Um debate em torno da construção da Dessal, fábrica de dessalinização do Ceará, localizada na Praia do Futuro, tem ocorrido com o objetivo de alcançar uma solução em relação às preocupações levantadas sobre os efeitos do projeto na infraestrutura de cabos de fibra ótica subaquáticos que estão na mesma área.
Quer receber os conteúdos da TrendsCE no seu smartphone?
Acesse o nosso Whatsapp e dê um oi para a gente
A controvérsia entre empresas de telecomunicações e as encarregadas do projeto de dessalinização de água do mar, SPE Águas de Fortaleza e a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), persiste, pelo menos, desde 2022. Isso porque na Praia do Futuro estão localizados 17 cabos subaquáticos, fato que transforma a capital no principal centro de conectividade digital nacional.
Na versão inicial do projeto, uma sobreposição de cabos com pontos de captação e dispersão de água marinha foi identificada após a análise da carta náutica da área. A segunda versão deslocou esses dois pontos em cerca de 40 metros, ainda assim a Anatel questionou o projeto.
A versão atual da Dessal propõe um afastamento de 567 metros. Contudo, a localização da usina segue inalterada, o que está atualmente sendo contestado pelas empresas de telecomunicações.
Dessal x Cabos de fibra ótica
No dilema, de um lado estão a TeleComp e a Liga Conexis Brasil, que argumentam que a edificação pode romper os cabos submarinos que estão na costa cearense. Considerado o segundo maior centro de internet global, a região comporta um fluxo que representa quase toda a rede de internet do Brasil e de países adjacentes.
De acordo com Luiz Henrique Barbosa, CEO da TeleComp, a construção pode causar interrupção na rede de internet no país, pois não está sendo implantada uma usina onde há um cabo, mas onde há um hub completo. Atualmente, ninguém pensa em trazer internet para o Brasil por outra via que não seja a de Fortaleza.
O representante ainda destacou que o projeto gera desconforto e pode até prejudicar o Ceará. Segundo Barbosa, o governo está colocando tudo a perder devido a um projeto mal planejado.
Em discordância com as alegações apresentadas, em nota, a Cagece afirma que “a instalação da planta de dessalinização na Praia do Futuro não apresenta riscos ao funcionamento dos cabos submarinos”. Por uma questão de segurança, a Cagece alterou, em 2022, o projeto da planta. No projeto, o ponto de captação da água do mar foi distanciado para mais de 500 metros em relação aos cabos submarinos existentes.
A mudança atende a uma recomendação do Internacional Cable Protection Committee (ICPC), órgão que atua na proteção de cabos submarinos e de infraestruturas subaquáticas no mundo todo.
“Os argumentos das referidas empresas não apresentam nenhuma justificativa técnica que inviabilize a construção da planta, que conta com uma série de estudos ambientais. Foram cumpridos todos os processos de criteriosos estudos técnicos, consultas e audiência pública para garantir a transparência e participação de entidades e sociedade civil.”
Cagece, em nota
Resolução
Nesse cenário, na última quarta-feira (4), na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), uma extensa conversa ocorreu sobre o tópico, que é significativo, não apenas para a região, mas para o país como um todo. Ricardo Cavalcante, presidente da FIEC, foi o anfitrião da ocasião, que reuniu figuras relevantes na discussão sobre a conversão da água salgada em água potável, com o propósito de garantir o fornecimento para cerca de 720 mil habitantes em Fortaleza e Região Metropolitana.
Presente no encontro, o deputado Romeu Aldigueri, líder do Governo na Assembleia Legislativa, confirmou o interesse da administração do governador Elmano de Freitas em estabelecer o grupo de trabalho proposto para abordar essa questão visando solucionar as divergências em consenso.
*Com informações do Balada IN.
Saiba mais:
Ceará ganha destaque após receber geradores de hidrogênio verde
PIB do Ceará cresce 1,63% no segundo trimestre de 2023 alavancado pelo setor de serviços