O mundo passa por uma grande revolução tecnológica e as empresas devem, necessariamente, acompanhar as tendências que estão formatando os negócios, seja atualmente ou no futuro. Os avanços e os desenvolvimentos das tecnologias estão transformando rapidamente os segmentos produtivos (indústria, serviços e agricultura), bem como os modelos de negócios e até mesmo o comportamento de cada pessoa, de cada consumidor. A transformação tecnológica e digital não é para o futuro, mas pra já.
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As microempresas (até nove funcionários) no Brasil representam 68,9% do total das que mais adotam tecnologia em alguma esfera organizacional. São seguidas pelas pequenas corporações (de 10 a 49 funcionários), com 24% do total, depois pelas médias empresas (de 50 a 249 funcionários), com 4,2%, e as grandes (acima de 250 funcionários) representadas por 2,7%. É o que revela a pesquisa Índice de Adoção de Tecnologias pelas Empresas realizada pela Cortex, empresa especializada em Inteligência Artificial de Go to Market no Brasil.
O estudo da Cortex, que analisou 1,1 milhão de empresas com o objetivo de mapear a maturidade das organizações na adoção de soluções tecnológicas para apoiar na eficiência, agilidade e adaptação às demandas de mercado, revela também a adoção de tecnologias por faixa de faturamento. A constatação é que mais 212 mil empresas com faturamento de até R$ 10 milhões adotam alguma tecnologia para os seus negócios; entre R$ 11 milhões e R$ 500 milhões, o número é de 11.104 e as que tem renda acima de R$ 500 milhões totalizam 752.
Consultoria aponta as dez tendências estratégicas para 2024
O relatório da Internacional Data Corporation (IDC) aponta as dez previsões estratégicas a partir de 2024, destinadas aos Chiefs Information Officers (CIO), que embasou trabalho elaborado pela Objective Consultoria. O estudo, no entanto, adverte: “investir em tendências que não estejam alinhadas com o momento do seu negócio pode ser prejudicial. Da mesma forma, investir corretamente em uma pode ser decisivo para alcançar novos patamares”. O CIO, ou chefe ou diretor de Tecnologia da Informação, é que tem a função principal de gerenciar a estratégia de Tecnologia da Informação de uma empresa.
A IDC afirma que as dez tendências para a agenda 2024 do CIO são, segundo a Objective:
1) Até 2028, a maioria dos CIOs aproveitará mudanças organizacionais para impulsionar negócios digitais ágeis e orientados por insights, através da adoção de IA, automação e análise.
2) Em 2024, a pressão para adoção de tecnologias digitais, como GenAl e inteligência profunda, aumentará para 65% dos CIOs, mas o suporte limitado de TI poderá diminuir os benefícios e aumentar os riscos.
3) Até 2027, a maioria dos CIOs integrará medidas de segurança cibernética diretamente em sistemas e processos para proativamente detectar e neutralizar vulnerabilidades, protegendo-se contra ameaças e violações cibernéticas.
4) Até 2025, cerca de metade dos CIOs priorizá o gerenciamento estratégico de dados e promoverão uma cultura centrada, garantindo diferenciação competitiva na era digital.
5) Dois terços dos CIOs não atingirão suas metas de receita digital até 2025 devido a problemas de alinhamento de investimentos que prejudicam o desempenho dos negócios.
6) Cerca de 50% dos CIOs estabelecerão uma governança federada robusta para estratégias de IA, em parceria com executivos de outras áreas da empresa, impulsionando a adoção rápida e simplificada de tecnologias como GenAl e automação até 2026.
7) Em 2024, cerca de um terço dos CIOs adotará a GenAl, buscando uma vantagem imediata de curto prazo sobre os concorrentes, enquanto desenvolve talento, experiência e dados para mitigar riscos e melhorar a marca e a vantagem competitiva.
8) Até 2025, quase metade dos CIOs serão motivados a automatizar a conformidade regulatória e as práticas de ESG para mitigar riscos e melhorar sua marca e vantagem competitiva.
9) Até 2026, 40% dos CIOs trabalharão em estreita colaboração com os CMOs (diretor-geral ou executivo responsável na empresa pelos assuntos ligados à propaganda e ao marketing) para criar estratégias unificadas, desmantelando silos de clientes e oferecendo uma experiência digital confiável e envolvente.
10) Até 2026, 55% dos Centros de Inovação em Código Baixo (CICs) e desenvolvedores internos utilizarão ferramentas de Inteligência Artificial (IA) e Low-Code para aumentar a competitividade e diferenciação através de aplicativos personalizados.
Das dez tendências, cinco são destaque
O relatório da IDC destaca cinco dentre as dez tendências: Cibersegurança, Data Culture, IA, Desenvolvimento Low-Code e ESG, que “estão atingindo pontos de inflexão em 2024, transformando profundamente a maneira como trabalhamos e gerenciamos. Vale a pena estar atento a essas tecnologias revolucionárias, cujos impactos estão se tornando ainda mais evidentes”. E tece considerações sobre cada uma delas.
No que tange a cibersegurança, o estudo afirma que, até 2027, cerca de 75% dos CIOs integrem medidas proativas de segurança cibernética diretamente em sistemas e processos, priorizando a segurança como elemento essencial, não secundário. Essa mudança implica traduzir requisitos de segurança para a linguagem de negócios, capturar a tolerância ao risco empresarial e manter as equipes de TI atualizadas sobre ameaças. Investir em educação contínua, colaborar com especialistas em cibersegurança, revisar e auditar sistemas regularmente são estratégias essenciais.
