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exportações para china e brasil

O aumento das exportações para a China contribui para o crescimento econômico, gerando receita que pode ser reinvestida em diversas áreas. (Foto: Envato Elements)

Exportações brasileiras para a China crescem mais de 16 mil por cento em 35 anos

Por: Pádua Martins | Em:
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As relações comerciais bilaterais entre Brasil e China, em 2024, completam 50 anos e os dois países têm muito a comemorar, principalmente o Brasil, que tem naquele país asiático seu principal destino na pauta de exportação. Só para mensurar o quanto é importante o comércio entre eles, em 1989 – portanto, há 35 anos – as exportações brasileiras para a China somavam US$ 628,3 milhões e em 2023 totalizaram US$ 104,3 bilhões, o que representa crescimento de 16.503,2%. Já as importações, também no mesmo período, cresceram 191,2%, ou seja, passaram de US$ 18,2 bilhões para US$ 53,1 bilhões (Valores em FOB).


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O saldo da balança comercial, no mesmo período em análise, passou de -US$ 17,6 bilhões para US$ 51,1 bilhões, o que significa aumento de 390%. De tudo que foi exportado pelo Brasil em 2023 (US$ 339,6 bilhões), a China teve uma participação de 30,7%, o equivalente a US$ 104,3 bilhões, ocupando o primeiro lugar no ranking das exportações. Com relação as importações brasileiras no ano passado, de US$ 240,7 bilhões, os chineses responderam por US$ 53,1 bilhões, 22,1% de participação e também ocupando o primeiro lugar do ranking.

Nos seis primeiros meses de 2024, as exportações para a China somam US$ 51,9 bilhões, o que representa participação de 30,9% em relação ao total das exportações brasileiras no período, de US$ 167,6 bilhões, mantendo a mesma posição no ranking: 1º. No semestre, as importações nacionais totalizaram US$ 125,2 bilhões, das quais US$ 29,9 bilhões da China, representando participação de 23,3% e primeiro no ranking. Os dados são do Comex Stat do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Soja lidera produtos exportados para a China

Dentre os produtos exportados pelo Brasil para China, em 2023, a liderança é da soja, com 37%, seguida, empatados, com 19% cada, óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos crus e minério de ferro e seus concentrados e, com 5,5%, carne bovina fresca, refrigerada ou congelada. Já nos seis primeiros meses de 2024, apesar dos principais produtos serem os mesmos, existem mudanças nos percentuais: soja com 39%; 21% para óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos crus; minério de ferro e seus concentrados com 19%, e 4,8% carne bovina fresca, refrigerada ou congelada.

Já as importações da China, no ano passado, foram bem diluídas, muito embora alguns produtos se destaquem, como, por exemplo, válvulas e tubos termiônicos, de cátodo frio ou foto-cátodo, diodos, transistores, com 10%, seguido por equipamentos de telecomunicações, incluindo peças e acessórios, com 6%, e demais produtos – indústria de transformação, com 4,9%. De janeiro a junho de 2024, os números são: 8,8% para veículos automóveis de passageiros; 8,2% para válvulas e tubos termiônicos, de cátodo frio ou foto-cátodo, diodos, transistores; e 5,3% seguido por equipamentos de telecomunicações, incluindo peças e acessórios.

Aumentam exportações cearenses para a China em 2023

Em 2023, as exportações cearenses totalizaram US$ 2,03 bilhões e envolveram 148 países. Com relação a 2022 houve uma involução de 13,1%, já que naquele ano a soma foi de US$ 2,34 bilhões. Do volume exportado, a China foi responsável por US$ 49,1 milhão, o equivalente a 2,4%. Quando comparado com o resultado de 2022, as exportações para o país asiático, de US$ 38,80 milhões (1,7% de participação), cresceram 26,6%. A cera de carnaúba se destacou entre os produtos mais exportados, evidenciando a demanda chinesa por insumos naturais e especializados do Ceará.

As importações do Ceará da China, no ano passado, representaram US$ 1,24 bilhão, participação de 39,4% da pauta de importação cearense naquele ano, de US$ 3,16 bilhões. O resultado é menor em 8,3% ao de 2022, quando as importações somaram US$ 1,35 bilhões, com participação de 27,6%. Quando comparadas as importações cearenses de 2023 com 2022 houve uma queda de 35,6%. As operações envolveram um total de 93 países.

De acordo com o Ceará em Comex, do Centro Internacional de Negócios do Ceará (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), a China, no ano passado, permaneceu como o principal fornecedor. Ela continua dominando categorias-chave, como equipamentos elétricos, materiais siderúrgicos, maquinários e produtos químicos orgânicos, destacando sua importância e diversidade nos produtos importados pelo Ceará.

