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IA, IoT e seus cinco principais impactos nas empresas

Tomada de decisão rápida; aumento da eficiência operacional; mais segurança; melhor atendimento ao cliente e aumento da produtividade são os cinco principais benefícios citados por especialistas na área da informação sobre o emprego (junto) da Inteligência Artificial (IA) e da Internet das Coisas (IoT) pelas empresas. A procura pelas novas tecnologias está em alta e em 2024 continuará voltada para a transformação digital.


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Estudo enfocando as perspectivas para o setor realizado pela Brasscom, em parceria com a IDC Predictions Brazil, estima que os investimentos destinados às tecnologias de transformação digital (soma software, hardware, serviços e telecomunicações) devem atingir R$ 666 bilhões até 2026, com software ficando com 51,2% do montante ou R$ 341 bilhões, hardware com R$ 146,9 bilhões, serviços com R$ 139,1 bilhões e telecom com R$ 39,3 bilhões.

Já entre as tecnologias, computação em nuvem terá R$ 308,3 bilhões, um crescimento de 28%; Inteligência Artificial um incremento de 20%, chegando a R$ 69,1 bilhões; Big Data e Analytics com R$ 82,2 bilhões; Segurança da Informação com R$ 68,4 bilhões; e IoT, com R$ 37,5 bilhões. O setor de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) brasileiro, segundo a Brasscom, representa 36,4% do mercado latino-americano. Nos últimos cinco anos, a taxa de crescimento anual foi de 6,9%. Além disso, o Brasil foi o décimo maior produtor mundial de TIC e telecom em 2022, com um total de US$ 73,6 bilhões. 

De maneira geral, as tecnologias digitais estão intrinsicamente ligadas e crescem velozmente, evoluindo, assim, para proporcionar mais benefícios quem a utiliza, no caso específico, os mais variados segmentos empresariais. Duas delas, a IA e a IoT oferecem maior capacidade de monitoramento, previsibilidade e análise inteligente.

CNI: cresce uso de tecnologias pelas empresas

Pesquisa mais recente realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) – Sondagem Especial – Indústria 4.0 cinco anos depois, de 2022, constatou que, entre empresas industriais, 69% já utilizavam pelo menos uma tecnologia digital em uma lista que apresenta 18 aplicações diferentes. Em 2016, quando essa pesquisa foi realizada pela primeira vez, 48% das empresas faziam uso de alguma tecnologia digital em uma lista com 10 tecnologias selecionadas.

De acordo com o levantamento, apesar do alto nível de adoção de pelo menos uma tecnologia digital, a maioria das empresas utilizava uma baixa quantidade de tecnologias digitais, indicando que se encontram em uma fase inicial do processo de digitalização. Entre as empresas industriais, 26% utilizavam de 1 a 3 tecnologias e apenas 7% utilizam 10 ou mais. Os setores que usavam mais e em maior variedade as tecnologias digitais são os de maior intensidade tecnológica.

Ficou constatado que as tecnologias digitais com foco em melhoria do processo produtivo continuavam sendo as mais utilizadas. Porém, desde 2016, houve aumento do uso de tecnologias que permitem maior customização de produtos. Por exemplo, o uso de automação com sensores que permitem linhas flexíveis de produção aumentou de 8%, em 2016, para 27% em 2021. No entanto, tecnologias mais complexas, como as que envolvem inteligência artificial, continuam muito pouco utilizadas.

Já entre os principais benefícios reconhecidos pela indústria da adoção das tecnologias digitais estavam: o aumento de produtividade, a melhora da qualidade dos produtos e a diminuição dos custos de produção. Assim como em 2016, o alto custo de implantação é percebido como a maior barreira interna à empresa para a adoção de tecnologias digitais, com 66%, como uma das três principais barreiras.

A falta de conhecimento e clareza sobre os retornos das tecnologias também estavam entre as barreiras mais assinaladas. A falta de trabalhador qualificado foi a barreira externa à empresa mais assinalada. Em seguida, a dificuldade para identificar tecnologias e parceiros e o fato de clientes e fornecedores ainda não estarem preparados.

A Indústria 4.0 é um conceito abrangente, baseado na integração de um conjunto de tecnologias que viabilizam ecossistemas de sistemas inteligentes e autônomos, com fábricas descentralizadas e produtos e serviços integrados. Ela se refere à uma rede inteligente de máquinas e processos para a indústria com a ajuda da Tecnologia da Informação e Comunicação. Mas, a procura pelas novas tecnologias pelas empresas de diferentes portes tem crescido. Principalmente agora, quando o debate é sobre a chamada Indústria 5.0, que é a combinação de máquinas e pessoas, com o objetivo de agregar valor à produção e criar produtos customizados, atendendo, dessa forma, às necessidades específicas dos clientes.

