investidor 2024

Conhecer o perfil investidor é parte importante de uma boa gestão financeira e requer a análise de diferentes fundos e aplicações. (Foto: Envato Elements)

Investidor deve ter cautela em 2024, principalmente o iniciante

Por: Pádua Martins | Em:
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Onde investir em 2024 e obter melhor resultado? A questão é complexa, pois abrange diferentes possibilidades e está intrinsecamente relacionada ao tipo do investidor. Entretanto, uma dica se faz necessária: “cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém”. O velho ditado popular deixa bem claro qual deve ser o comportamento do investidor, sobretudo dos iniciantes. Nada de aventuras mirabolantes na busca de aumentar, de forma rápida, o valor que pretende aplicar.


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Explicando: é necessário, antes de tudo, ter cuidado e ser prudente diante de situações, sobretudo de instabilidades, como, por exemplo, juros elevados, inflação alta, guerras (Rússia x Ucrânia e Israel x Hamas), eleição nos Estados Unidos e o desempenho das principais economias, como a chinesa. O mundo, mais do que nunca, está globalizado. O que acontece lá mexe cá (principalmente) e vice-versa.

Portanto, é mais que essencial analisar com atenção os fatos, os dados e informações, ou seja, estar “antenado”. E, na dúvida, recorrer aos especialistas em investimentos. Os experts em investimentos, tanto no mercado interno como externo, aconselham: diversificar é sempre melhor do que concentrar. Dessa forma, maximiza-se a chances de ganho e minimiza-se os riscos de perda.

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), conhecer o perfil investidor é parte importante de uma boa gestão financeira e requer a análise de diferentes fundos e aplicações disponíveis no mercado e que oferecem riscos muito bem calculados a quem deseja aplicar seu dinheiro. A pesquisa Raio-X dos Investidores/2023, realizada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Ambima) em parceria com o Datafolha, revela 60% dos brasileiros ainda não se tornaram investidores, e entre quem economizou, 53% colocaram dinheiro em produtos financeiros por conta do retorno lucrativo.

A aplicação em produtos financeiros foi o principal destino para o dinheiro economizado pelos brasileiros em 2022, de acordo com o levantamento, alcançando 38% das respostas. A pesquisa revelou que 60% dos que aplicaram suas economias em produtos financeiros utilizaram uma aplicação já existente em 2022, enquanto apenas 26% começaram uma nova aplicação. A pesquisa mostrou ainda que quase 40% dos investidores afirmaram ter tido perda de renda, mas isso não impactou a decisão de permanecer investindo.

O brasileiro está mais otimista com a economia. O Raio X do Investidor mostra um otimismo do brasileiro com o ambiente macroeconômico: 66% afirmaram que a expectativa para a economia em 2023 é melhor, ante 59% dos que opinaram dessa forma em relação a 2022 na edição anterior da pesquisa. Outra informação importante: segurança foi a principal vantagem citada por aqueles que aplicam em produtos financeiros, seguida por retorno, comportamento observado em todas as classes sociais.

De acordo com a pesquisa, o perfil do investidor brasileiro continua sendo conservador. A poupança mantém a preferência dos entrevistados, mas ressalta que os brasileiros têm diversificado mais suas carteiras de investimento. Outra constatação: O uso da tecnologia vem ganhando cada vez mais espaço, com os aplicativos de bancos se tornando, em 2022, o principal meio utilizado para se fazer investimentos e com os brasileiros mais aderentes aos canais digitais para buscar informações.

Também chamado de suitability (aptidão), o perfil investidor é uma classificação que avalia o risco que se está disposto a assumir em um portfólio de aplicações, segundo o Sebrae, que explica: essa classificação é uma exigência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que orienta as instituições financeiras a oferecerem aos clientes produtos de investimento adequados aos seus perfis.

 OS CINCO TIPOS DE INVESTIDORES

Defensivos: não sabem investir e não pensam em lucro ou investimentos de longo prazo. Sua única preocupação é o risco de não perder dinheiro.
Conservadores: começaram a investir há algum tempo, mas se sentem muito bem quando não têm nenhum risco com sua carteira de investimentos. Analisam só os dados em um curto período e sempre pensam em investimentos entre um e três anos.
Equilibrados: têm algum conhecimento em investimentos, mas ainda não decidiram se querem investir seu dinheiro com retorno de longo prazo ou espontâneo.
Ativos: pensam de médio e longo prazo e não se apressam em investimentos. Observam dados estatísticos por cinco a dez anos.
Muito ativos: com grande experiência como investidores, sabem o que estão procurando. O risco para eles é alto, mas sempre pensam em investimentos de longo prazo e muito longo prazo. Seguem sua estratégia até o fim e investem por mais de dez anos.

