Pizza, comida japonesa, hambúrguer, milk shake, sorvete, pipoca ou um simples bolinho. Qualquer que seja o produto, a alimentação lidera o mercado de franquias no Brasil com crescimento superior a 14% ao ano, segundo a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA). Um modelo de negócio, conforme a Associação Brasileira de Franchising (ABF), que cresce sem parar, agregando setores como mostra acompanhamento trimestral da entidade.
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Somente no terceiro trimestre de 2023 (último dado disponível), o mercado brasileiro de franchising cresceu 11,4% sobre igual período de 2022, registrando uma receita superior a R$ 62 bilhões. A perspectiva é de continuar avançando, especialmente com as novas tecnologias, a começar pela inteligência artificial, que gera novas oportunidades. Para os especialistas, a solidez do setor o transforma em uma rentável alternativa ao investidor que, antes de tudo, precisa ter perfil adequado para o negócio.
Franquias para todos os bolsos
Fernando Ribeiro, diretor regional da Associação Brasileira de Franchising (ABF), diz que o mercado de franquias no Brasil é muito sólido e sustentável, projetando um crescimento médio consolidado em 2023 entre 14 e 15%, devendo alcançar uma receita da ordem de R$ 235 bilhões. “Há demanda forte de empresários querendo entrar neste ramo, que nunca parou de crescer”, comenta ele. A exceção aconteceu durante a pandemia, já sem impacto, permitindo a recuperação.
Para Ribeiro, o holofote deverá se manter em setores que já vinham se destacando, especialmente nos dois últimos anos, que é a hotelaria, entretenimento e lazer, cuja demanda estava reprimida por conta da pandemia. Os setores de alimentação e food service, entretanto, são os líderes no ranking geral de franquias. “Entre as vedetes aparecem, ainda, saúde, beleza e bem-estar, além da construção, que se mostram atraentes para quem pensa em empreender”, recomenda.
Ribeiro alerta que há, também, microfranquias e franquias de porte médio e grande de diferentes ramos e para todos os bolsos. “A ABF tem no site um cardápio extenso de oportunidades de franquias que tendem a ter alta performance em 2024”, sinaliza.
Um negócio pronto
Para o coordenador e professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas, Fernando Marchesini, a franquia é um negócio praticamente pronto, lucrativo e promissor, mas que, como qualquer atividade, requer pesquisa, acompanhamento direto e permanente correção de rumos.
CEO da consultoria em marketing, vendas e gestão empresarial BMNI, ele recomenda alguns passos para os interessados, a começar por um aprofundado estudo de mercado. “Uma franquia de moda pode dar muito certo no Rio de Janeiro e ser um fracasso em Teresina”, ilustra. É preciso, também, fazer o diagnóstico, levantando riscos, concorrência e potencial de compras do cliente para chegar à definição de uma estratégia central e posicionamento competitivo. Só então inicia a implementação do negócio e os necessários e vitais sistemas de controle.
“Qualquer atividade econômica pode ingressar no sistema de franchising, desde que tenha uma gestão eficiente”, afirma Marchesini, comentando o “boom” das áreas de educação, saúde e mercado pet. “A tendência é de crescimento continuado de franquias, especialmente com o surgimento de novas tecnologias, como a inteligência artificial, que abrirá infinitas oportunidades”, comenta.
Pequenas empresas
Também para o analista técnico de Competitividade do Sebrae-CE, Rogério Morais, a franquia é um modelo de negócio bem-sucedido, popularizado e democrático que alcança todos os portes de empresas, mas que precisa de gestão eficiente. Acostumado a lidar com o universo de pequenas e médias empresas, ele compara os negócios próprios com os franqueados. Conforme dados da ABF, de cada 100 franquias, cinco fecham até o segundo ano. Nos negócios próprios, dados do Sebrae mostram que de cada 100, 17 fecham.
A ressalva de Morais é quanto ao perfil do empreendedor, causa maior dos óbitos de negócios. “A opção de crescimento via franquia exige disciplina quanto às regras e padrões, ao mesmo tempo que requer a busca de um diferencial atrativo”. E lembra que a franquia trabalha com capital de terceiros e estrutura de marketing, gestão e treinamento, onde o franqueado é um sócio. Para isso, o Sebrae apoia a formatação dos negócios e oferece cursos gratuitos aos empreendedores, cujas informações estão disponíveis no Portal (clique aqui e acesse o Portal Sebrae).
Pragas urbanas
A história de Beto Filho, ex-presidente da ABF Rio, comprova que a franquia alcança setores inusitados. O garoto do Complexo do Alemão decidiu mudar o seu destino e não ser produto do meio. Virou empreendedor após se formar em jornalismo, obter conhecimentos variados de mercado e atuar por 20 anos entre presidência e diretoria da entidade. Em 1983, criou a Astral Saúde Ambiental, atuando no combate às pragas urbanas como moscas, mosquitos, baratas, ratos e focou no segmento industrial.
Das seis filiais, Beto Filho transformou cinco em franquias e hoje mantém 28 franqueados, somando 11.300 contratos ativos, alguns com mais de 30 anos de operação, de todos os ramos, inclusive mais de 600 hospitais, plataformas de petróleo, metrôs, indústrias de alimentação e até cemitérios. “Trata-se de um mercado inesgotável e aberto”, afirma ele, que recentemente também entrou na área residencial com a marca Alto Astral. Basta saber que o mercado americano de controle de pragas soma US$ 75 bilhões/ano, enquanto o mercado brasileiro de controle de pragas fica em US$ 3 bilhões/ano.
Minimercado em casa
Outro case de franquias é a Honest Market Brasil, uma das primeiras franqueadoras de minimercados autônomos no país que acaba de alcançar o marco de 300 franqueados em 94 cidades de 23 estados. Em apenas um ano, a startup cresceu 400% em faturamento e 160% no número de funcionários. Formada pelos sócios Murilo Specchio, Ana Paula Moraes e Gustavo Sartott, a startup foi “Melhores Franquias do Brasil” por dois anos consecutivos (2022 e 2023). “É uma vitória mútua, para nós, para os que alcançaram sua liberdade financeira investindo no modelo e para os que poderão desfrutar de um formato de compras honesto, ágil e inovador”, assegura Ana Paula.