Da conectividade entre máquinas à experiência das pessoas. Este é o objetivo da Indústria 5.0, que transcende a tecnologia e busca dar um toque humano às inovações trazidas pela Indústria 4.0, que oferece inúmeros caminhos tecnológicos em busca de maior produtividade.
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Está em curso uma nova revolução industrial a partir da migração dos avançados ingredientes que integram a Indústria 4.0, tais como Internet das Coisas, inteligência artificial, robôs colaborativos, biotecnologia, manufatura aditiva, robótica avançada, inteligência de negócios, nanotecnologia, edge computing, aprendizado de máquina e computação quântica. Agora, o desafio é a Indústria 5.0, com automação total, mas com colaboração entre os humanos e os robôs para criar valor e gerar produtos otimizados, trazendo vantagens efetivas para a sociedade.
A pesquisa “Industry 5.0: A Survey on Enabling Technologies and Potential Applications” mostra que o panorama da Indústria 5.0 no Brasil promete uma revolução nas operações industriais, incorporando tecnologias avançadas, conectividade e uma produção mais flexível e eficiente, preparando o mercado para ser mais competitivo.
A conclusão da pesquisa é endossada por Alexandre Abreu, diretor de novos negócios na Astéria, que há 18 anos desenvolve ferramentas personalizadas para automação de processos. A seu ver, a implementação da Indústria 5.0 nas empresas brasileiras é essencial para uma transformação significativa, onde a integração tecnológica e a automação inteligente se tornaram a base principal nas operações. “Em 2024, podemos esperar um aumento notável na produtividade, na qualidade dos produtos e na agilidade, ocasionando um futuro promissor”, prevê ele.
A efetividade da Indústria 5.0 no Brasil, entretanto, terá que vencer alguns desafios que não são apenas financeiros e tecnológicos, mas regulatórios e culturais. “A adaptação às novas tecnologias, a conformidade com regulamentações em constante evolução e a mudança de mentalidade nas organizações são elementos cruciais que o país terá que moldar para aproveitar plenamente os benefícios dessa revolução industrial”, alerta Alexandre Abreu.
Jefferson Gomes, diretor de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), é pragmático ao analisar o tema que não tem nada de novo porque as tecnologias estão todas disponíveis. O problema, segundo ele, é deixar tudo mais simples para os usuários – não se referindo apenas ao mundo industrial, mas à sociedade como um todo no mundo e no Brasil.
Como professor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, que acompanha de perto estudos e projetos em andamento, ele sabe que é cada vez menor a precificação tecnológica, o que abre espaço para um avanço maior, com a queima de etapas. Para isso, Jefferson Gomes enumera vários fatores que precisam ser considerados, a começar pelo mais clássico que é o RH.
Dados apresentados pelo Fórum Econômico Mundial mostram que apenas 25% dos projetos do mundo digital dão certo. Isto porque as pessoas não usam o potencial da tecnologia apresentada pois não foram formadas para ela, incluindo os CEOs da faixa etária de 45 a 60 anos, que não são nativos digitais.
“A mudança é cultural e não é feita só de acertos. É preciso aprender com os erros”, comenta, dizendo que o Brasil não gosta de derrotados, o que atrasa o processo. Neste sentido, o diretor de Inovação da CNI recomenda começar os projetos em pequenas escalas, mas de maneira continuada para chegar ao grande porte com sucesso. “É como ser uma startup dentro da grande empresa, projetando a abertura de novos negócios a partir da adoção de tecnologias, dentro do conceito de intraempreendedorismo”, explica.
Para o Sebrae Nacional, a Indústria 5.0 humaniza a corrida pela automação total. Estudo da instituição mostra que esta nova indústria chega para revolucionar mais uma vez o mundo das Pequenas e Médias Empresas. E tem um enorme potencial para mudar o mundo porque tende a tornar o processo de fabricação mais sustentável e inclusivo. “Neste modelo de indústria, os trabalhadores poderão obter um desempenho melhor, realizando serviços mais leves, pois não estarão diretamente envolvidos em toda a jornada industrial”, aponta o estudo.
A projeção é de que o impacto maior nas empresas estará na redução de custos e de resíduos e em processos de fabricação mais rápidos. Já para a iniciativa pública caberá a tarefa de aumentar o investimento em educação para qualificar a mão de obra, que atuará ao lado de robôs para tomar decisões, personalizar e customizar produtos.
Diante disto, o Sebrae Nacional entende que não há ameaça ou risco de eliminar empregos humanos na Indústria 5.0. Profissionais atuarão ao lado de robôs, recebendo sua assistência em tarefas industriais, e funcionários fornecerão todo o suporte cognitivo para melhorar a eficiência da tomada de decisões.
Durante a palestra de abertura da Arena de Conteúdo TecnoCarne, intitulada “O Futuro 5.0”, o diretor de compliance da BRF, Reynaldo Goto, instigou o público a pensar no Chat GPT para deixar bem didático o conceito que ainda engatinha da Indústria 5.0.
“Ela não anda sozinha, precisa da inteligência humana para executar sua função e ainda está distante do que acreditamos que será a revolução”, salientou Goto, que é membro do Pacto Global da ONU.
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