Emmanuel Macron, presidente da França, anunciou que é “impossível” manter o acordo de livre comércio com o Mercosul após insistências na Comissão Europeia, exigindo o encerramento das negociações. A União Europeia (UE) instruiu os negociadores a interromperem as trocas comerciais com o Brasil, conforme anunciado pelo Palácio Eliseu.
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Segundo um assessor presidencial francês à agência Reuters, Macron reiterou com firmeza à comissão que as negociações são inviáveis nas atuais condições. Na semana passada, representantes comerciais da UE e do Mercosul tiveram uma reunião em Brasília, mas houve pouco progresso nas negociações.
Amílcar Silveira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC), afirma que o acordo é prioritário para o Brasil e lamenta a postura do Premier francês. “A França é um dos países que mais emite gás de efeito estufa, polui, não tem áreas de preservação e o Brasil, nós já vemos pelos estudos, que têm uma grande área de preservação”, destaca.
Para Silveira, as alegações fazem parte de barreiras comerciais impeditivas que visam impedir a chegada do Brasil ao mercado europeu.
“Nós exportamos muita fruta e somos impedidos hoje de exportar camarão, uma demanda que nós levamos agora recentemente para o vice-presidente da república, ministro da indústria e comércio, Geraldo Alckmin. Queremos abrir as fronteiras da Europa para a carcinicultura do Brasil que esse deve ser um grande desafio.”
Amílcar Silveira, presidente da FAEC
Diante dos protestos de agricultores, Macron prometeu pressionar a UE por mudanças nas regulamentações ambientais para terras agrícolas, cedendo à pressão dos sindicatos. Os manifestantes, insatisfeitos, continuam bloqueando estradas em torno de Paris com tratores. A revolta dos fazendeiros também se estende a países como Alemanha e Polônia, onde ocorrem manifestações.
Na última sexta-feira(26), o governo francês desistiu dos planos de reduzir gradualmente os subsídios ao diesel agrícola, mas os agricultores consideraram a medida insuficiente. Atualmente, os fazendeiros protestam contra altos impostos sobre o diesel, baixos preços dos alimentos e excesso de burocracia. Também se opõem ao acordo comercial com o Mercosul, alegando que permitirá a importação de alimentos que não atendem às normas ambientais rigorosas da UE.
Durante a COP28 em dezembro de 2023, Lula criticou Macron pela postura protecionista ao setor agrícola francês, relembrando que a França historicamente tem sido um obstáculo nas negociações comerciais.
Na época, Macron tentou encerrar as negociações devido ao receio de uma competição acirrada entre o agronegócio brasileiro e o francês. No entanto, outros líderes europeus, como o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, mantiveram uma posição favorável ao acordo.
Amílcar Silveira destaca que as grandes empresas de defensivos agrícolas que atuam no Brasil são de origem alemã e ressalta que as companhias “comercializam lá, o que comercializam aqui”.
“Esse tipo de argumento é protecionismo, só protecionismo do mercado europeu com medo do eficiente produtor brasileiro.”
Amílcar Silveira, presidente da FAEC
Durante a 28ª Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas (COP28), realizada em dezembro de 2023, Lula fez críticas à postura protecionista adotada por Macron em relação ao setor agrícola francês. O governo francês historicamente mantinha essa posição, e o presidente francês já havia se manifestado anteriormente contra o acordo comercial, uma agenda que vinha sendo negociada por ambas as partes ao longo de duas décadas.
De acordo com Lula, “se não houver acordo, paciência”. Para o presidente, o que precisa ficar claro é que não devem mais atribuir a não resolução do acordo ao Brasil. “Assumam a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer um acordo na perspectiva de fazer concessões“.
Na tentativa de evitar uma intensificação na concorrência entre o agronegócio brasileiro e o francês, Macron buscou encerrar as negociações naquele momento. No entanto, outros líderes europeus, como o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, mantinham uma posição favorável ao acordo.
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