casa dos ventos e eólica e nordeste

Do total de energia eólica gerada no Brasil (27 GW), o Nordeste é responsável por 92%, com 25.025.124,1 KW. (Foto: Envato Elements)

Energia eólica gera, sozinha, 14% da matriz energética do Brasil

Por: Pádua Martins | Em:
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Da matriz energética brasileira (oriunda de todas as fontes) de 195,71 Gigawatt (GW), a energia eólica sozinha é responsável por 27 GW da capacidade instalada em operação comercial, ou seja, 14% de toda geração injetada no Sistema Interligado Nacional (SIN). São 940 parques eólicos instalados em 12 estados, com 10,3 mil aerogeradores, de acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica). Na geração, o crescimento em relação ao ano anterior atingiu 13%. O Brasil está em 6º lugar no ranking mundial de capacidade instalada de energia eólica (em 2012 ocupava a 15º colocação).


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Do total de energia eólica gerada no Brasil (27 GW), o Nordeste é responsável por 92%, com 25.025.124,1 KW. O maior produtor é o Rio Grande do Norte, com 8.595.436,00 KW gerados por 261 parques eólicos; seguido pela Bahia, com 7.817.970,64 KW (282 parques); Piauí, com 3.614.550,00 KW (109 parques); Ceará, com 2.577.840,00 KW (80 parques e 830 aerogeradores), e Pernambuco, com 1.088.365,00 KW (41 parques).

Em sexto está a Paraíba, com 870.440,00 KW (36 parques); Maranhão, com 426.022,50 KW (15 parques), e Sergipe, com 34.400,00 KW 1 parque). Alagoas não figura entre os produtores. Os 2.117.199,72 KW restantes estão divididos entre Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

Até 2029, a previsão é que a produção de energia eólica brasileira atinja 52,9 GW de capacidade instalada, lembrando que, a cada MW instalado são gerados 10,7 empregos (de 2011 a 2020, a construção dos parques eólicos criou quase 190 mil empregos).

Outro número impactante: de 2012 a 2022 o investimento no setor totalizou US$ 42 bilhões, muito embora entre 2011 e 2020 as eólicas movimentaram R$ 321 bilhões na economia (R$110,5 bilhões de investimentos diretos na construção de parques eólicos e R$ 210,5 bilhões com efeitos indiretos).

De acordo com levantamento da Abeeólica, 26,9 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) foram evitadas em 2022, o equivalente a emissão de cerca de 22 milhões de automóveis. A estimativa é que, de 2016 a 2024, o setor eólico brasileiro tenha evitado emissões de gases do efeito estufa valoradas entre R$ 60 bilhões e R$ 70 bilhões.

Energias renováveis são importantes para a transição energética

Elbia Gannoum, presidente Executiva da Abeeólica, em entrevista exclusiva para a Trends, afirma que a transição energética é um conceito que passa por uma mudança da sociedade global de uma energia de fonte fóssil para energia de fonte renovável. “Como a energia eólica é uma fonte renovável e uma das mais competitivas, junto com a energia solar, é fundamental para que os países migrem a sua matriz energética” – enfatiza.

O Brasil, na visão de Elbia Gannoum, já está muito adiantado na sua transição, pois tem mais de 47% de energia renovável na sua matriz energética. Se comparado com a média mundial, que é de cerca de 14%, o país está muito à frente na transição. Há também os acordos globais e as metas de emissão zero carbono até 2050. Mas não dá para dizer ao certo quando a transição estará concluída.

“Atualmente a indústria eólica ocupa 14% da matriz elétrica brasileira, ficando atrás apenas da hidrelétrica com 53% – isso em geração centralizada que vai para o SIN. Em relação à geração de emprego, são gerados 10,7 empregos a cada MW instalado. Como o crescimento anual tem sido de 4 GW ano, esse desenvolvimento vai continuar acontecendo e gerando empregos no país. Ainda mais se considerarmos a chegada na energia eólica offshore e a produção de hidrogênio verde.”

Elbia Gannoum, presidente Executiva da Abeeólica

Sobre a contribuição da eólica offshore, ela informa que existe um potencial muito grande no Brasil. De acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) são 700 GW de capacidade. “Porém, é preciso que haja demanda para produção de energia e, no caso de offshore, ainda temos que definir a regulamentação de sessão de uso do mar, fazer estudos de viabilidade para começar a operar, se tudo ocorrer como esperamos, em 2030. Fazer qualquer projeção diferente disso é um pouco precipitado” – conclui.