Fonte: Sebrae

Diversificar é melhor que concentrar

Alexsandre Lira Cavalcante afirma que diversificar investimentos é sempre melhor do que concentrar, pois é uma forma de maximizar as chances de ganho e minimizar-se os riscos de perda. Ele entende que a melhor escolha sempre será compor uma carteira formada por vários tipos de investimentos, sendo parte em renda fixa e outra parte em renda variável, lembrando sempre que retornos passados não são garantias de rendimentos futuros e que você sempre deve investir observando seu perfil de investidor.

“Caso o investidor seja mais conservador, a orientação é compor uma carteira de investimentos com mais produtos ligados a aplicações de renda fixa, que apresentam maior segurança para o capital investido e também maior garantia dos retornos esperados.”

Alexsandre Lira Cavalcante, analista de Políticas Públicas do Ipece

Em 2024 – entende – uma boa opção para investidores iniciantes e avessos ao risco continuará sendo aplicações no Tesouro Direto, dada a simplicidade de operação e os menores custos envolvidos. “Esse investimento visa garantir um maior retorno que a poupança, podendo uma parte ser aplicada em títulos pré-fixados de curto ou médio prazos, outra parte aplicada em títulos mais longos com correção de inflação e uma parte como fundo de emergência, ou seja, em Tesouro Selic que podem ser resgatados a qualquer hora sem perda de capital investido” – frisa o analista de Políticas Públicas.

No entanto, ele observa que, caso a pessoa que deseja investir esteja disposto a assumir um pouco mais de risco, em troca de uma maior rentabilidade, vale a pena olhar também outros títulos de renda fixa, agora emitidos por instituições financeiras privadas, como os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), especialmente aqueles que pagam acima de 100% do CDI, as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) que podem combinar maior retorno com isenção de Imposto de Renda (IR), todos com a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para investimentos até R$ 250 mil por instituição financeira e CPF.

Ele informa que ainda é possível considerar uma maior diversificação de investimentos assumindo cada vez mais risco, atrelado a aumentos potenciais de retorno, na aquisição de ações de empresas de capital aberto e também em fundos imobiliários que também são isentos de imposto de renda. No entanto, esses produtos estão sujeitos a variações, não sendo indicado para investidores que são avessos ao risco ou que pretender usar seus recursos em curto ou médio prazo. E conclui: os melhores investimentos para 2024 vão depender bastante dos objetivos a serem alcançados, se curto, médio ou longo prazos e também do perfil de investidor de cada pessoa, se são mais ou menos avessos ao risco. O que pode ser considerado um bom investimento para alguém, pode não ser para outra pessoa, pois os objetivos desejados são outros.

Economista aposta em renda fixa para o próximo ano

Ricardo Coimbra, mestre em Economia, professor de Pós-Graduação da Unifor e membro do Comitê Consultivo da CVM, ao analisar o ano de 2023, explica que o Banco Central do Brasil, ao tentar conter o processo inflacionário, manteve a taxa Selic num patamar muito elevado, principalmente em meados de 2023. De agosto para cá, no entanto, ela veio diminuindo e hoje em está em 11,75%. Isso quer dizer que as taxas de juros, que não só remuneram os títulos públicos, mas também as taxas da renda fixa, vêm numa tendência de queda.

Ricardo Coimbra é mestre em Economia, professor de Pós-Graduação da Unifor e membro do Comitê Consultivo da CVM. (Foto: Arquivo Pessoal)

Mesmo assim, em função dos juros estarem num patamar bastante elevado, as operações vinculadas com a renda fixa são destaques para o ano que vem. Já a Bolsa, agora no final de 2023, iniciou um processo de recuperação. Então, existe dentro da renda fixa a Letra do Crédito imobiliário (LCI) e a Letra do crédito do Agronegócio (LCA), que pagam, todas elas, percentual sobre o CDI. Há também os CDBs diversos – que, à medida que o investidor faz aportes maiores, tem remunerações maiores – e também o Tesouro Selic, que está entre as principais aplicações para quem busca investir em renda fixa.

