A Petrobras mudou a abordagem em relação aos investimentos em energia eólica e solar fotovoltaica no exterior, optando por concentrar sua carteira principalmente em novos projetos no Brasil, segundo Maurício Tolmasquim, diretor-executivo de Transição Energética e Sustentabilidade, em uma entrevista à Reuters.
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A mudança representa uma nova postura da petroleira, que anteriormente considerava projetos no exterior como uma maneira de adquirir conhecimento, mas agora descartou essa possibilidade, destacando a expertise e recursos naturais no Brasil.
Essa decisão alinha-se com os objetivos do governo federal, que busca promover a geração de empregos locais e posicionar a Petrobras como protagonista na transição energética brasileira. A empresa planeja investir mais de US$ 5 bilhões em energia eólica e solar até 2028, priorizando projetos de baixo carbono a partir do próximo ano, conforme delineado no novo plano estratégico de 2023.
Anteriormente, a Petrobras estava em conversas com empresas estrangeiras para avaliar projetos, mas essa abordagem gerou questionamentos, especialmente dentro do PT. Tolmasquim esclareceu que a mudança de direção não foi uma imposição do governo, mas uma conclusão interna da empresa, considerando o avanço do marco regulatório no Congresso brasileiro para a energia eólica offshore.
A Petrobras já havia apresentado estudos para projetos eólicos offshore, totalizando cerca de 30 gigawatts (GW) na costa brasileira. O diretor indicou que a empresa aguarda a aprovação do marco regulatório para eólicas offshore no Senado e espera a realização de um leilão de áreas no mar ainda este ano. A entrada efetiva em projetos de eólica offshore ocorrerá quando se mostrar rentável e estiver respaldada por um marco regulatório aprovado.
Petrobras ingressa em renováveis
A Petrobras iniciará seus primeiros investimentos no setor de energias renováveis, concentrando-se em empreendimentos eólicos e solares em terra, onde a indústria já está consolidada no Brasil, segundo Tolmasquim. A petroleira planeja compor 80% de sua carteira de renováveis com projetos “greenfield”, que podem estar em estágios iniciais ou ser desenvolvidos do zero, e os restantes 20% serão projetos já operacionais, em parceria com outras empresas para proporcionar maior agilidade, evitando caracterização como estatal.
Embora Tolmasquim evite detalhes sobre os projetos em estudo, ele não exclui a possibilidade de anúncios ainda este ano, dependendo das oportunidades analisadas. Os investimentos da Petrobras marcam seu retorno ao mercado de energia renovável, acontecendo em um contexto em que o Brasil enfrenta uma sobreoferta de eletricidade, enquanto projetos de geração eólica offshore no exterior estão sendo cancelados devido à baixa atratividade econômica.
Além disso, a Petrobras também explora investimentos em baixo carbono, considerando a produção de hidrogênio verde no Brasil. Ele destaca uma mudança de perspectiva, passando de uma visão de produção para exportação para uma crescente demanda interna, vendo o mercado interno como principal para o hidrogênio produzido localmente até 2030. A empresa está em estudos para desenvolver projetos de hidrogênio verde em parceria com a mineradora Vale.
*Com informações do portal Forbes.
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