Irena: crise aumenta competitividade das energias renováveis

Novo relatório da Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena), divulgado em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, em agosto de 2023, diz que a crise dos preços dos combustíveis fósseis acelerou a competitividade das energias renováveis. Cerca de 86% (187 gigawatts) de toda capacidade das energias renováveis recentemente comissionada em 2022 tinha custos mais baixos do que a eletricidade produzida por combustíveis fósseis. A publicação mostra que a energia renovável adicionada em 2022 reduziu a conta de combustível do setor elétrico no mundo todo.

A nova capacidade adicionada desde 2000 reduziu a fatura de combustível do setor elétrico em 2022 em pelo menos 520 bilhões de dólares – analisa o documento. Nos países não pertencentes à OCDE, somente a poupança ao longo da vida de novas adições de capacidade em 2022 reduzirá os custos em até 580 bilhões de dólares. Além dessas poupanças de custos diretos, haveria benefícios econômicos substanciais com a redução das emissões de CO2 e dos poluentes atmosféricos locais.

Sem a implantação de energias renováveis ao longo das últimas duas décadas, a perturbação econômica causada pelo choque dos preços dos combustíveis fósseis em 2022 teria sido muito pior e possivelmente estaria além da capacidade de muitos governos a atenuarem através de financiamento público – chama a atenção o documento.

O novo relatório da Irena confirma o papel crítico que as energias renováveis de custo competitivo desempenham para se enfrentarem as atuais crises energéticas e climáticas, acelerando a transição de acordo com o limite de aquecimento de 1,5ºC. As energias renováveis representam pilares vitais nos esforços dos países de reduzir rapidamente e, eventualmente, eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e limitar os danos macroeconômicos que causam na procura das zero emissões líquidas.

“A Irena vê 2022 como um verdadeiro ponto de virada na implantação de energias renováveis, uma vez que sua competitividade em termos de custos nunca foi tão grande, apesar da persistente inflação dos custos das matérias-primas e equipamentos no mundo todo. As regiões mais afetadas pelo choque histórico de preços foram notavelmente resilientes, em grande parte graças ao aumento maciço da energia solar e eólica na última década.”

Francesco La Camera, diretor-geral da Irena

Ele afirma que o argumento comercial para as energias renováveis é atrativo, mas o mundo deve adicionar 1000 GW de energia renovável anualmente, em média, todos os anos até 2030, para manter 1,5ºC ao alcance, mais de três vezes os níveis de 2022. Não há tempo para que um novo sistema energético evolua gradualmente, como foi o caso dos combustíveis fósseis. “Em preparação para a COP28 em Dubai, no final deste ano, o relatório de hoje mostra mais uma vez que, com as energias renováveis, os países têm à disposição a melhor solução climática para aumentarem a ambição e tomarem medidas de forma competitiva em termos de custos”, enfatiza.

A inflação dos custos das matérias-primas e equipamentos em 2022 resultou em que os países experimentassem tendências claramente diferentes nos custos em 2022, segundo o novo relatório da Irena. Entretanto, a nível global, o custo médio ponderado da eletricidade caiu 3% para a energia solar fotovoltaica à escala dos utilitários, 5% para a energia eólica onshore, 2% para a energia solar concentrada, 13% para a bioenergia e 22% para a energia geotérmica.

Somente os custos da energia eólica offshore e da energia hidrelétrica aumentaram 2% e 18%, respectivamente, devido à participação reduzida da China na implantação da energia eólica offshore em 2022 e aos excessos de custos em um conjunto de grandes projetos hidrelétricos.

De acordo com o relatório, nos últimos 13 a 15 anos, os custos da geração de energia renovável a partir de energias solar e eólica têm caído. Entre 2010 e 2022, as energias solar e eólica se tornaram competitivas em termos de custos com os combustíveis fósseis, mesmo sem apoio financeiro. O custo médio ponderado global da eletricidade proveniente da energia solar fotovoltaica caiu 89%, para 0,049 dólares/kWh, quase um terço menor do que o combustível fóssil mais barato do mundo. Para a energia eólica terrestre, a queda foi de 69%, para 0,033 dólares/kWh em 2022, um pouco menos da metade da opção mais barata produzida por combustíveis fósseis em 2022.

