O Ceará é o maior produtor de coco do Brasil e também lidera as exportações de água de coco. Em 2022, a quantidade de frutos totalizou 572,32 milhões, o que representou um crescimento de 48,23% em relação a 2021, quando foram 386,11 milhões (dados do IBGE). Quando comparado com 2020, a porcentagem é de 41,31%, ou seja, 405,01 milhões de cocos.
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A elevação da produção impulsionou as exportações do Ceará de água de coco (com valor Brix superior a 7,4), que este ano, de janeiro a setembro, somaram US$ 31,19 milhões, aumento de 44% em relação a igual período de 2022, quando foram registrados US$ 21,60 milhões.
De olho no mercado, tanto interno como externo, empresas passaram a investir na produção e no processo de industrialização do coco (e seus derivados), como, por exemplo, a Dikoko. E isso tem ocorrido, sobretudo, no Nordeste, maior centro de produção. O mercado mundial de água de coco, avaliado em US$ 2,04 bilhões em 2019, tem perspectiva de atingir US$ 6,81 bilhões, em 2027, com crescimento anual de 18,9% durante o período de previsão. O mercado deve apresentar uma oportunidade de receita adicional de US$ 4,77 bilhões de 2019 a 2027.
O valor das exportações cearenses, levando em consideração a água de coco (Brix não superior a 7,4%); outros óleos de coco (copra) e óleo de coco (copra), em bruto, é mais elevado: US$ 31,30 milhões de janeiro a setembro, contra US$ 21,62 milhões no mesmo período de 2022, aumento de 45%. Neste caso, o Ceará também lidera as exportações brasileiras, seguida pela Bahia (US$ 18,04 milhões); Paraíba (US$ 3,35 milhões) e Alagoas, com US$ 394,91 milhões.
Vale observar que a participação do Ceará nas exportações de água e óleo de coco chegou aos 58% (US$ 31,30 milhões) do total exportado pelo Brasil no período acumulado de janeiro a setembro de 2023 (US$ 53,82 milhões). A Bahia ficou com 34%, seguida pela Paraíba, com 6%. Os números estão no Produtos em Comex, edição de setembro do Centro Internacional de Negócios do Ceará (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC).
De acordo com o estudo, no que tange as exportações cearenses por município, Itapipoca está em primeiro lugar nos sete primeiros meses de 2023, com US$ 18,30 milhões, seguido por Paraipaba, com US$ 12,88 milhões; Aracati, com US$ 7,81 milhões; Ubajara, com US$ 3,99 milhões; Fortaleza, com US$ 509,81 mil, e US$ 892,09 mil para os demais municípios. Os municípios cearenses exportaram US$ 44,39 milhões. O CIN ressalta que o critério para as exportações por municípios é diferente daquele utilizado na exportação por Unidade Federativa. Neste caso, leva-se em conta o domicílio fiscal da empresa exportadora.
Dos US$ 31,30 milhões exportados, os Estados Unidos, em 2023, lideram, com US$ 28,79 milhões, crescimento de 43% em relação ao verificado de janeiro a setembro de 2022: US$ 20,19 milhões. Em seguida vem o Canadá, com US$ 1,80 milhão, crescimento de 156% comparado com igual período do ano passado, quando o total foi de US$ 706,98 mil. Países Baixos (Holanda), ocupa a terceira posição, com US$ 265,00 mil; Porto Rico com US$ 159,46 mil, e Portugal com US$ 190,92 mil.
Para Karina Frota, gerente do CIN/FIEC, as novas tecnologias de conservação, embalagens, e, principalmente, a adoção de estilo de vida mais saudável, projetaram a água de coco como um produto muito especial.Tudo isso levou ao incremento de quase 45% nas exportações de água pelo Ceará, que atualmente é o maior exportador do País.
Grandes empresas de produção e comercialização de coco e seus derivados estão com a atenção voltada não somente para o mercado interno, mas para o externo, cujas exportações tem crescido. É o caso da Dikoko Agroindustrial Ltda., que teve suas origens em 1987, quando um pequeno produtor, Sr. Dias, plantou seu primeiro coqueiro no Distrito do Calumbi I, em Paraipaba (Ceará). Em 2020 foi criada a fábrica Dikoko, que teve como primeiro produto a polpa de coco congelada (amêndoa branca do coco seco), que é base para a fabricação do coco ralado, leite de coco e óleo de coco.
De lá para cá, a Dikoko veio crescendo. Em 2015, foi fundada a segunda planta industrial, em Petrolândia (Pernambuco), cidade rodeada por um dos maiores polos em produção de coco do Brasil. No fim do ano de 2015, essa unidade começou a produzir água de coco para diversas fábricas no Brasil. Desde então a Dikoko já desenvolveu mais de 30 produtos diferentes, investe continuamente em matérias-primas de qualidade, processada em equipamentos de ponta e com sua equipe de colaboradores sempre motivada e dedicada.