Outro destaque é a data culture. Até o próximo ano, 45% dos CIOs vão dar prioridade à gestão estratégica de dados e promoverão uma cultura centrada em dados para se destacarem na era digital. A infraestrutura de TI deve ser atualizada para lidar com a grande quantidade de dados, sendo necessário realizar análises em tempo real para tomada rápida de decisões. Por isso, é importante promover uma cultura centrada em dados, estabelecer governança clara, investir em treinamento e ferramentas avançadas de análise de dados. A colaboração entre TI e área de negócios é fundamental para mudar a cultura organizacional e criar uma plataforma de dados consistente em toda a empresa.
Em 2022, a inteligência artificial generativa (GenAI) aparece como a principal tendência de tecnologia que deverá ser adotada por 35% dos CIOs, assegurando uma vantagem competitiva inicial e construindo uma base sólida de talento e experiência. Porém, o crescimento da GenAl intensifica a busca por habilidades especializadas. A estratégia deve envolver o uso de Provas de Conceito (POCs) para desenvolver competências, avaliar riscos, ROI e requisitos de habilidades, além de ajustar e escalar a infraestrutura de TI para suportar as demandas crescentes.
O estudo prevê que, até 2026, 55% dos CIOs vão capitalizar desenvolvedores internos com expertise em negócios e ferramentas de GenAl e low-code/no-code, permitindo a construção de vantagens competitivas por meio de aplicativos personalizados. O treinamento em plataformas GenAl e low-code/no-code será essencial para manter padrões de qualidade e precisão na TI.
Governança, gestão e auditorias regulares de TI garantirão a conformidade dos aplicativos personalizados com metas técnicas e comerciais. Investir em revisão de código, testes e programas de treinamento proativos para pessoal de TI e negócios será vital. A estratégia de desenvolvimento interno requer uma governança robusta para alinhar metas, garantir segurança e mitigar riscos de dados.
A quinta previsão diz respeito ao ESG (Environment, Social & Governance). Em 2025, cerca de metade dos CIOs serão motivados a automatizar a conformidade regulamentar e ESG para mitigar riscos legais e melhorar a marca e a vantagem competitiva. Isso inclui desenvolver parcerias com fornecedores sustentáveis e manter as equipes atualizadas sobre as tendências ESG, reforçar a segurança cibernética para proteger dados sensíveis, utilizar ferramentas ESG para monitoramento e relatórios transparentes, estabelecer comitês focados em tecnologia sustentável e impactos ESG, além de promover o valor do business case para a sustentabilidade e priorizar investimentos em integração contínua para vantagem competitiva.
Especialista destaca metaverso, sustentabilidade e robótica
Sobre as tendências e as oportunidades de negócios que estão montando o cenário empresarial em 2024, o analista da Unidade de Relacionamento com o Cliente do Sebrae/CE, Alan Girão, citou três: o metaverso, que pode criar novas oportunidades em áreas como arte digital, imóveis virtuais e experiências digitais através da realidade virtual (VR) e realidade aumentada (AR) em eventos on-line e/ou presenciais.
Os outros dois foram sustentabilidade, uma vez que a conscientização ambiental está impulsionando a demanda por produtos ecológicos e soluções de energia renovável; e a robótica avançada, onde robôs autônomos e colaborativos estão sendo usados em logística, manufatura, assistência médica e serviços domésticos.
Alan observa que a inteligência artificial pode melhorar a eficiência operacional, personalizar experiências do cliente e impulsionar a inovação em produtos e serviços. Já a computação em nuvem permite escalabilidade para o empresário, através da disponibilidade de um canal de vendas funcionando 24 horas por dia e sete dias por semana, e colaboração remota e acesso a dados em tempo real. E a Internet das Coisas (IoT) facilita a coleta de dados, automação de processos e criação de produtos conectados, impulsionando a eficiência e a inovação.
Quanto a discussão em torno da sustentabilidade e responsabilidade social corporativa nos negócios, Alan Girão diz que são dois os fatores positivos. O primeiro diz respeito a reputação da marca, uma vez que as empresas que adotam práticas sustentáveis e responsáveis tendem a ser mais valorizadas pelos consumidores e investidores. E eficiência operacional, já que as práticas sustentáveis podem reduzir custos operacionais e aumentar a eficiência dos recursos.
Tecnologia da Informação, saúde e educação são os três setores que apresentam as melhores oportunidades de negócios esse ano e com perspectivas para os próximos anos. O primeiro continua a ser um setor promissor, com demanda por software, hardware e serviços relacionados. O segundo porque, com o envelhecimento da população e a demanda por saúde digital, há oportunidades em dispositivos médicos, telemedicina e soluções de saúde conectada. A educação, por sua vez, porque o aprendizado online e a necessidade de constante capacitação impulsionam oportunidades em plataformas educacionais e tecnologias educacionais.
“O crescimento desse canal de vendas (comércio eletrônico) deve-se a um novo tipo de consumidor, que está cada mais conectado e possui expectativas cada vez mais altas, exigindo que as empresas ofereçam experiências on-line mais personalizadas e convenientes. Com o comércio eletrônico é possível agregar valor ao seu produto através de otimização da logística de estoque de mercadorias e entrega rápida dos produtos adquiridos.”
Alan Girão, analista da Unidade de Relacionamento com o Cliente do Sebrae/CE
Para finalizar, Girão ressalta que a inovação permite ao empresário desenvolver a competitividade do seu negócio, tornando-o diferente perante a concorrência e aumentando a visibilidade dos clientes perante práticas que agregam valor ao produto/serviço ofertado. Já o empreendedorismo permite que o negócio permaneça em processo de crescimento, impulsionado pelo desejo do dono em ver seu negócio aumentando seu faturamento, trazendo emprego, renda e resultados positivos para ele, o comércio local e a sociedade.
Saiba mais:
Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e o Ecossistema de Inovação em alta