Três anos depois de um trabalho articulado entre governo e iniciativa privada e vencidas as etapas de licenciamentos em favor do desenvolvimento econômico e em sintonia com o meio ambiente, o Ceará acolherá um dos mais modernos empreendimentos no Complexo Industrial e Portuário do Pecém.
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Trata-se da Refinaria de Petróleo do Pecém, desenvolvida pela Noxis Energy,que tem como acionistas o Grupo Eitan Aizenberg, de Israel, e a Ariel Participações, formada por investidores brasileiros e estrangeiros com larga experiência na concepção de empreendimentos com esse perfil no Brasil e no mercado internacional.
A Refinaria do Pecém deverá entrar em operação em 2028 com uma capacidade de processamento de 100.000 barris/dia de petróleo. “Com esse volume pretendemos atender toda a demanda de combustíveis do Ceará”, garante Márcio Dutra, diretor-executivo da Noxis Energy.
Segundo ele, a Refinaria de Petróleo do Pecém é o projeto mais avançado da Noxis Energy. Com investimento previsto de aproximadamente US$ 1,3 bilhão, deverá gerar em torno de 3.000 empregos na fase de construção e aproximadamente 200 empregos diretos quando entrar em operação num terreno de 106,6 hectares localizado no setor 2 da ZPE Ceará.
Conexão com transição energética
Autossustentável, a Refinaria do Pecém terá parte do consumo de energia oriundo da energia produzida por placas fotovoltaicas. Também está prevista a utilização de água de reuso do tratamento de efluentes, entre outras práticas que serão adotadas em sintonia com a sustentabilidade dos projetos. “Estamos falando de uma refinaria conectada com a transição energética e com o futuro. Não à toa, além dos produtos refinados, pretendemos produzir SAF utilizando captura de CO² dos fornos e que daremos destino a cada molécula de cada produto, otimizando assim toda a nossa operação”, garante Dutra.
Embora o foco principal seja a produção de combustíveis, como o óleo combustível do tipo Bunker para grandes embarcações, também produzirá diesel marítimo para embarcações menores; diesel destinado aos setores rodoviário e ferroviário, direcionado ao transporte de cargas e passageiros; gasolina, para veículos leves; GLP, para ser utilizado como combustível em aparelhos de aquecimento e equipamentos de cozinha; e o combustível sustentável de aviação (SAF), para o transporte aéreo.
O diretor-executivo da empresa observa que o Estado terá uma oferta de Hidrogênio Verde que poderá ser utilizado junto com a captura de CO², para a produção de metanol e de SAF. “Esse projeto vai permitir uma considerável diminuição na importação de diesel e gasolina para o Brasil, mas principalmente para o Ceará”, comenta, acrescentando que isso resultará em um combustível economicamente mais competitivo e que o consumidor deverá sentir no bolso o impacto positivo de ter uma refinaria desse porte no Estado.
Para que o plano se materialize, é preciso que a Noxis conquiste a Licença de Instalação (LI), prevista para o segundo semestre para, então, dar início às obras. O time, inclusive, já recebeu o reforço do diretor-geral Jorge Lima com experiência em refinarias na Petrobras e com passagem pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Ceará.
Perfil da Noxis
A Noxis Energy Participações S/A é uma empresa de capital privado que iniciou suas atividades em 2018. Fundada por profissionais com conhecimentos e experiência na gestão de refino, trading, logística e engenharia, a companhia é sustentada por parcerias estratégicas no Brasil e no exterior.
Com sede no Rio de Janeiro, a Noxis foi criada com o que há de mais inovador na área de energia. “Somos uma empresa visionária, moderna e flexível, cujo nome reflete sua personalidade como aquela que interliga e potencializa as oportunidades com base em sua proposta de valor”, conceitua Márcio Dutra, diretor-executivo da Noxis Energy.
Status dos projetos
A projeção de investimentos totais na ordem de US$ 4,0 bilhões abrange todos os projetos da Companhia no Brasil. No Ceará, o empreendimento está na fase de licenciamento ambiental e conclusão da estruturação financeira. Em Sergipe, a empresa está atendendo as condicionantes da licença prévia ambiental e iniciando a estruturação financeira, abrindo caminho para os sergipanos terem a sua primeira refinaria.
Na Bahia, a Noxis já obteve as autorizações e incentivos do governo baiano para a instalação da refinaria no Porto Sul, em Ilhéus. Nesse momento, está dando seguimento na estruturação financeira para que em 2025 possa iniciar o processo de licenciamento ambiental.
Mercado potencial
É sabido que o Brasil e a região Nordeste, em especial, possuem uma carência muito grande de combustível marítimo (bunker), diesel e gasolina. Por isso, a Noxis pretende suprir o mercado local reduzindo a dependência do mercado externo e, quem sabe, trazendo a tão sonhada independência energética ao Ceará.
“Entendemos que essa autonomia energética é essencial para garantir o desenvolvimento econômico do Estado.”
Márcio Dutra, diretor-executivo da Noxis Energy
Neste cenário, o Porto do Pecém pode se transformar no principal polo de abastecimento para embarcações na costa do Norte e Nordeste, atendendo também os navios que seguem para a África, América do Norte e Europa. A estimativa é de que o potencial de mercado para este suprimento é da ordem de 5 milhões de toneladas anuais.