Os seniores, tiozinhos, cabelos brancos, enfim, como forem chamados os brasileiros com mais de 50 anos, são ativos como classe consumidora e até mesmo produtora. Não limitam seus gastos às farmácias e nem seu tempo para cuidar dos netos. O consumo vai muito além dos medicamentos. Alcançam produtos e serviços, impactando agências de viagens, hotelaria e companhias aéreas e rodoviárias. Também são usuários da internet e dos aplicativos para se locomover ou para se alimentar. Usam os serviços bancários – o Pix idem – e as corretoras porque investem para além da velha poupança. Também criam empresas, namoram e muitos até voltam aos bancos escolares em busca de maior conhecimento.
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Trata-se de um robusto mercado que ganhou o reconhecimento da Organização das Nações Unidas em suas megatendências do século 21. No Brasil, este “mercado prateado” movimenta algo em torno de R$ 2 trilhões anualmente, conforme acompanhamento da Consultoria Data8, cifra que tende a avançar, considerando a crescente expectativa de vida que hoje é de 73,3 anos (OMS).
Estudos do IPEA mostram que até 2040 metade da força de trabalho no Brasil terá mais de 50 anos. Longevidade e produtividade têm relação direta no trabalho, garante estudo da Towards a Longevity Dividend, graças à segurança na tomada de decisões e ao tempo disponível que resulta em maior comprometimento no emprego. O mesmo vale para o empreendedorismo.
Para Fernando Potsch, CEO da Seniortech Ventures, focada em identificar, selecionar e acelerar startups que apresentem soluções para o público sênior e o mercado prateado, “apesar do notável crescimento, a oferta ainda não atende plenamente à demanda desta classe consumidora em produtos e serviços adaptados às suas necessidades”. A seu ver, as empresas devem focar mais no estágio de vida do cliente do que na sua idade e adotar um pensamento multigeracional, aprofundando conhecimento sobre suas necessidades e características.
A Talento Sênior, do grupo Talento Incluir, é outra empresa que aposta na longevidade como negócio. Ela atua na contratação de profissionais 45+ sob demanda, o que gera impacto social a partir de modelos de contratação que impulsionam a inclusão social e econômica de profissionais seniores.
A empresa propõe um novo modelo de contratação de pessoas maduras que fazem parte do mercado prateado, com experiência e conhecimento acumulados em suas trajetórias profissionais e que desejam continuar atuando no mercado de trabalho. O modelo é o Talent As a Service, ou TaaS, uma alusão ao conceito do Software As a Service (SaaS) da seara tecnológica.
Nesse modelo, a empresa contrata os serviços de alguém que vai atender a uma demanda característica, a partir do conhecimento que possui sobre o tema. Sobretudo para os profissionais mais maduros, esse tipo de oportunidade abre um enorme leque de atuação no mercado prateado.
O desejo de trabalhar para a empregabilidade do profissional sênior surgiu da indignação da CEO Juliana Ramalho com a aposentadoria forçada aos 60 anos e de como o empregador não faria mais uso de tanto conhecimento, renunciando a algo tão caro, adquirido com tanto investimento.
Ela aproveitou o palco da Davos Innovation Week, evento que aconteceu dentro do Fórum Econômico Mundial, na Suíça, para mostrar que “se a longevidade do ser humano aumentou, nada mais natural que o mesmo aconteça com o seu prazo de disponibilidade para o mercado de trabalho”. A Talento Sênior, com dois anos de mercado, conta com mais de 2.200 pessoas 45+ cadastradas em sua plataforma.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), em 10 anos (2012 a 2022), o número de cuidadores de idosos aumentou em 547%, saltando de 5.263 para 34.051. Para Rafael Schinoff, CEO e fundador da Padrão Enfermagem, o profissional desta área desempenha papel fundamental na melhoria da qualidade de vida dos pacientes, promovendo independência e bem-estar, garantindo o convívio e até a saúde mental.
Para ele, “este é um mercado promissor e com perspectivas otimistas porque somente nós temos em nossa base mais de 18.625 profissionais agenciados entre cuidadores e profissionais da enfermagem, e a tendência é que esse número aumente em 12% até o final de 2024”, conta o empresário.
Centro de Ciência para Longevidade: Inovação e Saúde para um Envelhecimento Saudável