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Regulamentação do hidrogênio verde é fundamental para o Ceará

Com abundância de terras, de sol e de vento, o Brasil e o Nordeste particularmente têm condições de produzir o volume de hidrogênio verde que os árabes e americanos permitirem se abrirem mão da geração de energias de origem fóssil. A bem-humorada avaliação é de Fabio Saboya Salles Jr., sócio da Aliança Consulting, que presta consultoria aos projetos das empresas Voltalia e da Fortescue. As duas plantas, já com áreas reservadas no Porto do Pecém, no Ceará, apresentam condições de avançarem até julho de 2025 com a aprovação de seus acionistas, juntamente com o da Casa dos Ventos.


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“Com as três usinas, o Ceará poderá começar a gerar 6 GW de energia verde em 2030 com enormes ganhos para o Brasil.”

Fabio Saboya Salles Jr., sócio da Aliança Consulting

Fabio Saboya Salles Jr., sócio da Aliança Consulting. (Foto: Arquivo Pessoal)

Para que a previsão se confirme, entretanto, há um desafio a ser enfrentado com coragem pelo governo cearense. Conforme Saboya, este tem demonstrado habilidade e vontade política para atrair investimentos inovadores. Ele refere-se à necessidade de agilizar a regulamentação (PL 2308) que institui o marco legal do hidrogênio de baixa emissão de carbono que tramitou demoradamente no Congresso e que agora chegou ao Senado.

Segurança jurídica

Além de maior articulação das forças políticas e empresariais, ele defende a necessidade de garantir plena segurança jurídica aos investidores por meio de ações concretas que assegurem recursos orçamentários estaduais para a construção das estações elevatórias para fornecer a água tratada de reuso para a produção de hidrogênio verde.

Outra discussão envolve os incentivos e subsídios para o setor, que o consultor entende que devam ser analisados à luz dos benefícios que esta energia limpa trará para a cadeia de produção. E lembra o exemplo recente das energias solar e eólica, cujos recursos públicos aplicados estão atraindo crescentes investimentos privados.

O mundo investe em energia verde

A propósito, pesquisa do Goldman Sachs projeta uma necessidade mundial de investimentos da ordem de US$ 5 trilhões a serem aplicados na cadeia de fornecimento direto de hidrogênio verde para atingir a meta de emissões líquidas zero até 2050. Conforme o estudo, somente a Alemanha anunciou aplicações de 9 bilhões de euros na expectativa de multiplicar o valor para 33 bilhões de euros originados de projetos privados.

Outro estudo, sob o nome de Perspectivas globais para o hidrogênio verde 2023: Energizando o caminho para a descarbonização, da consultoria Delloite, aponta que até 2030 a venda de hidrogênio verde pode superar a de gás natural líquido e estimando um mercado anual de US$ 1,4 trilhão até 2050.

Ceará protagonista

“O Ceará poderá ser protagonista neste palco que combina vento, sol e terra”, sentencia o consultor da Voltalia ao enumerar várias condições favoráveis. Após prospectar áreas em mais de 100 sites, a decisão recaiu no Porto do Pecém por várias razões.

Entre as principais vantagens do Pecém, o consultor aponta o calado profundo do Porto, sem restrições para operar cargas. Também destaca a disponibilidade de área contígua de mais de 100 hectares necessários para uma planta como a da Voltalia para a produção de 2 GW a ser instalada na primeira Zona de Processamento de Exportações brasileira consolidada. E, ainda, pela solidez da parceria internacional com o Porto de Roterdã e a proximidade logística com a Europa e suas inúmeras oportunidades de rotas.  

Outro atrativo do Ceará para a escolha da Voltalia, segundo Saboya, foi a continuidade na gestão pública. “Acima de tudo, pesou a manutenção de programas de governo, caso da Educação, o que traz tranquilidade ao investidor quanto à seriedade e à qualificação da mão de obra”, comenta. Ele acrescenta que muito agrada ao investidor o modelo interligado do sistema de transmissão de energia num país gigante como o Brasil como oitava economia mundial.

Usina da Voltalia

Presente no Brasil desde 2006, a Voltalia atua no desenvolvimento e produção de energia renovável, marcando presença em parques eólicos e solares, principalmente na região Nordeste. Já são quase 3,0 GW sob sua responsabilidade no Brasil, tendo outros 7 GW em projetos. No mundo, há empreendimentos em operação e construção em 20 países, com foco em energia eólica, solar, hidrelétrica e biomassa.

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