Este ano, a Dikoko está realizando mais investimentos, tanto na produção de coco (área plantada) bem como em uma nova unidade industrial, voltada, principalmente. para o mercado externo. Raimundo Dias de Almeida, presidente da Dikoko, em entrevista exclusiva para a Trends, afirma que o objetivo é aumentar a produção agrícola e a exportação. A nova unidade que está sendo implantada pela empresa, no município de Itapipoca, vai dar uma alavancagem significativa na produção de água de coco e outros produtos.
“Nossa meta é ampliar a produção, pois o coco é um produto importante economicamente para o Nordeste, mercado que tende a crescer na região e no Brasil, bem como no exterior. Justamente por isso estamos realizando investimento na área agrícola da cultura, talvez a maior já vista no Ceará,assim como uma nova unidade industrial.”
Raimundo Dias de Almeida, presidente da Dikoko
A Dikoko, segundo seu presidente, é a primeira empresa no Brasil a exportar containers de água de coco concentrada. Já foram registradas exportações para Colômbia, México e Singapura, isso para dois produtos específicos: a água de coco e o óleo de coco. O objetivo, agora, é alcançar novos mercados internacionais, aumentando a comercialização.
A empresa, atualmente, processa diariamente 300 mil cocos verdes e aproximadamente 150 mil cocos secos. “Do coco verde a gente produz a água de coco para embalar no sistema tetra pak; abastecemos em taques de 40 mil litros pra outras industrias e concentramos água de coco para exportação”.
Para concluir, ele informa que a Dikoko distribui uma gama grande de derivados de coco como: coco ralado em diversas gramaturas, óleos de coco extra virgem, virgem, sem sabor e bruto, água de coco em embalagens tetra pak e a granel, leites de coco concentrados, açúcar de coco, farinha de coco e linhas congeladas de polpa de coco e coco ralado, tudo isso para o Brasil e o mercado internacional.
Trabalho realizado pelo Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene) do Banco do Nordeste, de autoria de Maria Simone de Castro Pereira Brainer, engenheira agrônoma e Mestre em Economia Rural, constata que o mercado mundial de água de coco foi avaliado em US$ 2,04 bilhões, em 2019, com previsões de atingir US$ 6,81 bilhões, em 2027, apresentando um crescimento anual de 18,9% durante o período de previsão. O mercado deve apresentar uma oportunidade de receita adicional de US$ 4,77 bilhões de 2019 a 2027.
O crescimento do mercado – revela o estudo – é impulsionado pelo aumento na demanda por água de coco como bebida energética natural, por consumidores preocupados com a saúde. O mercado de água de coco pura do LAMEA foi avaliado em US$ 207,1 milhões, em 2019, e está projetado para US$ 742,3 milhões, em 2027, crescimento de 20% ao ano. O Brasil foi o maior contribuinte de receita, com US$ 102,3 milhões em 2019, e estima-se que alcance US$ 348,6 milhões em 2027, alta de 19,2% a.a. O Brasil e a Argentina, em conjunto, representaram cerca de 67,5% de participação em 2019, com o primeiro representando cerca de 49,4% de participação.
Em 2019, a produção mundial de coco foi de 62,9 milhões de toneladas. O Brasil é o quinto maior produtor mundial, mas participa com apenas 3,7% do total, segundo o estudo do ETENE. Os desafios limitam a competitividade brasileira frente aos principais produtores, Indonésia, Filipinas e Índia, que se dedicam, especialmente, à produção de copra, para produção de óleo e farinha, enquanto o Brasil dedica-se à produção de coco ralado, leite de coco e água de coco.
O coqueiro é cultivado em quase todo o Brasil, cuja área em 2020 é de 187,5 mil hectares com produção de 1,6 bilhão de frutos. Na região Nordeste, principal produtora nacional, concentram-se 80,9% da área colhida de coco do País e 73,5% de sua produção. O valor da produção nacional de coco foi de R$ 1,15 bilhão, com a participação de 62,6% do Nordeste.
No comércio exterior, o Nordeste é a principal exportadora de água de coco (99,5%); no acumulado de janeiro a setembro de 2021, o faturamento foi US$ 22,84 milhões. Em 2020, mesmo com a situação agravada pela crise sanitária, o consumo nacional cresceu 4,6% em relação a 2019, passando a 2,47 milhões de toneladas, revelando a importância dessa atividade e a tendência mundial por bebidas saudáveis.
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