Os impactos do El Niño, fenômeno climático global, na safra 2023/2024 já se manifestam no setor agrícola do Brasil, projetando uma redução na produtividade em diversas culturas e regiões. Ainda assim, a possível influência inflacionária no próximo ano, com potenciais choques nos preços de alimentos e ração animal, ainda não pode ser precisamente determinada.
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De acordo com a ata mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom), os diretores do Banco Central (BC) destacaram a incerteza em torno do impacto do aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, tanto em termos de magnitude quanto de duração. Apesar disso, o Comitê optou por incorporar um impacto relativamente modesto do El Niño em suas projeções de inflação para alimentos.
A duração do fenômeno parece ser mais previsível, pelo menos de acordo com especialistas. Danyella Bonfim, assessora técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), projeta que o El Niño continuará a exercer grandes efeitos até janeiro. A partir de janeiro até abril, espera-se uma diminuição de sua intensidade, mas ainda persistente.
Desde junho, o El Niño provoca fortes tempestades, como os ciclones extratropicais na região Sul, resultando em perdas na produção local de grãos, frutas e hortaliças, além de afetar infraestruturas. O calor intenso, associado ao estresse hídrico, prejudicou as atividades agrícolas, causando atrasos no plantio, com impactos no cultivo da soja e do milho de 1ª safra.
Muitos produtores enfrentaram dificuldades, alguns optando pelo replantio, o que gerou custos adicionais. Além disso, a germinação da soja foi comprometida devido ao solo quente, agravando ainda mais os desafios enfrentados pelo setor agrícola diante das condições climáticas adversas.
Bonfim observa que, diante da redução da oferta, é natural esperar impactos, ressaltando a influência do tipo de cultura e do cenário internacional, já que o El Niño afeta os países de maneira variada.
O economista-chefe da Oriz Partners, Marcos De Marchi, concorda e destaca a expectativa de uma produção mais robusta de grãos na Argentina, após uma quebra de safra entre 2022 e 2023. Ele prevê que, mesmo com uma redução, a produção mais forte no país vizinho limitará as oscilações nos preços dos grãos.
O recente Monitor Agro do Bradesco indicou aceleração no plantio no Brasil e na Argentina, impulsionado por chuvas mais regulares no final de novembro. Nos Estados Unidos, as safras de soja e milho já foram praticamente colhidas, segundo o relatório. A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) confirmou, em seu último estudo, a expectativa de um fenômeno climático de intensidade forte, persistindo até o segundo trimestre de 2024.
*Com informações do InfoMoney.
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