veículos eletrificados

Dados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) mostram que a demanda por veículos eletrificados continua crescendo. (Foto: Envato Elements)

Os prós e contras dos veículos eletrificados

Por: Gladis Berlato | Em:
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Veículos eletrificados puros ou híbridos? Não há uma única resposta porque as variáveis são muitas. Na era da mobilidade e da sustentabilidade, há diversas opções: Híbrido Leve, Híbrido Completo, Híbrido Plug-in, Elétrico e Veículo a Célula Combustível. Cada um com suas vantagens e desvantagens. Certo, entretanto, é que o futuro é cada vez mais elétrico. Pelo menos é a visão de especialistas e até mesmo de usuários, dada a preferência crescente por algum tipo de veículo elétrico. E o etanol – biocombustível quase neutro em emissões e já distribuído há mais de 40 anos – parece ser o “pulo do gato” brasileiro, permitindo a urgente descarbonização ou desfossilização.


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Preço alto das baterias

Sem compromissos com uma ou outra opção, o consultor Cássio Pagliarini, da Bright Consulting, aponta o preço como a principal diferença entre os híbridos e os elétricos puros, entendendo-se, como veículo eletrificado aquele que tenha um motor elétrico e uma bateria, com ou sem o motor a combustão. No caso do elétrico puro, só tem o motor elétrico a bateria. No caso do híbrido, tem o motor elétrico e o motor a combustão.

Cássio Pagliarini, consultor da Bright Consulting (Foto: Divulgação)

A bateria, portanto, é de longe o componente mais caro do veículo. Quando se compara um veículo elétrico puro e um veículo híbrido, o veículo elétrico puro do mesmo tamanho, com a mesma autonomia, vai custar mais, porque a bateria custa uma enormidade. O professor explica que se analisar um veículo elétrico puro do mesmo tamanho, com a mesma autonomia, o veículo híbrido com uma bateria vai andar um minuto, dois minutos, três minutos apenas.

Para que que serve a bateria? Serve para acumular a energia que o veículo desperdiça ao frear ou ao descer uma serra ou rampa. Essa energia é transformada em eletricidade que vai para a bateria pequena que pode ser aproveitada. “Essa é a grande vantagem dos veículos eletrificados, eles pegam aquela energia que seria desperdiçada com freio, com uma redução do veículo forçada, se transforma em calor, que retorna para o veículo na forma de energia elétrica. No motor a combustão não é possível este reaproveitamento.

Em termos de desempenho, há dificuldade de julgar as vantagens e desvantagens, dada a grande variação de potências de motores elétricos, com maior ou menor potência. Em eficiência energética, o carro elétrico é melhor porque o motor elétrico tem uma eficiência de 98% enquanto no motor a combustão varia entre 27% e 28%. “Nesse ponto, o quilômetro rodado do veículo elétrico fica em um quarto do quilômetro rodado com o veículo a combustão”, compara Pagliarini. Em contrapartida, o elétrico enfrenta o gargalo da infraestrutura, muito limitada fora dos grandes centros, adequando-se apenas a percursos até 200 quilômetros.

Em termos ambientais, o consultor da Bright Consulting diz que no veículo híbrido operando com biocombustível, leia-se etanol, o impacto da sua operação fica muito próximo de um veículo elétrico. “Do berço ao túmulo, os híbridos são menos agressivos à natureza do que os demais por conta das baterias maiores”, finaliza.

Investimentos em tecnologia

Raquel Mizoe, diretora de Veículos Leves e Emissões da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), também não tem resposta pronta. A não ser que algo tem que ser feito no caminho da descarbonização mundial. “A visão é de que o Brasil precisa investir cada vez mais em tecnologias para contribuir com o equilíbrio ambiental, notadamente o aquecimento global”, afirma ela.

Raquel Mizoe, diretora de Veículos Leves e Emissões da AEA. (Foto: Divulgação)

Neste sentido, sem descartar a eletrificação, Raquel Mizoe arrisca apontar os carros híbridos com etanol como a solução mais rápida, dadas as condições favoráveis do País que já conta com uma matriz elétrica limpa. No longo prazo, entretanto, não se pode abrir mão dos carros elétricos puros para atingir as metas de emissões de gases de efeito estufa na atmosfera.

“A indústria automobilística mundial encontra-se em um dos momentos mais importantes de transformação tecnológica, resumida – em princípio – ao divisor de águas entre motores a combustão interna e eletrificados”, escreveu a diretora da AEA em artigo no site da entidade sob o título “Do poço à roda”. O conceito será implementado na fase 2 do Programa Rota 2030, em 2027, para veículos leves e no qual se avalia o impacto do setor de transporte de veículos leves nas emissões de gases de efeito estufa (CO2), considerando-se emissões de CO2 na produção dos energéticos e no uso do veículo.

Híbridos trazem maiores benefícios ao Brasil

Já o estudo elaborado pela LCA Consultores e pela MTempo Capital “Trajetórias Tecnológicas mais Eficientes para a Descarbonização da Mobilidade”, deixa claro que os veículos híbridos flex, 100% de etanol, são a melhor opção em termos de impactos (ambiental, social e econômica) em relação aos carros elétricos puros, a baterias.

O estudo comparativo, encomendado pelo Acordo de Cooperação Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil, mostra que haverá ganhos significativos num horizonte de 30 anos. Entre as principais razões para esta recomendação está o fato de o Brasil já contar com 80% da frota de veículos leves com motores flex, que podem usar integralmente o etanol e, ainda, porque o país não produz baterias.

Demanda de veículos eletrificados em alta

Elétricos ou híbridos, o fato é que a demanda por veículos eletrificados continua crescendo. Dados da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) mostram este cenário. Somente em abril as vendas cresceram 12% sobre março e 217% sobre abril de 2023. No acumulado do ano, o aumento chega a 162%.

Ricardo Bastos, presidente da ABVE. (Foto: Divulgação)

O presidente da ABVE, Ricardo Bastos, projeta para 10% (hoje é de 7,3%) a participação de veículos elétricos sobre as vendas totais ainda este ano, quando passará da marca de 150 mil unidades vendidas. “O Brasil tem condições de avançar com diferentes modelos”, afirma. Ele atesta que os elétricos puros já estão com ótima aceitação em alguns centros urbanos, enquanto os híbridos, inclusive com opções utilizando biocombustíveis, são os preferidos para quem também quer utilizar o veículo para viagens ou como opção eletrificada sem a necessidade de ter carregamento elétrico.

Para Bastos, também os híbridos plugins com autonomia elétrica maior são a escolha de quem quer utilizar o modo elétrico diariamente nas cidades e que também quer se deslocar para longas distâncias sem se preocupar com infraestrutura.

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