Estudo publicado recentemente na Nature Communications sugere que a energia solar está à beira de assumir o controle dos mercados globais de eletricidade nas próximas décadas e essa mudança pode já ter atingido um “ponto de não retorno“. A pesquisa aponta que a adoção do modelo solar continuará a avançar, a menos que ocorram mudanças significativas nas políticas para interrompê-la.
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Femke Nijsse, professora da Universidade de Exeter, especializada em modelagem de sistemas de energia e autora principal do estudo, destaca que mesmo sem a implementação de políticas adicionais, a transição energética é inevitável. Isso se traduziria em um sistema predominantemente movido pela energia solar ou fotovoltaica, substituindo a atual dominação dos combustíveis fósseis.
O levantamento baseou-se na análise de dados de 70 regiões globais, utilizando um modelo de simulação de energia para prever a implantação de 22 tecnologias energéticas diferentes até 2060. Em 72% das simulações, a solar emergia como a principal fonte de geração de energia global em 2050.
Prevê-se que os combustíveis fósseis irão responder por apenas 21% da eletricidade em 2050, em comparação com os 62% de 2020. Enquanto isso, a energia solar deve representar impressionantes 56% da produção de eletricidade em 2050.
A ascensão da energia fotovoltaica desempenha um papel vital no cumprimento das metas de redução de emissões estabelecidas pelo Acordo de Paris em muitos países, uma vez que os custos dos projetos de energia eólica estão aumentando.
Além de ser mais amigável ao meio ambiente, a energia solar está se tornando economicamente mais atraente. O custo nivelado da eletricidade gerada pela energia solar é agora estimado entre US$ 42 e US$ 48 por megawatt, em comparação com os US$ 74 do carvão, de acordo com a BloombergNEF.
Jenny Chase, analista sênior de Energia fotovoltaica da BloombergNEF, acredita que esses custos continuarão a diminuir à medida que a produção de módulos de desse tipo de energia aumenta. Ela afirma que, a cada duplicação da quantidade acumulada de módulos de energia elétrica a partir da luz solar produzidos, o custo diminui em cerca de 29%.
Ainda assim, a transição rápida para a o modelo solar de energia, sem a devida preparação, pode ter impactos econômicos e industriais, especialmente nas comunidades que dependem da indústria de combustíveis fósseis. O estudo alerta que até 13 milhões de pessoas em todo o mundo correm o risco de perder suas fontes de renda devido à adoção de energias renováveis.
As variações climáticas e a exposição solar frequentemente resultam em instabilidade e vulnerabilidades na rede elétrica quando há uma dependência excessiva da energia solar. Embora isso represente um passo positivo em comparação à dependência de combustíveis fósseis, não é o cenário ideal. Segundo Nijsse, é fundamental a implementação de políticas que conduzam em direção a uma abordagem mais sustentável.
*Com informações do Bloomberg Línea.
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