Um total de 49% empresas brasileiras afirma que está formalizada com o compromisso da integração dos critérios ESG na estratégia corporativa, enquanto 32% dizem que não, mas que estão planejando. Já 13% garantem que não e 6% não souberam informar. É o que revela a pesquisa Consulta ESG e a Indústria Brasileira realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
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A pesquisa também constata quem mais influencia a integração ESG pela empresa: 71,6% afirmam ser o mercado consumidor; 63% o conselho de administração; 54,3% os acionistas; 49,4% os colaboradores e 30,9% os fornecedores. Um dado curioso: os concorrentes surgem com 28,4% e os investidores institucionais com 21%.
Sobre o motivo de integrar ESG à estratégia, 44,4% das empresas afirmam que se deve pelo fortalecimento do relacionamento com stakeholders; 39,5% pelo uso sustentável de recursos naturais; 35,8% pela melhoria na gestão de riscos corporativos e 33.3% pelo aumento da competitividade da empresa. A pesquisa, realizada em 2022, envolveu um a mostra de 100 empresas, com portes de micro (4%), pequena (17%); média (22%) e grande (56%).
O estudo da CNI revela que, das empresas que já tem ESG em sua estratégia, 91,8% envolvem a cadeia de fornecedores, tendo como critérios mais desafiadores Meio Ambiente (55,7%); Social (17,8%) e Governança (15,6%), enquanto 8,2% não envolvem a cadeia de fornecedores. Das 100 empresas consultadas, 58% das que tem ESG na estratégia ou estão planejando a integração contam com área específica que respondem ao nível estratégico da organização; 25,9% não contam com área específica para endereçar a agenda ESG, enquanto 13,6% contam com área específica que responde a outra área.
A pesquisa evidencia, ainda, os principais desafios na incorporação do ESG na estratégia corporativa. Para quem já tem ESG na estratégia, a carência de recursos humanos dedicados ao tema é o principal desafio, com 32,7%; juntamente com a falta de entendimento sobre os critérios ESG e como instituí-los, com 32,7%, enquanto a ausência de termos padronizados relacionados aos critérios ESG surge em seguida, com 28,6%. Para quem está planejando a integração, o principal desafio também é a carência de recursos humanos, só que com 40,6%, seguido pela falta de entendimento, com 34,4%.
Dos benefícios já alcançados pelas empresas que tem ESG na estratégia, 51% das que participaram da pesquisa afirmam ser mitigação de riscos; 42,9% valorização da marca; 40,8% uso sustentável de recursos naturais; 38,8% incremento na competitividade da empresa e 32,7% a melhoria da imagem. A pesquisa também aponta os cinco critérios mais relevantes para a organização em cada um dos três pilares: No Meio ambiente, a gestão de resíduos, com 88,3%, e a Gestão ambiental, com 76,6%, são os dois primeiros. No Social, saúde e segurança ocupa a primeira colocação, com 90,4%, seguido por Relações trabalhistas, com 83%. Na Governança: código de conduta ética obteve 85,1% e Privacidade e Proteção de Dados 79,8%.
A coordenadora do Núcleo ESG da Fiec, Alcileia Farias, afirma que a criação de uma estrutura organizacional, como o Núcleo ESG, trouxe estratégia, informações e apoio para que o setor industrial cearense possa implementar de práticas mais sustentáveis em suas operações. Também facilitou o acesso a uma certificação, visto que o mercado tem valorizado não apenas a eficiência operacional, a qualidade dos produtos, o preço justo, como também o compromisso das indústrias com agendas globais, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e as práticas ESG.
Alcileia Farias informa que as empresas têm procurado práticas mais sustentáveis no mundo, com crescimento significativo. “Empresas reconhecem a importância da sustentabilidade para a reputação, atratividade de clientes e investidores, além de contribuir para a mitigação de impactos ambientais e sociais. E não apenas ter as práticas, como também ter essas práticas certificadas por um organismo auditor, processo que a Fiec tem conduzido dentro do programa de Certificação ESG” – observa.
“A sustentabilidade e a responsabilidade social são cruciais para uma empresa, pois promovem práticas éticas, contribuem para a reputação positiva, atraem clientes conscientes, mitigam riscos legais e ambientais, promovem o engajamento dos colaboradores e, a longo prazo, asseguram a viabilidade do negócio num contexto global cada vez mais orientado para políticas mais sustentáveis.”
Alcileia Farias, coordenadora do Núcleo ESG da Fiec
Sobre quais as estratégias de sustentabilidade adotadas pelas empresas, Alcileia Farias afirma que passa pela implementação de práticas ESG, engajamento com partes interessadas, transparência na comunicação e investimento em projetos com impacto social. E cita exemplos: no Ceará, a BSPAR Incorporações desenvolve projetos na área da construção civil que buscam reduzir os impactos negativos e impulsionar construções mais sustentáveis. “Outro é a Qair Brasil, que adota práticas sustentáveis desde a construção de seus projetos de energia renovável, com grande engajamento com as comunidades localizadas no entorno de seus empreendimentos, impulsionando a cultura local e promovendo a geração de renda”.
Indagada se ESG/sustentabilidade poderia ser considerada uma estratégia de negócio, Alcileia Farias disse que sim e que as empresa já perceberam isso. “Ter práticas sustentáveis tem sido uma agenda estratégica fundamental, contribuindo para a competitividade, atração de consumidores conscientes e investidores cada vez mais seletivos, no tocante ao direcionamento de seus recursos em projetos e negócios que possam não só mitigar riscos, como também proporcionar melhores retornos financeiro, visto que o mercado tem valorizado mais quem tem compromissos com agendas socioambientais”.
Muito embora não tenham o mesmo significado, ESG (sigla em inglês para environmental, social and governance) e sustentabilidade são similares e, com certeza, tem objetivos em comum, pois buscam melhorar as práticas por parte das empresas ao agregar valor à sua marca (ou produto), conquistando resultados positivos junto aos clientes e investidores.
O fato é que as empresas em todo o mundo, bem como no Brasil, têm aderido cada vez mais a sustentabilidade e aos critérios ESG, considerados essenciais para o modelo de negócio. Sabedor da importância para as empresas, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) criou, em 2022, o programa de Certificado ESG/Fiec.
Mas qual a diferença entre um e outro? Enquanto a sigla ESG está relacionada à mensuração da performance de uma organização nas questões ambientais, sociais e de transparência e eficiência, sustentabilidade está ligado ao termo desenvolvimento sustentável, que quer dizer suprir as necessidades do presente sem afetar as gerações futuras, segundo definições do Sebrae.
“ESG está sob o guarda-chuva da sustentabilidade, produzindo informações e evidências que revelam e comprovam a estratégia de uma empresa rumo a um modelo de negócio mais sustentável. Sustentabilidade é a visão estratégica da empresa em um modelo de negócios voltado à geração de um maior impacto para a sociedade” – observa o estudo.
A líder nacional em massas e biscoitos, M. Dias Branco, firmou seu lugar entre as três empresas mais bem posicionadas do Guia EXAME Melhores do ESG 2023, na categoria Agronegócio, Alimentos e Bebidas.
Na avaliação são considerados os princípios que regem uma gestão adequada voltada para as boas práticas ESG, reconhecendo as empresas que praticam um capitalismo consciente, mais humano e inclusivo, em direção a uma economia circular e colaborativa.
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