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Ainda incipiente, agricultura vertical traz maior valor agregado à produção

A agricultura em ambiente controlado começa a despertar o interesse do Brasil e do mundo. Ainda incipiente, a agricultura vertical apresenta enorme potencial de crescimento com resultados altamente atrativos. Mais importante: com economia de espaço, de água e de insumos. Além das hortaliças, em especial as folhosas, há um novo horizonte sendo desbravado que é o das sementes híbridas de grande valor agregado, o verdadeiro e estratégico “pulo do gato” em termos de produção de alimentos e de segurança alimentar.


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Cultivo indoor

Quem acompanha o tema de perto como pesquisador da Embrapa Hortaliças é Ítalo Moraes Rocha Guedes, um entusiasta das diferentes formas de cultivo que não seja as tradicionais hortas e lavouras. “Embora as hortaliças sejam as mais adaptáveis, o sistema de cultivo indoor pode ser amplamente aplicado, graças às variáveis ambientalmente controláveis como temperatura, velocidade do ar, nível de nutrição e de irrigação”, diz.

Ítalo Moraes Rocha Guedes é pesquisador da Embrapa Hortaliças. (Foto: Arquivo/Embrapa)

Ele lembra que as folhosas com ciclo rápido, com a otimização da estrutura, permitem uma safra em 25 dias o que resulta em mais de 12 safras no ano na mesma área. Em se tratando de folhosas de pequeno porte, seu cultivo vertical pode ser feito em camadas, o que garante ainda maior aproveitamento espacial, multiplicando cada metro quadrado.

Perdas menores

O pesquisador Ítalo diz que, invariavelmente, o cultivo vertical é feito pelo sistema hidropônico recirculante, ou seja, sem solo e com ou sem algum tipo de abstrato. Ele destaca o fato de o sistema fornecer água e nutrientes diretamente nas raízes. E evita a concorrência do solo ao reter mais de 80% dos nutrientes que não conseguem acessar a planta.

O mesmo vale para a água que infiltra em solos argilosos saindo do alcance das raízes. “O ambiente fechado também minimiza a perda de água por evaporação”, acrescenta, informando que há fazendas verticais que já têm mecanismos capazes de capturar o vapor e reusá-lo.

Embora questionada, a iluminação artificial que usa luminárias em LED possibilita eficiência no cultivo em camadas, diferentemente da estufa onde somente as plantas do topo acessam a luz. Sobre preservação ambiental na agricultura vertical, o pesquisador é objetivo ao lembrar que o Brasil está entre os países que não usam combustíveis fósseis como EUA, Europa e Ásia. E que já acompanha o surgimento de pequenas fazendas verticais do Norte ao Sul com destaque para Campinas, Belo Horizonte e São Paulo.

Você sabia?

A propósito, quem poderia imaginar que a maior fazenda vertical da América Latina em escala comercial, a Pink Farms, estaria no Brasil? Mellhor: em São Paulo. Mais inusitado ainda: na capital, a poucos metros de distância da Marginal Tietê, e que em 200 m² produz hortaliças a sete metros de altura.

Fonte: Globo Rural

Pulo do gato

O Ceará também está fazendo pesquisas com testes em ambiente controlado voltados ao cultivo protegido de morango, principalmente na Serra da Ibiapaba, onde também estão em experimentos as folhosas e o tomate. Na lista ainda constam mini tubérculos de batata. Mas o que o pesquisador Ítalo chamou de “pulo do gato” válido para todos os Estados brasileiros vem da inspiração da Holanda, que é a produção de sementes híbridas. De enorme valor agregado, permitem o controle de pragas e chegarão livres de doenças. O projeto, factível, segundo ele, pode reverter o papel brasileiro de importador para exportador. “É a tecnologia a serviço da alimentação, o que nos levará a desembalar menos e descascar mais”, finaliza.

Plantio indoor aumenta valor agregado

O presidente da Federação da Agricultura do Ceará (FAEC), Amilcar Silveira, aposta na tendência de que o uso da técnica da agricultura vertical marque presença cada vez mais forte nos grandes centros urbanos, complementando a produção do campo, sobretudo de alimentos de maior valor agregado. Ele aponta, entre as principais vantagens do cultivo indoor, o melhor aproveitamento do espaço associado ao baixo consumo de água e insumos.

Amilcar Silveira, presidente da Federação da Agricultura do Ceará (FAEC). (Foto: Arquivo/FAEC)

“Estamos diante da possibilidade de produção durante todo o ano, com ganhos de logística e de produtividade”, ilustrou. Mas adicionou que há desafios a serem enfrentados como os custos relacionados à atividade envolvendo infraestrutura, tecnologia, equipamentos e qualificação de mão de obra para a garantia do aumento da segurança alimentar como o maior dos impactos sociais positivos.

Da mesma forma, Amilcar Silveira salientou o combate direto às pragas como um dos maiores benefícios da agricultura vertical, que contribui para a redução do uso de pesticidas e herbicidas.

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