Parceria fortalece economia brasileira

Roseane Medeiros, secretária das Relações Internacionais do Governo do Estado do Ceará, afirma que a relação comercial entre China e Brasil é de extrema importância para o crescimento econômico brasileiro. “Através de exportações robustas, investimentos estratégicos e cooperação tecnológica, essa parceria tem ajudado a fortalecer a economia brasileira, diversificar sua base produtiva e promover a resiliência econômica em tempos de incerteza global”.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009 e essa relação se baseia em uma parceria estratégica que vai além do simples comércio, incluindo investimentos, cooperação tecnológica e projetos de infraestrutura – observa, acrescentando que o Brasil exporta uma vasta gama de produtos para a China, incluindo soja, minério de ferro, petróleo bruto e carne bovina. Esses produtos representam uma parte significativa das receitas de exportação do Brasil, contribuindo para o superávit comercial do país. 

A demanda chinesa por commodities brasileiras tem incentivado a diversificação e modernização da produção agrícola e mineral no Brasil. Isso resulta em investimentos em tecnologia e infraestrutura, que, por sua vez, aumentam a eficiência e a competitividade da economia brasileira.

Roseane Medeiros, secretária das Relações Internacionais do Governo do Ceará (Foto: Arquivo pessoal)

Para Roseane Medeiros, a China tem investido substancialmente em diversos setores da economia brasileira, incluindo energia, infraestrutura, agricultura e telecomunicações. Esses investimentos ajudam a criar empregos, desenvolver infraestrutura e aumentar a capacidade produtiva do Brasil. E chama atenção para um fato: durante períodos de crise econômica global, como a crise financeira de 2008 e a pandemia de Covid-19, a forte demanda chinesa por commodities brasileiras ajudou a mitigar os impactos econômicos negativos no Brasil. Isso mostra a resiliência econômica proporcionada por essa parceria.

A secretária analisa que o comércio com a China tem um impacto direto no PIB brasileiro. O aumento das exportações para a China contribui para o crescimento econômico, gerando receita que pode ser reinvestida em diversas áreas, desde infraestrutura até programas sociais. Além do comércio de commodities, há uma crescente cooperação entre Brasil e China em áreas de inovação e tecnologia, como energia renovável e telecomunicações, que podem impulsionar a modernização da economia brasileira e promover o desenvolvimento sustentável. 

Como por exemplo, o setor de energia renovável (investimentos em energia solar e eólica): A China é líder mundial em tecnologia de energia renovável e tem investido fortemente no setor de energia solar e eólica no Brasil. Empresas chinesas têm participado de projetos de construção de parques solares e eólicos, aproveitando o vasto potencial brasileiro nessas áreas. Na Telecomunicações (desenvolvimento da infraestrutura 5G): empresas chinesas, como a Huawei, têm desempenhado um papel crucial no desenvolvimento da infraestrutura de telecomunicações 5G no Brasil. A tecnologia 5G promete revolucionar diversos setores, como agricultura, saúde, transporte e cidades inteligentes, aumentando a eficiência e a produtividade.

“O comércio bilateral entre Brasil e China tem apresentado um crescimento robusto nas últimas décadas. A China tornou-se o maior parceiro comercial do Brasil, superando os Estados Unidos em 2009. Alguns indicadores de crescimento mostram isso, como o fato do volume de comércio entre os dois países ter crescido de forma constante, com um aumento significativo nas exportações brasileiras para a China, principalmente de commodities como soja, minério de ferro, petróleo e carne bovina. Em base de comparação vemos que o crescimento do comércio entre Brasil e China entre os anos 2009-2023 foi de 497%, enquanto com os Estados Unidos da América foi de 237%. Outro indicador é o superávit comercial que o Brasil tem mantido com a China, devido às suas exportações de alto valor agregado em commodities, enquanto importa principalmente produtos manufaturados chineses.”

Roseane Medeiros, secretária das Relações Internacionais do Ceará

Ela explica que vários fatores têm contribuído para o crescimento do comércio bilateral Brasil/China, como o crescimento econômico e a urbanização da China aumentaram a demanda por commodities, beneficiando exportadores brasileiros; o aumento dos investimentos chineses em setores-chave da economia brasileira, como energia e infraestrutura, também impulsiona o comércio, e a assinatura de vários acordos comerciais e de cooperação tem facilitado o fluxo de bens e serviços entre os dois países.

As perspectivas para o futuro do comércio bilateral entre Brasil e China são positivas para Roseane Medeiros e tem como base três principais fatores: Espera-se que o Brasil continue a expandir suas exportações de commodities, especialmente com a crescente demanda chinesa por alimentos e matérias-primas para sustentar seu desenvolvimento econômico; há um potencial para diversificar a base de exportação do Brasil, incluindo produtos de maior valor agregado, como alimentos processados, produtos de alta tecnologia e serviços; e a cooperação em setores emergentes, como tecnologia verde, saúde e inovação, deve fortalecer ainda mais a relação comercial.

