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negócios entre Brasil e Portugal

As exportações brasileiras para Portugal permanecem centradas em commodities, destacando a necessidade de explorar mais esse mercado com produtos de maior valor agregado. (Foto: Shutterstock)

Negócios entre Ceará e Portugal crescem e tendência é aumentar a cada ano

Por: Pádua Martins | Em:
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Depois de amargar alguns desalinhamentos com governos anteriores, os negócios entre Brasil e Portugal agora navegam em mares tranquilos, inclusive com o restabelecimento de acordos bilaterais. O comércio entre os dois países tem crescido em percentuais expressivos e a tendência é de que aumente a cada ano. O Ceará tem participado ativamente do processo e os investimentos no estado recaem no setor de turismo, com excelentes perspectivas para as energias renováveis.


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O ponto de vista é de Raul Santos, presidente da Câmara Brasil Portugal do Ceará (CBPCE) e vice-presidente da Federação das Câmaras Portuguesas no Brasil, explicando que o desalinhamento ocorreu por conta de questões ideológicas nos governos de Temer e Bolsonaro. Em 2023, depois de seis anos de intervalo, as cúpulas anuais entre Brasil e Portugal foram retomadas, com desdobramento em 13 instrumentos de parceria entre as duas nações.

Durante o encontro foram fechados acordos bilaterais contemplando as áreas de educação, proteção de testemunhas, promoção e defesa dos direitos de pessoas com deficiência, energia, geologia e minas, cooperação espacial, produção audiovisual, turismo, comunicação e saúde. “Os negócios internacionais entre os dois países nos últimos anos tem crescido. Em percentuais bem expressivos” – frisa.

O Ceará é o 14º no ranking dos estados exportadores do Brasil em 2024 (janeiro a abril) em relação a 2023, com uma participação de 3% (US$ 6,7 milhões) do total exportado pelo Brasil (US$ 820,4 milhões). Já com relação as importações, o Ceará ocupa, em 2024, o 13º lugar, com participação de 1% (US$ 4,5 milhões) em relação aos US$ 435,7 milhões do Brasil no período de janeiro a abril de 2024. Os dados são do Centro Internacional de Negócios do Ceará (CIN/CE) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).

“O que mais o Brasil exporta para Portugal são produtos alimentares, veículos, materiais de transporte e produtos metalmecânicos. O português olha para ao Brasil atualmente muito interessado na parte do agronegócio, nas questões envolvendo energias renováveis e no turismo. Esses são os principais segmentos de oportunidades. Já o Brasil em relação a Portugal tem interesse na parte de tecnologia, agro e logística, pois Portugal serve como ponto de apoio para o restante da Europa, e também nas energias renováveis.”

Raul Santos, presidente da CBPCE

Ele observa que existem desafios que necessitam ser superados por empresas brasileiras que querem investir, fazer negócios com Portugal. “Primeiramente, é dimensionar o tamanho do investimento, porque ou a empresa somente vai olhar o mercado português, que é pequeno, de dez milhões de habitante, ou ela vai estar de olho na Europa, que é um mercado consumidor de mais de 500 milhões de habitantes”.

Raul Santos, presidente da CBPCE. (Foto: Arquivo pessoal)

O presidente da CBPCE defende a necessidade de um planejamento de investimento muito bem feito, inclusive na definição de linhas de crédito mais linhas adequadas. Atualmente – informa – Portugal tem linhas de desenvolvimento de longo prazo pra determinados projetos, observando, claro, as zonas de investimentos, ou seja, aquelas que tem mais aptidão para receberem mais recursos, como, por exemplo, a região do Alentejo, muita conhecida pela produção de vinhos e pelo turismo, mas que também oferece uma série de oportunidades em outros segmentos.

