5g e conectividade móvel

O Novo PAC destina recursos para levar a cobertura 5G a 5.570 sedes municipais, sendo 1.794 delas no Nordeste. (Foto: Envato Elements)

“5G é uma promessa de crescimento, com R$ 153 bilhões injetados em nossa economia até 2030”, diz especialista da Ericsson

Por: Redação | Em:
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O consumo de conteúdo no ambiente digital está se modificando e com isso, o Brasil toma a dianteira na expansão da conectividade, assumindo a vanguarda na expansão do 5G e sendo líder em acesso móvel, com a maior parte da população tendo contato com a internet por meio de dispositivos como celulares e tablets, no último ano.


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Ainda que seja necessário debater e implementar novas políticas para o setor, tendo em perspectiva maior acessibilidade, o avanço da conectividade móvel no país proporcionou impactos relevantes na vida da população permitindo que milhões de pessoas tivessem acesso a novas oportunidades de comunicação, educação, entretenimento e negócios.

De acordo com o estudo “Benchmarks Consumo Digital” realizado pela Comscore, sobre os recentes hábitos de navegação do consumidor, 68% dos usuários digitais brasileiros utilizam exclusivamente dispositivos móveis para acessar a internet. A pesquisa também registrou um aumento de 0,6% entre os meses de junho de 2022 e 2023, totalizando 133 milhões de visitantes únicos no período. Nesse segmento, o Brasil fica à frente dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Canadá.

O avanço brasileiro no acesso móvel ao meio digital acontece a partir de uma combinação de fatores, que incluem a atuação de grandes empresas do setor, demanda por dados móveis e diversidade em um contexto nacional, segundo Gilson Cereda, consultor especialista em Soluções de Acesso Móvel da Ericsson, em entrevista exclusiva para a Trends.

De acordo com Cereda, o interesse por serviços de dados móveis cresceu exponencialmente no Brasil e estimulou a expansão da infraestrutura de rede e de seus investimentos. “Esse aumento da demanda foi impulsionado por uma série de fatores, incluindo o crescimento da população, a popularização da internet e o desenvolvimento de novos dispositivos móveis, como smartphones e tablets”, afirma.

“As operadoras brasileiras investiram pesadamente na expansão de sua infraestrutura de rede para atender à crescente demanda por dados móveis. Esse investimento incluiu a aquisição de novas frequências, a construção de novas torres e a instalação de novos equipamentos.”

Gilson Cereda, consultor especialista da Ericsson
Gilson Cereda, consultor especialista em Soluções de Acesso Móvel da Ericsson (Foto: Divulgação/Ericsson)

Além disso, o especialista destaca que a diversidade do Brasil, como um país continental com uma população de mais de 200 milhões de pessoas distribuídas em diferentes regiões com características diversas, exigiu que as operadoras brasileiras desenvolvessem soluções robustas e flexíveis para atender às necessidades de diferentes segmentos de usuários.

Conectividade cresce de Norte a Sul

De acordo com a pesquisa sobre uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros, TIC Domicílios 2023, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação em conjunto com o Comitê Gestor da Internet no Brasil, 84% da população brasileira teve acesso à internet no ano, um crescimento e 3% em comparação com o ano anterior. 

O Sul do Brasil lidera a conectividade, com 88% da população conectada, seguida por Sudeste (87%), Centro-Oeste (75%), Nordeste (79%) e Norte (78%). As áreas urbanas também registram um aumento no acesso à rede, com 85% das pessoas, enquanto o território rural conta com 78%.

Além disso, o estudo destaca que as classes sociais mais baixas impulsionaram o crescimento da conectividade. Os avanços mais substanciais foram nos domicílios das classes C (de 87% em 2022 para 91% em 2023) e D-E (de 60% para 67%). Considerando o total de pessoas que não usam a rede, o número caiu de 36 milhões para 29 milhões de 2022 para 2023, uma queda de quase 20%.  

No entanto, entre as pessoas que não acessam a internet, 24 milhões estão em áreas urbanas, 17 milhões se declararam pretas ou pardas e 17 milhões pertencem às classes D-E, o que aponta uma exclusão digital nas periferias urbanas do país. Ainda nesse grupo, 24 milhões têm até o ensino fundamental, e 16 milhões têm 60 anos ou mais, superando a soma de não-usuários das demais faixas etárias.

5G

A implementação do 5G no último ano causou impactos significativos no mercado de serviços de Internet das coisas (IoT, em inglês) no Brasil. Com mais de 10 milhões de usuários em 150 cidades após um ano, a Anatel estendeu a cobertura do 5G para todas as 645 cidades de São Paulo, evidenciando resultados promissores. 

O relatório ISG Provider Lens™ Internet of Things – Services and Solutions 2023, apresentou um aumento na adoção de tecnologias IoT, impulsionado pela eficiência proporcionada pelo 5G.

