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Geração Z traz a inovação como marca registrada nos novos negócios

Totalmente conectada, socialmente engajada, arrojada, moderna e que busca desafios. Estas são algumas das características da Geração Z, nascida no auge da transformação digital. É esta turma destemida que chega ao mercado de trabalho e que, por ousadia e/ou vaidade, também começa a liderar os novos negócios, onde a marca registrada é a inovação.


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Como CEO e fundador da Love Gifts, Fábio Farias vivencia as dores e as alegrias de sua equipe na rede de franquia de 70 lojas especializadas em presentes e decorações criativas. Somente na área administrativa, 90% do time vem da Geração Z, nascidos entre o final da década 1990 e 2010, portanto, em um ambiente já totalmente digital, com uma nova visão de mundo. Não foi coincidência. A Love Gifts sabe que até 2030 metade da população mundial será constituída pela Geração Z e Alpha, ou seja, predominará no consumo e nas ideias, em conexão direta com o seu negócio que transita num universo criativo.

Love Gifts – Fábio Farias com equipe administrativa. (Foto: Rondinelle de Paula)

Desprendimento, especialmente financeiro, é o que mais chama a atenção de Fábio Farias ao observar seus funcionários. O lado B, entretanto, requer atenção. Ele refere-se à questão emocional forte, o que exige habilidade na condução de problemas.

“Sabemos que existe hierarquia e regras para que uma empresa funcione, mas essa geração é ágil e se adapta rapidamente a mudanças de rota, no caso de algo não dar certo, conseguindo a adesão de todos”, analisa ele, certo de que com gerações anteriores as mudanças eram mais difíceis.

Trata-se de um perfil bastante diferente tanto de profissionais como de empreendedores, o que se observa em simples atitudes. “A gente fazia 18 anos com o objetivo de tirar a carteira de habilitação. Hoje, muitos jovens preferem usar aplicativos para se movimentar, abrindo um gigantesco mercado para as startups”, ilustra.

O convívio de Fábio Farias com a Geração Z lhe ensinou que, ainda que haja choques de cultura entre o antigo e o novo, o mundo mais jovem tem a compreensão da realidade. Ao seu jeito, se adapta a ela. “Eles sabem escutar e nós precisamos escutá-los”, recomenda. Ele próprio vivenciou a transição geracional. Com 40 anos, ele entende as mudanças de comportamento. “O jeito que meu pai comprava era um, o jeito que eu compro é outro e o jeito que meu filho vai comprar será diferente”.

Busca de referências

Para quem convive com a Geração Z até mesmo em casa e lida com o tema profissionalmente, a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Ceará (ABRH-CE), Janete Bezerra, a classifica como “a turma que quer transformar a cultura das empresas, sem muita ambição de ascender a cargos de gestão e que busca ser referência em suas áreas com projetos de relevância”.

Ela alerta aos CEOs reconhecerem a importância da responsabilidade social e ambiental nos negócios, o comprometimento com a sustentabilidade, diversidade e inclusão, adotando práticas éticas e transparentes tão valorizadas pela Geração Z.

Geração Z e a mentoria reversa

Também aborda a mentoria reversa adotada por muitas empresas, na qual estes jovens compartilham conhecimentos com profissionais mais experientes, agregando perspectivas inovadoras, facilidades com tecnologia e tendências. Em troca, os mentores mais experientes disponibilizam orientação e conhecimento.

“O aprendizado é gigante para ambos pois o feeling dos CEOs de outras gerações ajuda a Geração Z a não cometer erros básicos, como por exemplo deixar a empresa por questões de imediatismo, como não ser atendido em suas demandas como na pronta entrega”, analisa.

O lado triste desta geração, destaca Janete Bezerra, é o fenômeno conhecido como Geração Nem-Nem, que nem estudam, nem trabalham, seja por desalento, alienação ou solidão. No Brasil, eles já são 35%, conforme dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A África do Sul tem 46% de Nem-Nem.

A Geração Z é consciente e não faz consumo inconsequente.”

Janete Bezerra, presidente da ABRH-CE

Do Nordeste para o Sul, o presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Consultores (ABCO), Jerônimo Lima, ressalta as transformações significativas trazidas pela Geração Z para o mundo dos negócios, especialmente no que diz respeito a modelos de negócios inovadores. Eles são caracterizados por serem nativos digitais, com uma habilidade inata para lidar com a tecnologia e uma abordagem única para o empreendedorismo.

Autoconfiança, otimismo, imediatismo, habilidade multitarefa e preocupação genuína em buscar satisfação no trabalho são alguns dos predicados apontados por ele para aqueles que sabem encarar desafios e estão acostumados a um ritmo forte de trabalho, impulsionados justamente pelo imediatismo e pela habilidade com a tecnologia. No entanto, isso pode levar a desafios de comunicação e compreensão com colegas de gerações.

Reconhecidos pela preocupação maior com questões sociais e ambientais, esta geração pode ser um diferencial na criação de negócios com impacto positivo na sociedade.

Aos CEOs e acionistas de empresas, Jerônimo Lima alerta que além de serem parcela significativa na força de trabalho, os jovens da Geração Z têm muito a oferecer em termos de perspectivas frescas e abordagens inovadoras. “A chave é estar aberto a novas ideias, valorizar a diversidade e inclusão e estar disposto a adaptar modelos de negócios para incorporar a agilidade, a criatividade e a tecnologia que essa geração traz”, detalha ele.

Jerônimo Lima: Estes jovens têm ideias frescas e abordagens inovadoras. (Foto: Layo Stambassi)

Gestão de processos

Um exemplo brasileiro de startup criada por jovens da Geração Z é a EasyJur. Fundada por Pedro Okuhara e Daniel Marques, é uma plataforma de gestão e automação para escritórios de advocacia. A ideia surgiu quando Pedro, ainda estudante de Direito, percebeu a necessidade de modernização na gestão de processos jurídicos.

Combinando tecnologia e inovação, a EasyJur oferece soluções para otimizar a rotina dos advogados, como gerenciamento de casos, controle financeiro e automação de tarefas. “A startup vem ganhando destaque no cenário brasileiro, refletindo o espírito empreendedor e inovador da Geração Z”, diz Jerônimo Lima.

Nativos digitais X Educação Empreendedora

O fato é que eles chegaram. O desafio agora é de educá-los para o mundo corporativo, aceitando suas possibilidades de contribuição. Em aprofundado estudo sobre a Geração Z, o Sebrae aponta alguns caminhos para o tratamento de pessoas que chegaram dispostas a quebrar tradições e a tomar o rumo de sua própria vida. Uma das premissas da Educação Empreendedora é a inclusão de práticas que trabalham a personalização do ensino.

Diante desta realidade, as escolas precisam dar voz a essa individualidade, trazendo metodologias que façam com que cada indivíduo tenha o seu tempo e forma de aprender respeitados.

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