O mercado de seguros no Brasil tem se mostrado cada vez mais desenvolvido e consolidado com a crescente profissionalização e busca por transferências de risco. Rafael Gouveia, gerente de riscos da Lockton Brasil, com exclusividade à Trends, destaca que o Brasil não possuía uma forte cultura de seguros, mas que a pandemia proporcionou mudanças, como a busca pelas soluções e proteções oferecidas pelo seguro. O movimento sugere um futuro promissor para o mercado, que tende a crescer e se tornar mais utilizado, segundo o especialista.
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Para Gouveia, a criação de uma cultura de riscos é essencial para esse progresso. No âmbito corporativo, poucas empresas no Brasil têm uma abordagem robusta sobre o tema. Nesse cenário, o maior desafio para o setor é o conhecimento, principalmente no que diz respeito a identificação e tratamento desses riscos.
Com a disseminação da educação sobre o tema, espera-se um avanço ainda mais relevante no mercado de seguros no país. No entanto, o gerente de riscos afirma que essa realidade está mudando, com escolas de negócios incluindo Gestão de Riscos e Transferência de Riscos em seus currículos.
[Trends] Rafael, poderia compartilhar um pouco sobre sua trajetória profissional e como você chegou à posição de gerente regional de riscos na Lockton?
[Rafael Gouveia] Comecei como estagiário no Corporate do HSBC. No início de 2016, recebi um convite da JLT Brasil, broker inglês de seguros e resseguros, para ser executivo de contas na regional Nordeste. Passei 4 anos e meio nela. Depois disso, cheguei a trabalhar em uma corretora especializada em Seguro Garantia, Finlandia Seguros e no início de 2022, recebi o convite para assumir o cargo na Lockton Brasil.
[Trends] Como você avalia o mercado de seguros de riscos no Brasil e na América Latina atualmente?
[Rafael Gouveia] O mercado de seguros está bem desenvolvido e consolidado. Estamos vendo uma maior profissionalização e procura por transferências de riscos. Isso é bom. O brasileiro nunca teve uma cultura de seguros muito forte. Após o período da pandemia, vimos uma busca pelas soluções e proteções que ele pode dar. Conseguimos ver de forma mais palpável a ação do seguro. Com isso, o mercado só tende a crescer e a ser cada vez mais usado.
[Trends] Quais são os maiores desafios enfrentados pelas empresas na gestão de riscos?
[R.G.] A criação de uma cultura de riscos é fundamental. Tudo começa a partir dela. Poucas empresas hoje no Brasil (vou falar do mercado corporativo, pelo fato de atuar nele). Falar de seguros ainda é um desafio porque ele não é uma matéria ou um assunto comum abordado nos cursos de Graduação ou Pós-Graduação.
Atualmente, esse fato vem se modificando, pois vemos, cada vez mais, grandes escolas de negócios abordando o tema Gestão ou Transferência de Riscos. Resumindo um pouco, o grande desafio ainda é a educação sobre o tema, sobre o que fazer e como tratar os riscos. Quando começarmos a disseminar esse assunto iremos ver um avanço ainda maior.
[Trends] De que maneira a pandemia impactou a gestão de riscos nas empresas e quais mudanças vieram para ficar?
[R.G.] A pandemia jogou luz em algumas questões de como o mercado de seguros pode ajudar as empresas e ser ferramentas para o negócio. Os mercados de Saúde Suplementar (Planos de Saúde) e de Seguro de Vida foram vitais nesse período tão obscuro que vivemos. Olhando para a proteção empresarial propriamente dita, vimos que muitas indústrias conseguiram ter seus recebíveis (leia-se caixa) protegido por conta da proteção de seguro de crédito, por exemplo.
Um outro produto muito utilizado é o Seguro Garantia (ou mais usualmente conhecido como Seguro Fiança), essa modalidade é uma forma de as empresas ampararem processos judiciais ou retenções de contratos através de apólices de seguro, protegendo ainda mais o caixa da mesma.
[Trends] Quais são as tendências emergentes em gestão de riscos que as empresas devem estar atentas?
[R.G.] Esse é um ponto que muitos especialistas discutem. As tendências que posso destacar na minha opinião são: Seguro D&O (Directors & Offices), que ampara e protege os executivos de possíveis atos de gestão na Pessoa Física, perante a processos judiciais; Planos de Saúde: com a situação do mercado, ter bons consultores (brokers especializados em benefícios) é fundamental; Cyber: proteção fundamental para os novos tempos cada vez mais techs, que estamos vivendo; e Seguros Agrícolas, que estão sendo cada vez mais procurados.
[Trends] A Lockton tem planos de expandir seus serviços de gestão de riscos no Brasil ou em outros países da América Latina?
[R.G.] A Lockton é o maior broker de capital fechado do mundo. A sede fica nos Estados Unidos (Kansas City) e toda a expertise e know-how fica no nosso escritório de Londres. Creio que atualmente a Lockton seja o broker que mais investe na América Latina, reafirmando o seu interesse para com a região.
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