David de Paulo Pereira, pesquisador e autor de relatórios sobre IoT, aponta que o leque de casos de uso para essa tecnologia ampliou-se em setores como Internet das Coisas Médicas (IoMT), automação industrial, carros conectados e cidades inteligentes, gerando desafios de segurança cibernética

Ainda segundo o pesquisador, a demanda por serviços gerenciados especializados em IoT cresceu, impulsionada pela necessidade de garantir o funcionamento contínuo das soluções. Uma busca “por conectividade aprimorada, ultrabaixa latência, alta velocidade, inteligência avançada de dados e maior segurança nos serviços de IoT”,afirma.

“Setores como agronegócio, indústria 4.0, logística, saúde, utilities e cidades inteligentes experimentaram um crescimento notável na adoção de serviços de IoT.”

David de Paulo Pereira, pesquisador

David Pereira, pesquisador e autor de relatórios sobre IoT (Foto: Fernando Mucci)

Durante a transição para o 5G, os fornecedores enfrentaram desafios como limitações de cobertura, disponibilidade restrita de dispositivos e a necessidade de atualizar soluções pré-5G. A segurança das soluções de IoT também foi impactada, levando à implementação de medidas específicas

As expectativas dos clientes aumentaram, incluindo demandas por conectividade ubíqua, análise avançada de dados, automatização inteligente, rastreamento preciso e manutenção preditiva.

Para Pereira, o papel do governo, por meio do Programa Nacional de Melhoria da Cobertura (Conecta Brasil), é fundamental para expandir a banda larga e criar condições para a adoção da tecnologia de IoT.

Cereda afirma que à medida que o País avança na vanguarda da tecnologia, as possibilidades se maximizam ao promover oportunidades para revolucionar a forma que a sociedade se conecta e constrói o futuro. Deste modo, o 5G é “mais do que uma simples conexão de alta velocidade; é o convite para uma era de transformações onde cada um de nós tem um papel a desempenhar“, afirma o especialista.

“A implantação dessa tecnologia é mais do que uma inovação; é uma promessa de crescimento, com R$ 153 bilhões injetados em nossa economia até 2030, tocando e transformando vários setores.”

Gilson Cereda, consultor especialista da Ericsson

Setores Impactados

Por meio da conectividade, diversos setores econômicos experimentaram um aumento na eficiência operacional, com aprimoramento de processos, redução de custos e maior produtividade. Esse novo modelo de mercado permite que empresas adotem tecnologias avançadas e explorem oportunidades de negócios online, fortalecendo sua posição no mercado global.

Setores como varejo e e-commerce são beneficiados. Cereda aponta que “ao tornar a comunicação e a troca de informações mais eficientes entre empresas, parceiros comerciais e investidores”. Esse contexto cria um ambiente favorável ao desenvolvimento de novos negócios, facilitado pelo acesso à internet e plataformas digitais, fomentando o empreendedorismo e o surgimento de startups.

“Outro exemplo está no setor agropecuário, onde a conectividade está impulsionando o surgimento de novas tecnologias no agronegócio, como a agricultura de precisão e a agricultura digital, que ajudam os agricultores a melhorar o uso de recursos, reduzir o impacto ambiental e aumentar a produção.”

Gilson Cereda, consultor especialista da Ericsson, que possui pilotos de 5G na agricultura

Nordeste é destaque na inclusão digital

O Nordeste é o principal beneficiário do eixo Inclusão Digital e Conectividade do Novo PAC, lançado pelo Governo Federal em agosto do ano passado. Os nove estados nordestinos contarão com aproximadamente 50 mil escolas conectadas, representando mais de 36% do total de 138 mil unidades educacionais contempladas em todo o País. Juscelino Filho, ministro das Comunicações, assegura que o Nordeste não será deixado para trás, enfatizando a importância do desenvolvimento para a região.

A Bahia e o Maranhão lideram em número de escolas conectadas, com 13.339 e 10.417 unidades, respectivamente. Além disso, o Novo PAC destina recursos para levar a cobertura 5G a 5.570 sedes municipais, sendo 1.794 delas no Nordeste. Bahia e Maranhão novamente se destacam, beneficiando 391 e 301 regiões, respectivamente. A expansão do sinal 4G em 7.430 distritos também está prevista, com mais de 41% localizados no Nordeste, especialmente na Bahia, Ceará e Pernambuco.

Além disso, o Governo Federal planeja expandir a cobertura 4G em 35.784 km de rodovias federais, sendo mais de 32% na região Nordeste. Bahia e Maranhão se destacam novamente, juntamente com Piauí, Ceará e Pernambuco. 

Ademais, serão implantadas redes fixas de fibra óptica em 530 sedes municipais, sendo 73% no Nordeste, com destaque para Piauí e Paraíba. Essas iniciativas públicas visam promover o acesso à conectividade e impulsionar o desenvolvimento na região.

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