Outra questão levantada por Raul Santos diz respeito aos desafios enfrentados pelas empresas portuguesas que querem investir no Brasil, sobretudo ligados a questão da instabilidade financeira, decorrentes de constantes mudanças de regras tributárias e formas de comercialização. “Enfim, isso traz um pouco de insegurança, bem como as questões que envolvem contratos. O nosso mercado brasileiro é muito desafiador para os portugueses porque é um país quase equivalente à metade da Europa, em termos populacionais. Outro ponto é a logística, que é algo muito complicado, complexa até. Mas é possível perceber que o português, hoje, está bem interessado em investir no Brasil”.

Câmara Brasil Portugal: ligando pontas de relacionamento

Raul Santos afirma que a Câmara Brasil Portugal exerce, no cenário das negociações, papel de facilitador, justamente por ter uma gama de informações, já que possui network diferenciado, tendo condições de auxiliar no processo de internacionalização de empresas. É bem verdade que a Câmara pactua de uma forma mais intelectual no processo, ligando pontas de relacionamentos estratégicos – frisa, acrescentando que, inclusive, a Câmara tem intensificado a base de associados, verificando os setores e tentando trazer alguns segmentos onde não temos uma representatividade tão forte, como o setor de saúde.

Especificamente em relação ao território de Portugal – informa – a Câmara tem tentado abranger mais regiões, pois normalmente o brasileiro, quando olha para Portugal, centra muito em Lisboa e Porto e as circunvizinhanças. Em parceria com as agências de desenvolvimento português, a Câmara tem buscado outras regiões, como o Alentejo e região do Rio Douro, que tem procurado investimentos. “Estamos tentando sair um pouco da linha do óbvio e vendo onde existem novas oportunidades para que o empresário consiga ter maior efetividade no seu negócio, no seu investimento”.

Investimentos no Ceará chamam atenção, sobretudo no setor turístico

O que chama mais atenção de investimentos portugueses no Ceará é que a maioria está ligado ao setor turístico, o que pode ser constatado com, por exemplo, o Vila Galé, o hotel Dom Pedro e o Luzeiros, isso sem contar com uma série de outros investimentos em pousadas e hotéis de pequenos portes ao longo do litoral cearense. Temos também a parte de energias renováveis, mas o setor principal, mais representativo, é do turismo. Aliás, os investimentos no turismo por parte de empresários portugueses também ocorrem em outros estados do Nordeste.

No entanto, o Presidente da CBPCE acredita que os investimentos ainda são baixos, pois existe espaço para crescer muito, principalmente em dois segmentos: turismo e em energias renováveis. A região do Porto de Pecém é muita parecida com uma região em Portugal, que fica em torno do Porto de Sines e tem grande potencial. Outro investimento importante diz respeito a logística, aqui fazendo menção da TAP, que é “a companhia estrangeira que mais faz ligações entre o Brasil e o exterior. No Nordeste mantém voos para várias capitais brasileiras initerruptamente e vem sinalizando com a possibilidade de ampliar os números de voos”.

“No Ceará já houve uma ampliação de voos. Agora, é necessário crescer também na marítima, com rotas entre os portos portugueses e os brasileiros, sobretudo no Nordeste. Para finalizar, os cabos de fibra ótica, da parte de comunicação, de tecnologia, onde os mais modernos estão no Ceará a saem com direção a África, Europa e América do Norte. Neste setor existe espaço também para empresário português e europeu de forma geral investirem no estado no setor de tecnologia e de dados.”

Raul Santos, presidente da CBPCE

Ceará e Portugal querem ampliar parcerias na área de energias renováveis

As parcerias entre Portugal e Ceará, principalmente em áreas estratégicas como o desenvolvimento de energias renováveis, por meio do Hub do Hidrogênio Verde, além de outras frentes de cooperação, foram os principais assuntos abordados no encontro do governador do Ceará, Elmano de Freitas, no Palácio da Abolição, com o embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, ano passado.

Elmano de Freitas, governador do Ceará, com o embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos. (Foto: José Wagner/Governo do Estado do Ceará)

Na ocasião, o governador Elmano de Freitas destacou a longa, forte e próspera parceria entre Ceará e Portugal durante o encontro, além dos investimentos que o Governo do Ceará vem realizando na área de energias renováveis, por meio do desenvolvimento de projetos ligados ao hidrogênio verde (H2V), e também o marco da produção da primeira molécula de H2V no estado, pela empresa portuguesa EDP em sua planta no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).