“Então, esses talvez sejam os principais destaques dentro das instituições. Mas é necessário observar as especificidades das composições; do que se paga da renda fixa, do seu CDB, percentual, taxas de administração, que variam conforme a instituição. E também em relação aos valores que são aportados, o nível de relacionamento da pessoa com a instituição financeira também. E ainda por quanto tempo a aplicação vai ficar vinculada.”

Ricardo Coimbra, mestre em Economia, professor de Pós-Graduação da Unifor

A expectativa para 2024 – avalia – é que continue existindo a redução da taxa Selic, o que significa dizer que a renda fixa deve diminuir um pouco mais o seu rendimento. Sobre o mercado de criptomoedas, ele observa que não existe ainda uma regulamentação no Brasil. Porém, “as grandes instituições financeiras têm dentro do seu cartel ativos de criptomoedas, mas o nível de instabilidade das criptomoedas como ativo é muito significativo. Então, é difícil você prever porque é semelhante a uma renda variável, como a Bolsa”.

Para Ricardo Coimbra, a recuperação da atividade econômica para o ano que vem, ou seja, o crescimento da economia brasileira, é de algo em torno de 1% a 2%, segundo as grandes agências, o que significa dizer que isso pode gerar efeitos positivos no mercado acionário. “Aí é tentar identificar quais são os setores de atividade que possam ter um nível maior de recuperação em 2024 e uma parte deles está relacionado com o mercado externo”, observa.

Existe uma expectativa de melhoria, por exemplo, da economia chinesa, com crescimento em torno de 5%, muito parecido com o ano de 2023. Então, os setores que exportam para a China, como carnes, grãos (sobretudo soja), segmento relacionado também com aço e mineração, podem ser que aproveitem esse processo de melhoria do cenário externo. Tudo depende também de algumas instabilidades, como as guerras.

Para o investidor que trabalha com composição de investimentos, sendo conservador com aquilo que pode ter e ainda como remuneração interessante, Ricardo Coimbra aconselha operações do Tesouro Selic, que pagam inflação mais alguma coisa (IPCA), “que devem ser uma rentabilidade interessante, bem como a renda fixa”. E no segmento de ações é necessário analisar os setores que possam ter uma boa recuperação. “Até porque existe ainda uma expectativa de que a bolsa recupere parte das perdas da pandemia desde 2020. Algumas empresas estão com ativos relativamente baixos também em alguns setores de atividades”. 

Coimbra entende que o investidor iniciante deve ser conservador. Para tanto, por exemplo, pode começar acumulando alguma coisa na caderneta de poupança, depois pensar numa renda fixa, em tesouro direto, que hoje é uma grande oportunidade de entrada dos investidores, pois boa parte das corretoras deixam as operações sem custo. E o investidor pode comprar uma fração do título, algo em torno de trinta e poucos reais. Então, é um mecanismo de acumulação, que é mais fácil para as pessoas, principalmente para os mais jovens, que começam esse processo de educação financeira entendendo o que é uma taxa de juros, as operações, e aos poucos vão montando as suas carteiras, diversificando ao longo do tempo.

“Mas, no início sempre é interessante que se faça por operações mais conservadoras, poupança, renda fixa e tesouro e, à medida que você vai compreendendo, entendendo as diversas operações do mercado, você pode ir estruturando sua carteira com múltiplos ativos (ações, ouro, dólar, criptomoedas, dentre outras), dentro dos seus objetivos de médio e longo prazo.”

Ricardo Coimbra, mestre em Economia e professor de Pós-Graduação da Unifor

De olho nas empresas de energia renováveis

Para concluir, Ricardo Coimbra frisa que, no mercado externo, as melhores opções estão com as empresas relacionadas com energias renováveis, bem como as matrizes das empresas que estão investindo em novas regiões, como Brasil. Parte significativa desses players de mercado tem as suas ações negociadas na bolsa americana, nas bolsas europeias ou asiáticas. Como a ideia é investir, estruturar uma carteira no exterior, ele sugere uma relacionada com o segmento de energias renováveis e vinculados com renovação e crescimento no mundo.

O economista e professor da Unifor lembra que existe uma expectativa de estabilidade das inflações no mundo, não só no Brasil, mas também, inclusive, nos EUA, que já tem um processo de controle, assim como na Europa. “A tendência é que, daqui há seis meses, um ano, se tenha uma trajetória de queda das taxas de juros nesses locais, que remuneram os títulos públicos. Então, o direcionamento se volta para renda variável, para alavancagem das empresas, que mostram a potencialidade de retorno” – finaliza.

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