistou mais um relevante reconhecimento internacional: o de melhor país do mundo para o ecoturismo, segundo publicação do Ministério do Turismo. A informação consta do Indice de Ecoturismo da revista norte-americana Forbes de julho, uma das mais conceituadas publicações de economia e negócios do planeta, que elaborou um ranking classificando as 50 melhores nações dedicadas à prática.
A lista da Forbes Advisor confere uma nota de 94,9 ao Brasil, muito à frente de países como México (86) e Austrália (84), respectivamente o segundo e o terceiro colocados na seleção. O Brasil é apontado como líder em biodiversidade entre todos os destinos avaliados, com mais de 43 mil espécies de animais e plantas, além de abrigar o Complexo de Conservação da Amazônia Central, voltado à proteção de exemplares ameaçados de extinção.
Reforma tributária deve impactar o setor de eventos e turismo
Turismo: Ceará será promovido internacionalmente