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A inserção da arte nas construções alcança também o paisagismo e a arquitetura de interiores, valorizando o empreendimento. (Foto: Divulgação)

Arte na construção como estratégia de valorização

Por: Gladis Berlato | Em:
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Hall de entrada ou galeria de artes? A cena, cada vez mais comum, chegou aos projetos dos engenheiros e arquitetos que se associaram aos artistas plásticos para dar a grife que faltava às construções públicas e privadas de alto padrão.


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Aristarco Sobreira, presidente da A&B Incorporações. (Foto: Acervo pessoal)

Quem confirma é Aristarco Sobreira, presidente da A&B Incorporações, que une o design com a experiência em fazer obras de arte ao invés de simplesmente construir casas e prédios. “Queremos oferecer ao cliente e aos stakeholders uma experiência em elegância e diferenciação que remeta ao estado da arte”, afirma ele, certo de que o cuidado estético não só é importante para a vida das pessoas como para a perenidade dos negócios. “Nossa missão é de oferecer o belo que traz felicidade ao morar”, diz.

E assim será no Origem Fortim, um empreendimento de 43 casas “pé na areia”, com valor total de R$ 110 milhões e valor médio por unidade de R$ 2,5 milhões (oito ainda disponíveis). O projeto alia design e experiência num conceito de “novo luxo”, privilegiando tanto o visual quanto as sensações, sem deixar de lado a sustentabilidade. A obra, a ser entregue em setembro, já recebeu o reconhecimento do mercado sendo premiada pelo Sinduscon-CE e Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo (CAU) com o Oscar da Construção.

Igual cuidado está sendo tomado com os 50 apartamentos no Residencial Meireles, com pré-lançamento previsto para outubro, que soma investimentos de R$ 80 milhões (R$ 1,5 milhão por unidade). Em comum, as duas obras contam com o olhar mais contemporâneo e cosmopolita do arquiteto-chefe francês Greg Bousquet.

“Associada à arte, a obra ganha em valor e longevidade porque é atemporal”, garante Aristarco Sobreira, convicto de que com critérios de exclusividade e com poucas unidades é possível manter o alto padrão construtivo evitando que vire commoditie e saia de moda.

Projetos com grife

Otacílio Valente, presidente da Construtora Colmeia. (Foto: Acervo pessoal)

O presidente da Construtora Colmeia, Otacílio Valente, entende a arte como cultura, conhecimento, poder e até vaidade, da mesma forma como é interpretada pelos compradores de seus empreendimentos. O Palatium, assinado por José Guedes, é um marco neste conceito.

Em andamento, o resort BS Ville, no Porto de Dunas, tem valor total de R$ 500 milhões, já com 91% comercializado e com entrega prevista para abril de 2027. Também está em obras o Sky Residencial, com seus 54 andares, que passará a ser o mais alto da cidade ultrapassando os 51 andares do One Residencial. Ambos contam com grifes como o projeto de Daniel Arruda e paisagismo de Benedito Abbud.

Há, ainda, outros dois projetos em desenvolvimento no mesmo padrão, que o presidente da Colmeia guarda sigilo. O fato é que o segmento de luxo vive um bom momento porque, diferentemente da classe média, não depende de financiamento e suas elevadas taxas de juros.

Parceria com a arte

José Guedes, artista plástico. (Acervo pessoal)

Com 50 anos de carreira, o artista plástico cearense José Guedes tem sua assinatura em empreendimentos imobiliários há mais de três décadas, a começar pela escultura no alto do Seara Praia Hotel, em Fortaleza, um marco à beira-mar, além de outros trabalhos espalhados pela cidade.

Com o olhar de quem esteve em exposições internacionais e nacionais, o artista, que coleciona mais de 20 premiações, vê surgir em seu país uma parceria mais firme da arte com o mercado imobiliário. “É cada vez mais comum ver obras de arte interna e externamente em construções residenciais e comerciais”, comenta, a exemplo do que ocorre fora do Brasil em shoppings centers, metrôs, praças e até hospitais.

Outro empreendimento a acolher a obra de José Guedes é o já lançado Edifício Flora, onde um painel ocupa o prédio inteiro no Parque do Cocó, da Construtora Mota Machado. Seu nome aparece junto com outros profissionais conhecidos como os projetistas Francisco e José Hissa, o paisagista Benedito Abbud e a especialista em ambientação, Márcia Cavalcante.

A mais nova assinatura de Guedes ficará por conta da escultura de 5 metros em metal em fase de formatação para o Shopping Verd.  O projeto de Andiara Fernandes – e que simbolizará uma árvore – tem lançamento previsto para agosto. A peça será fixada na praça de alimentação, portanto, acessível ao público.