De acordo com o Sebrae, uma nova revolução industrial já está acontecendo: o conceito de Indústria 5.0 nasceu para dar um toque humano às inovações trazidas pela Indústria 4.0. Para a instituição, não se trata apenas de tecnologia, mas da colaboração entre humanos e robôs. A Indústria 5.0 quer humanizar a corrida pela automação total. Avanços em robótica, automação, inovação, potencial criativo e questionamento humano serão igualmente valiosos no processo de fabricação, mas na Indústria 5.0, a integração entre humanos e máquinas na gestão dos processos inteligentes será o próximo passo.

Novas tecnologias estão transformando o cenário empresarial

Cristiano Lins, CEO da Prolins, afirma que as novas tecnologias estão transformando o cenário empresarial, aumentando a eficiência operacional e a inovação. “Vemos isso como uma oportunidade para as empresas se reinventarem” – frisa, acrescentando que a IA e IoT trazem benefícios significativos, como eficiência aprimorada, melhor análise de dados e experiência do cliente personalizada, essenciais para o sucesso em vários setores.

“A IA e IoT podem impulsionar a receita ao introduzir novos produtos/serviços e melhorar operações, resultando em eficiência e redução de custos. Os desafios na implementação de IA e IoT envolvem investimentos, integração de sistemas e segurança de dados.”

Cristiano Lins, CEO da Prolins

Cristiano Lins, CEO da Prolins. (Foto: Arquivo próprio)

Cristiano observa que as principais tendências tecnológicas para 2024/2025 incluem o avanço da inteligência artificial, a expansão da IoT, e o crescimento do Big Data, que continuarão a impulsionar inovações em diversas indústrias.

Tecnologias moldam empresários e consumidores

Fabiano Nagamatsu, diretor da Osten Moove, diz que as novas tecnologias estão moldando o cenário empresarial no mundo e no Brasil, principalmente as questões de chatbots, IA, machine learning e aquela onda pequena que já acabou, que foi o metaverso, voltado para questões de realidade virtual aumentada. Isso tudo tem impactado fortemente no poder de decisão do consumidor moderno e essa é a nova geração que tem surgido mais hightech.

Fabiano Nagamatsu, diretor da Osten Moove. (Foto: Arquivo próprio)

Nagamatsu observa que há 10/15 anos muitos não imaginariam como seria hoje encontrar um endereço de forma fácil. Antigamente, só com consultas às chamadas páginas amarelas. “Hoje não conseguimos ficar sem o Waze ou Google Maps. Quando o WhatsApp fica fora do ar, por exemplo, muitas pessoas ficam perdidas na comunicação”. Para ele, as pessoas acabaram ficando dependentes e as tecnologias moldando o consumidor ou o empresário de uma forma geral, e fortemente criando uma cultura, que, no entanto, deveria ser ao contrário: deveria partir de nós e do que queremos como cultura.

“Então, a tecnologia tem moldado cada vez mais esse cenário empresarial no mundo, fazendo com que as pessoas se tornem cada vez mais dependentes. Sabendo que tudo hoje é automático, não deveríamos ficar dependentes dos robôs, que esse é o grande medo da humanidade, dos colaboradores.”

Fabiano Nagamatsu, diretor da Osten Moove

Sobre como a IA e o IoT estão sendo usados para aprimorar o processo de tomada de decisão na empresa, Fabiano Nagamatsu acredita que “estamos falando que hoje tudo que quisermos automatizar, ou seja, fazer com que aquilo que era operacional trabalhe para nós, e participar só na tomada de decisão final, já é possível”. E essa é a ideia que o empresário tem que ter, sair do operacional – ressalta.

“Costumo usar uma frase em todas as palestras: quem trabalha muito no operacional tem pouco tempo para ganhar dinheiro, ou seja, não consegue pensar na parte estratégica, que é onde ganha dinheiro. Então o ser humano foi feito para ser estratégico e não operacional.”

