De um lado, o vasto universo das startups. De outro, o restrito, mas potente mundo das big techs. De outro lado? Não. Na realidade, startups e bigtechs estão do mesmo lado, potencializando os negócios, acelerando a inovação que levam a soluções disruptivas e incentivando a criatividade num mundo empreendedor em ebulição. Em simbiose, atraem investidores e movimentam a economia nacional.
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Fora a diferença de porte, big techs e startups caminham juntas mostrando que tamanho não é mesmo documento. O Brasil tem se notabilizado no volume de startups ativas de todas as áreas, tendo aumentado em 60 vezes o seu número que passou de 558 para 33.489 somente nos anos 2000, de acordo com o relatório “Panorama Tech na América Latina 2023”, realizado pelo Distrito. Deste total, 702 eram startups de IA em 2021, conforme o mesmo levantamento. Um número respeitável, mas muito distante das 14 mil nos EUA.
O fato mais recente foi o advento da inteligência artificial (IA), que adicionou um fértil ingrediente na trajetória já bem-sucedida de ambos. Após o pioneirismo da Microsoft, que anunciou US$ 1 bilhão na OpenAI, estão em curso outros investimentos em acordos entre as partes envolvendo quantias elevadas de US$ 20 bilhões, US$ 13 bilhões, US$ 4 bilhões, US$ 3 bilhões e US$ 2 bilhões por parte da Microsoft, Amazon e Google, além de Anthropic.
O destino preferencial dos recursos envolve startups que adicionaram a IA em suas criações, o que animou os investidores em bolsas de valores e fez com que o sucesso dos menores impacte diretamente ainda mais nos ganhos dos grandes.
O vice-presidente da Abstartups, Felipe Matos, mostra otimismo com a retomada dos investimentos de risco em geral que tiveram uma queda considerável por conta do cenário macroeconômico global, que afetou as startups e desacelerou o crescimento das big techs. “Atualmente, já vemos sinais de uma retomada, que deverá ser lenta e gradual”, avalia.
Ele observa que grande parte dos investidores não está ligado diretamente às big techs, logo a influência não é direta. A ABStartup sabe, entretanto, que as big techs ditam tendências tecnológicas, citando a Microsoft + Open AI em inteligência artificial. “Elas também adquirem muitas empresas, sendo consideradas como potenciais fontes de saída para investimentos”, afirma Felipe Matos, acrescentando que quando o mercado desaquece, essas saídas se tornam menos frequentes, o que também impacta o mercado.
Daniel Marigliano, Head de alianças e parcerias da FCJ Venture Builder,multinacional de Belo Horizonte (MG), que desde 2013 conecta investidores, startups, corporações e universidades, analisa o cenário atual onde a tecnologia virou a bola da vez. Aliás, relatório recente da S&P500 mostra que já não existem mais empresas de tecnologia, que agora faz parte de todas as empresas. “A princípio, o mercado não reagiu bem, mas depois entendeu o peso disso”, comentou. De acordo com a TradeMap, as big techs ganharam 18% em valor de mercado comparando com o mesmo período em 2022. A Meta (antigo Facebook) teve crescimento de quase 70% neste ano.
Já para as startups, o primeiro semestre não foi tão favorável. “Tivemos uma retração no começo do ano diante das incertezas e um mercado global conturbado com a guerra na Ucrânia, mas agora no segundo semestre o ritmo dos investimentos foi retomado”, afirma Marigliano. Para ele, tanto as big techs quanto as startups continuarão na mira dos investidores de risco. A tecnologia a cada dia faz mais parte da nossa rotina e tem sido incrível a penetração das big techs para geração de receita”.
E para quem está de olho no segmento de tecnologia, que ganha ainda maior relevância em períodos críticos, o executivo da FCJ Venture Builder faz recomendações e destaca que em 2024 o foco estará em áreas como sustentabilidade, logística, inteligência artificial, economia compartilhada, energia renovável, saúde e transformação digital.
“Para investimentos em big techs em bolsa de valores eu recomendo usar as técnicas já conhecidas de rentabilidade e previsibilidade. Já em startups tem olhar para o mercado de atuação, para os seus números atuais e futuros, para o custo de aquisição de cada novo cliente (CAC) e para a lucratividade gerada por cliente (LTV). E saber quem são os fundadores e maiores decisores fará toda a diferença.”
Daniel Marigliano, Head de alianças e parcerias da FCJ Venture Builder
Patrícia Zanlorenci, CEO da Vellore Ventures,braço de inovação do Grupo Vellore, do Paraná, e parceira da FCJ Venture Builder, diz que são crescentes os investimentos das big techs em startups de IA com foco em processos de automação e IA para aumentar as receitas de marketing.
Basta olhar os resultados do terceiro trimestre das big techs para confirmar que, em todos os casos, há destaque significativo na parte de investimentos publicitários nas plataformas das gigantes, uma vez que há um interesse crescente nos produtos de inteligência artificial (IA) de empresas como Meta, Amazon e Google.
Mesmo com receita total em queda, a Meta teve um aumento de 23% no terceiro trimestre comparado com o ano passado. Google aumentou em 9,5% a receita em publicidade e Amazon obteve um aumento de receitas com publicidade de 26%.
Para a executiva Patrícia,há cautela dos fundos que querem investir em empresas com gestão mais disciplinada e eficiente. Por esta razão, ela recomenda ao investidor que fique atento com os movimentos de simbiose entre startups de IA e as big techs.
E o que o curto prazo reserva? “Os investidores de alto risco, no geral, continuam cautelosos com as taxas de juros altas e também com a incógnita no real valor de mercado de startups depois do boom de investimentos no passado recente que não geraram tanto resultado”, responde ela. Patrícia defende mais governança e planejamento das startups para receberem aportes. Em contrapartida, a IA vem evoluindo muito rápido, o que pode gerar investimentos significativos para startups que focam em soluções neste sentido.
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