Cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) conduziram uma pesquisa que revela lacunas nos dados sobre o cultivo de alimentos orgânicos no Brasil, apesar da vasta extensão de terras cultiváveis e do destacado mercado agrícola.
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O estudo, publicado na revista científica Desenvolvimento e Meio Ambiente, baseou-se em informações do Censo Agropecuário de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e de pesquisas da Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis) e do Sebrae.
Segundo o levantamento, Entre 2003 e 2017, as vendas de produtos orgânicos no Brasil aumentaram quatro vezes, atingindo uma expansão de 30% em 2020, movimentando R$ 5,8 bilhões. O estudo também revela 953 certificações de produtos orgânicos importados, provenientes de 23 países. Ainda ocorreu um aumento de 75% no cadastro de produtores orgânicos no período de 2017 a 2022.
A pesquisa destaca também que 1,28% das áreas de cultivo no Brasil são destinadas à agricultura orgânica, sendo 30% delas localizadas no Sudeste. Estima-se que essas áreas ocupem 0,6% das terras agrícolas, predominando a produção vegetal em 36.689 estabelecimentos.
Os outros 17.612 estabelecimentos são dedicados à produção animal, enquanto uma parcela menor de 10.389 estabelecimentos têm produção animal e produção vegetal orgânicas.
A pesquisadora Andreia Lourenço da UFRGS enfatiza a falta de clareza na oferta, apontando uma tendência de aumento da demanda sem que a produção acompanhe esse crescimento. Além disso, falta precisão para definir quais os produtos são mais demandados. Para ela, a solução passa por promover instâncias de participação social para desenvolver políticas públicas alinhadas às diversas realidades do país.
“E que elas [políticas públicas] possam aprimorar ações que levem em consideração justamente esses diferentes contextos também pensando nas ações para diferentes escalas. Uma coisa é pensarmos numa escala mais local, outra coisa é a gente pensar em escala mais regional ou territorial. Por isso é importante ter não só uma política nacional, mas políticas estaduais de agroecologia e produção orgânica.”
Andreia Lourenço, pesquisadora da UFRGS
*Com informações do Canal Rural.