A Agência, na conclusão do seu estudo, revela que os elevados preços esperados dos combustíveis fósseis irão “cimentar a mudança estrutural que viu a produção de energia renovável se tornar a fonte de nova geração com menor custo, competindo mesmo com geradores de combustíveis fósseis já existentes. As energias renováveis podem proteger os consumidores dos choques nos preços dos combustíveis fósseis, evitar a escassez física de abastecimento e aumentar a segurança energética”.

Capacidade de geração renovável por fonte de energia

No final de 2022, a capacidade de geração de energias renováveis foi de 3.372 GW. A energia hidrelétrica renovável representou a maior parte do total global, com capacidade de 1.256 GW. Energias solar e eólica contabilizaram a maior parte do restante, com capacidades totais de 1.053 GW e 899 GW, respectivamente. Outras renováveis incluíram 149 GW de bioenergia e 15 GW de energia geotérmica, mais 524 MW de energia marinha.

A capacidade de geração renovável aumentou 295 GW (+9,6%) em 2022. A energia solar continuou a liderar a expansão da capacidade, com um aumento maciço de 192 GW (+22%), seguida da energia eólica com 75 GW (+9%). Já a energia hidrelétrica renovável aumentou sua capacidade em 21 GW (+2%) e a bioenergia em 8 GW (+5%). Enquanto isso, a energia geotérmica aumentou em modestos 181 MW.

capacidade de geração de energias renováveis por região

As energias solar e eólica continuaram a dominar a expansão da capacidade renovável, representando conjuntamente 90% de todas as adições renováveis ​​líquidas em 2022. Este crescimento em eólica e solar levou ao maior aumento anual na capacidade de geração renovável e o segundo maior crescimento já registado em termos percentuais.

Destaques por tecnologia

Energia hidrelétrica
: A energia hidrelétrica se expandiu a um ritmo semelhante ao dos últimos anos. Dois terços da expansão ocorreu na China. Outro países onde a capacidade aumentou em mais de 500 MW foram: Canadá, Etiópia, Laos e Paquistão.

Energia solar: A energia solar fotovoltaica foi responsável por quase todo o aumento da energia em 2022, com aumento da energia solar fotovoltaica de 191.450 MW e um aumento de 125 MW em energia solar concentrada. A expansão na Ásia foi de 112 GW em 2022 (em comparação com +75 GW em 2021). Grandes aumentos de capacidade ocorreram em China (+86,0 GW) e Índia (+13,5 GW). O Japão também adicionou 4,6 GW, um pouco mais do que em 2021. Fora da Ásia, os Estados Unidos adicionaram 17,6 GW de energia solar em 2022, o Brasil adicionou 9,9 GW e a Holanda e a Alemanha adicionaram 7,7 GW e 7,2 GW, respectivamente.

Energia eólica: Com um aumento de 75 GW em 2022, o crescimento da energia eólica continua lento em comparação com os dois anos anteriores. A China foi responsável por quase metade desta expansão (37 GW) e a capacidade nos Estados Unidos aumentou
em 7,8 GW. A maior parte da expansão de capacidade restante ocorreu no Brasil e em alguns países europeus. A energia eólica offshore continuou a representar cerca de 7% de toda a capacidade.

Bioenergia: A expansão desacelerou ligeiramente em 2022 (+7,6 GW em comparação com +8,1 GW em 2021). A capacidade de bioenergia na China aumentou em 4,3 GW e outros países com grandes aumentos foram Brasil (+854 MW), Indonésia (+735 MW) e Japão (+885 MW).

Energia geotérmica: A capacidade geotérmica aumentou muito pouco em 2022, com a maior parte deste expansão ocorrida no Quênia (+86 MW), na Indonésia (+57 MW) e nos Estados Unidos (+56 MW).

Eletricidade fora da rede: a capacidade fora da rede cresceu em 1.237 MW em 2022 (+11%) para atingir 12,4 GW. A solar se expandiu em 478 MW para atingir 5,1 GW, enquanto a capacidade hidrelétrica fora da rede permaneceu cerca de o mesmo que em 2021, e todo o resto deste aumento veio da expansão de uma ampla gama de diferentes tipos de bioenergia.

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