O embaixador Luís Faro Ramos ressaltou que o Ceará sempre foi inovador na produção de energias renováveis e agora avança ainda mais. “É uma grande satisfação para nós, portugueses, fazer parte deste projeto ousado e pioneiro de produção de Hidrogênio Verde e também termos uma empresa nacional, como a EDP, participando e desenvolvendo essa tecnologia no Ceará”, destacou o embaixador. O embaixador estava acompanhado de executivos da EDP Brasil – o CEO, João Marques da Cruz, e o diretor de Comunicação, Marketing e Stakeholders, Nuno Rebelo -, e do presidente da CBPCE, Raul Santos.

Balança comercial entre Ceará e Portugal cresce em 2024

O levantamento Relações Comerciais Portugal, realizado pelo Centro Internacional de Negócios do Ceará (CIN/CE) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), revela que, até abril de 2024, os resultados no comércio bilateral entre Ceará e Portugal consolidam o país europeu como importante parceiro comercial. No acumulado deste ano, setores e produtos tradicionais mantiveram e impulsionaram seus desempenhos, “contribuindo, assim, para uma corrente de comércio de US$ 23,5 milhões, com vantagem para o estado brasileiro”.

O estudo mostra que as exportações cearenses se mantiveram constantes, registrando alta de 3% no acumulado do ano e totalizando US$ 6,7 milhões. No ranking dos setores que mais exportaram para o país, todos os segmentos registraram crescimento. Um ótimo destaque foi o setor de frutas, que, mantendo seu histórico de desempenho positivo, aumentou suas vendas em 40% nos meses de janeiro a abril de 2024, totalizando US$ 368 mil. Seguindo a tendência nacional, o setor de combustíveis liderou as vendas para o país, representando 66% do total exportado.

No que diz respeito às importações de produtos portugueses, foi observado um acentuado aumento de 166% no acumulado de 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse incremento – conforme o documento do Cin/Fiec – se deu pelo impulsionamento nas aquisições de setores tradicionais, além do advento de novos produtos. O setor de máquinas e aparelhos elétricos, líder da pauta importadora, obteve um crescimento de 163% no ano.

Da mesma forma – observa o estudo –, houve um aumento significativo nas importações de produtos do setor de gorduras e óleos animais ou vegetais, totalizando US$ 1,8 milhão, um aumento expressivo de 199% em relação ao mesmo período de 2023, com o azeite de oliva extravirgem destacando-se como o principal produto importado desse setor.

A economia portuguesa registrou um crescimento de 0,7% no primeiro trimestre de 2024 em relação ao quarto trimestre de 2023, de acordo com dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Na comparação anual, o PIB português expandiu-se em 1,4% entre janeiro e março deste ano, conforme informado pelo INE. Esses números indicam uma recuperação gradual da economia portuguesa, embora moderada, após os impactos da pandemia.

O documento afirma que a análise econômica enfatiza a importância da diversificação das exportações brasileiras para o mercado português como uma estratégia crucial para impulsionar o desenvolvimento econômico bilateral. Com a demanda crescente por produtos sofisticados e sustentáveis em Portugal, há uma oportunidade significativa para o Brasil expandir sua presença nesse mercado. No entanto, atualmente, as exportações brasileiras para Portugal permanecem centradas em commodities, destacando a necessidade de explorar mais esse mercado com produtos de maior valor agregado.

A abertura de um escritório da APEX-BRASIL em Lisboa e o apoio financeiro do BNDES às empresas brasileiras são passos positivos nesse sentido. Para fortalecer ainda mais as relações econômicas entre Brasil e Portugal, é fundamental adotar uma abordagem colaborativa e estratégica, visando maximizar as oportunidades comerciais mútuas e promover um crescimento econômico sustentável para ambos os países – conclui o levantamento.

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