Fabiano Nagamatsu, diretor da Osten Moove

A parte operacional ao qual se refere “são coisas repetitivas, ficar digitando, criando padrões, analisando, isso tudo é operacional”. Hoje – enfatiza – um robô consegue fazer isso. Por exemplo, conseguimos fazer com que o ambiente do escritório esteja preparado em termos de clima, tudo ligado, sem estar propriamente no escritório. Momentos antes posso deixar já preparada uma reunião com os slides todos prontos, feitos com IA, a sala preparada com luz e ar condicionado, tudo perfeito para uma apresentação”.

A IA, atualmente, contribui bastante para essa tomada de decisão, porque ela vai aprendendo cada vez mais e se adequando a sensibilidade daquilo que o ser humano tem colocado cada vez mais no mercado. Isso muito em função dos grandes bancos de dados e muito daquilo que é exposto. A IA, segundo o empresário, não consegue trabalhar com aquilo que não é exposto, com dados de mercado, é possível aprender tudo isso e prever soluções para que o ser humano estratégico faça a melhor tomada de decisão.

“Na IA que temos hoje no mercado financeiro, ela pode ser usada a partir de análise de sentimento, prever questões que não são numéricas, mas, por exemplo, a decisão de um governante, que impactaria diretamente na economia, ter percentuais daquilo que será tomado de decisão, quando vai assinar um decreto, ou vai fazer uma negociação com um país que talvez não seja tão favorável… ou seja, tudo vai impactar.”

Fabiano Nagamatsu, diretor da Osten Moove

Com a IA – entende – já é possível analisar isso e prever lá na frente quais são as ações que ocorrerão. Como isso simula todo um mercado, ou seja, com cenário pessimista, mais ideal e otimista, e em cima disso é possível trazer alternativas na tomada de decisão. Já na IoT – explica – é possível, desde uma pequena fábrica, prestação de serviço ou um comércio, automatizar.

É possível usar câmeras de última geração que fazem monitoramento de estabelecimento, identificar por meio de reconhecimento facial as pessoas que já estejam cadastradas ou não no sistema e aquelas que não podem ser buscadas em redes sociais por meio de IA, inclusive, trazendo informações como as preferências desse cliente. “E isso é muito importante, pois é possível atender de forma personalizada e não em lote e sim totalmente customizado”, afirma Fabiano.

Sobre as perspectivas para as novas tecnologias, especificamente da IA e IoT para os próximos anos, Fabiano Nagamatsu acredita que, não só de IA ou IoT, até pegando realidade virtual, realidade aumentada e diversas outras tecnologias como o próprio blockchain, que é um banco de dados descentralizado, são cada vez mais promissoras, principalmente na área do 5G.

No Brasil, ele defende que o governo, juntamente com as empresas privadas, ofereça infraestrutura para que as pequenas e médias empresas consigam colocar essas tecnologias e as usem cada vez para o operacional, a fim de que o empresário pense mais no estratégico. “Daqui para frente a empresa que focar muito no operacional terá um custo muito alto, sem contar a parte trabalhista. Então aquela que focar mais em automatizar e usar desses recursos mais adequados para a operação, e conseguir potencializar, será interessante, pois assim otimiza processos e teremos mais tempo para estratégias, lucrar mais e poder abrir novos mercados. Então, estamos com essa perspectiva para as novas tecnologias”.

Para o empresário, o Brasil, em termos de implementação de tecnologias, “observando que somos um emergente, e por mais que tenhamos todo o jeitinho brasileiro, não no sentido pejorativo”, mesmo assim acaba não avançando, pelo menos como deveria. E isso ocorre porque, de certa forma, não existe uma infraestrutura adequada, de políticas do governo e da própria iniciativa privada.

Ele ressalta que outro problema reside na educação, que é a parte mais preocupante. E explica: se pegarmos hoje as escolas, como não tem um investimento alto em escolas públicas, muitas das vezes os docentes acabam ficando mais no analógico e não avançam tanto para a tecnologia. “E com isso formamos pessoas mais analógicas, que não tem esse contato com a tecnologia e isso influencia diretamente o mercado de trabalho”.

Hoje, é necessário fazer um nivelamento para que a pessoa possa assumir um emprego. Sabemos que todos que estão nascendo vem mais digital, com um chip na cabeça, pois ninguém ensina mais como usar um celular, um touchscreen, a baixar um programa, todos já sabem – diz. “Temos essa juventude, mas não temos uma preparação para isso, uma infraestrutura, então eles aprendem do jeito deles que nem sempre talvez seja o correto” – finaliza o diretor da Oster Moove, empresa aceleradora Venture Studio Capital especializada em impulsionar negócios tecnológicos.

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