Simbiose

Jefferson John, presidente do IAB-CE, arquiteto e urbanista. (Foto: Acervo pessoal)

O presidente do Departamento Ceará do Instituto dos Arquitetos do Brasil Ceará (IAB-CE), arquiteto e urbanista Jefferson John, diz que é histórica a simbiose entre arte e arquitetura, que estiveram conectadas desde as grandes obras da humanidade como as Pirâmides do Egito. E assim sobreviveu em vários períodos, apesar das rupturas dos últimos 30 anos. Mais recentemente, a arte voltou a ter presença mais forte, inclusive no Brasil, onde Brasília desponta como a maior referência.

“Embora não represente nenhum metro quadrado construído a mais, a arte é um valor intangível que valoriza o empreendimento”, garante. John lamenta que o fato ainda esteja bastante ligado ao alto padrão e entende que é quase obrigação do Estado fomentar a disseminação da arte no mercado imobiliário.

Cartões postais

Ana Virgínia Furlani, arquiteta. (Foto: Acervo pessoal)

A arquiteta Ana Virgínia Furlani vem observando o avanço da valorização das obras de artes nos espaços residenciais e corporativos. Especialista em arquitetura de interiores, ela fica animada ao ver multiplicar os espaços de galerias, leilões virtuais e presenciais e cursos voltados à arte associados a empreendimentos imobiliários. “Este movimento não se limita a esculturas e pinturas, mas ao mobiliário com cadeiras e mesas diferenciadas que levam a assinatura de algum artista”, comenta.

Ana Virgínia acredita que também a arte popular alçou voos mais altos, integrando espaços nobres e valorizando os projetos. “Ao dar destaque a uma obra de arte, estamos criando cartões postais diferenciados e únicos”, comenta, lembrando da escultura La Femme Bateau, de Sérvulo Esmeraldo, que tombou da ponte na Praia de Iracema há muitos anos e cuja reposição foi motivo de comemoração pública. “É a sensação de pertencimento estampado”, disse.

Simbiose entre arte e arquitetura

Daniel Arruda, arquiteto. (Acervo pessoal)

“Arquitetura é arte em sua origem”, afirma o arquiteto Daniel Arruda.  Ele entende que os espaços estão disponíveis para receber a arte em suas diversas manifestações, seja uma escultura ou outro elemento simbólico, sem necessidades de alterações no projeto construtivo e arquitetônico porque, em geral, são equipamentos que não requerem reforço nos cálculos.

Arruda observa que a inserção da arte nas construções alcança também o paisagismo e a arquitetura de interiores, valorizando o empreendimento. Ele cita o Edifício São Carlos, em Fortaleza, como referência ao acolher esculturas externa e internamente. E o One Residencial, que já nasceu com uma fachada aberta e que em breve terá uma obra de arte em suas dependências. “Qualquer iniciativa nesta linha é bem-vinda”, complementa. 

Lei e arte

Há, inclusive, municípios que contam com leis próprias que obrigam esta prática. Dentre eles, está João Pessoa, na Paraíba, onde a lei nº 11.649 de 12/01/2009 estabelece que edificações com área superior a 1.000 m² deverão conter uma obra de arte original em lugar de destaque e de fácil visibilidade pública.

Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a lei 10.036/06 determina a colocação de obras de arte de visibilidade pública em edificações com 2.000 m². Desde sua regulamentação, há pouco mais de 10 anos, rendeu quase 200 criações de artistas como Bez Batti, Túlio Pinto e Paulo Amaral, estrategicamente localizadas e transformando a cena na capital gaúcha.

A arte transforma

A BSPar  tem em seu portfólio empreendimentos alinhados com a arte. É o caso do icônico edifício BS Design, em Fortaleza. O prédio destaca-se por sua arquitetura moderna e arrojada e conta com elementos que remetem a uma obra de arte, tanto em sua concepção arquitetônica, quanto em sua execução. Trata-se de um empreendimento da BSPar que leva a assinatura do renomado arquiteto Daniel Arruda.

Beto Studart, presidente da BSPar. (Foto: Acervo pessoal)

“A economia e a arte andam juntas porque são parte essencial da construção humana”, afirma Beto Studart, presidente da BSPar. Ele defende quea economia deve ser impulsionada pela arte, por entender o estado da arte como a possibilidade de estar sempre à frente, na perspectiva de inovar e transformar. “Particularmente sou um apaixonado pela arte, pela vida. Tudo a que me proponho fazer, busco a perfeição e como melhor servir a todos, principalmente com o conforto e, na sequência, com o luxo”, finaliza Beto Studart.

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