O economista-chefe do Banco do Brasil (BB), Marcelo Rebelo, adverte que o Banco Central pode encerrar o ciclo de flexibilização monetária mais cedo do que o previsto. Segundo ele, se a taxa de juros do Fed Funds encerrar 2024 acima de 5%, o Comitê de Política Monetária (Copom) será forçado a interromper os cortes na taxa Selic nos 10%.
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Atualmente, as projeções do Banco do Brasil e do Relatório Focus indicam que o Banco Central manterá o ritmo de redução de 0,50 ponto percentual ao longo de 2024, levando a taxa de juros para 8,5% no final do próximo ano, um nível considerado equilibrado para a economia brasileira, de acordo com Rebelo.
No entanto, o atual contexto nos Estados Unidos e seus impactos nos ativos brasileiros aumentaram a incerteza em relação a essa taxa final. A incerteza é parcialmente ligada a fatores domésticos, incluindo os riscos relacionados ao cumprimento das metas fiscais no próximo ano, mas grande parte dela é proveniente do cenário global, particularmente relacionado às taxas de juros nos Estados Unidos no futuro, conforme avalia o economista.
Na última reunião em setembro, o Comitê de Política Monetária do Federal Reserve (Fomc) optou por manter a taxa básica de juros em 5,50%. Ainda assim, eles revisaram suas projeções para o próximo ano, prevendo que o Fed Funds encerre em 5,25%, acima dos 4,75% estimados anteriormente.
Isso levou o mercado a projetar taxas de juros mais altas nos Estados Unidos por um período mais longo, afetando os preços dos ativos em todo o mundo, como aponta o economista do Banco do Brasil.
Rebelo explica que taxas de juros dos EUA a 5,25% resultariam em um aumento do risco global, diminuindo o diferencial de juros em relação aos EUA e tornando a renda fixa brasileira menos atrativa.
Isso poderia levar a uma desvalorização de cerca de 7% na taxa de câmbio, com uma projeção de R$/US$ 5,45 no final de 2024. A taxa de câmbio mais alta geraria pressão adicional sobre os preços dos produtos, aproximando a taxa de inflação medida pelo IPCA do teto da meta, que é 4,5%.
Para compensar o impacto da política monetária restritiva dos EUA, o Copom seria forçado a interromper os cortes na taxa Selic mais cedo. Em alternativa, o Comitê teria que lidar com níveis elevados de inflação.
*Com informações do MoneyTimes.
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