Apesar das perspectivas positivas, existem alguns desafios

Para a secretária das Relações Internacionais do Ceará, apesar das expectativas positivas para as relações comerciais entre os dois países, existem alguns desafios e oportunidades que devem ser consideradas, como tensões geopolíticas, especialmente envolvendo a China e outras grandes economias, podem impactar o comércio bilateral. O Brasil precisa navegar essas dinâmicas com cuidado; A crescente demanda por práticas sustentáveis e responsabilidade social nas cadeias de suprimentos pode influenciar o comércio. Ambos os países devem colaborar para atender a essas expectativas.

Observa que investir em inovação e tecnologia será crucial para manter a competitividade e explorar novas áreas de cooperação. No que tange a projetos de infraestrutura, Roseane Medeiros acredita que os investimentos chineses em infraestrutura no Brasil, como portos, ferrovias e energia, continuarão a facilitar o comércio, reduzindo custos e melhorando a eficiência logística. Frisa que iniciativas conjuntas, como a participação em projetos de infraestrutura e o desenvolvimento de zonas econômicas especiais, podem impulsionar o comércio bilateral.

Para concluir, a secretária das Relações Internacionais do Ceará diz que a relação comercial entre o Ceará e a China é de grande importância e tem se desenvolvido significativamente nos últimos anos. A China é um dos principais parceiros comerciais do Ceará, tanto em termos de importação quanto de exportação. 

“O Ceará importa uma vasta gama de produtos da China, incluindo eletrônicos, maquinário, equipamentos industriais, produtos químicos, e uma variedade de bens de consumo. A importação desses produtos é crucial para várias indústrias locais, ajudando a suprir a demanda por tecnologia e insumos industriais que não são produzidos localmente ou que são mais caros de se produzir internamente. Por outro lado, o Ceará exporta diversos produtos para a China, com destaque para commodities como minério de ferro, frutas, e outros produtos agrícolas. O Porto do Pecém tem sido um ponto estratégico para essas exportações, facilitando o envio de grandes volumes de mercadorias para o mercado chinês.”

Roseane Medeiros, secretária das Relações Internacionais do Ceará

Brasil e China têm interesses comuns em setores estratégicos

Na opinião de Igor Maia Gonçalves, advogado especialista no mercado de energia e sócio do APSV Advogados, responsável pelo Setor de Infraestrutura e presidente da Câmara Setorial de Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece), nos últimos anos a China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil, com um fluxo significativo de exportações e importações, consolidando uma forte parceria no âmbito dos negócios internacionais.

Os dois países – frisa – têm interesses mútuos em setores estratégicos, como o de energia, além de uma forte complementaridade econômica nas suas vocações comerciais. Neste ano, houve um aumento bastante expressivo nas exportações para a China no primeiro bimestre, em comparação com o período de 2023. Além disso, é importante destacar que a relação entre os dois países não se limita ao comércio de bens. Essa aproximação tem reflexos, também, em investimentos diretos, projetos de infraestrutura, além das crescentes possibilidades de cooperação em áreas de ciência e tecnologia.

“Como principal destino das exportações brasileiras, a China, atualmente, é um mercado fundamental para setores-chave da nossa economia, com destaque para o agronegócio e a indústria extrativa. O fortalecimento dessa proximidade, além dos reflexos comerciais diretos, favorece a atração de investimentos chineses em áreas estratégicas para o Brasil, como o setor de energia. A China é o principal produtor de equipamentos fotovoltaicos do mundo, o que se alinha diretamente com os planos de desenvolvimento da cadeia de geração no País. Neste contexto, a possibilidade de colaboração em parcerias internacionais, como a que vem sendo observada com a China, é um elemento essencial para o desenvolvimento de negócios e áreas de interesse para o Brasil.”

Igor Maia Gonçalves, presidente da Câmara Setorial de Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro da Adece
Igor Maia Gonçalves, presidente da Câmara Setorial de Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro da Adece. (Foto: Arquivo pessoal)

Ele entende que a avaliação do comércio a nível internacional deve ser feita de maneira sistêmica. Reconhecer a importância de setores, como o do agronegócio e da indústria extrativa, nessa equação comercial é tão importante quanto desenvolver a diversificação de produtos e mercados de forma estratégica e alinhada com os objetivos de desenvolvimento do país. Esse recorte precisa ser analisado de forma integrada à necessidade de criação de um ambiente de negócios que atenda às necessidades e exigências do mercado externo, com desenvolvimento de produtos com valor agregado que permitam e ampliem a inserção do Brasil no cenário internacional de negócios.

No contexto da transição energética, o Brasil, de acordo com Igor Gonçalves, detém experiência relevante no mercado das renováveis, além de grande potencial de exploração deste setor, especialmente nas matrizes solares, eólicas e, mais recentemente, a promessa do hidrogênio verde. Nesta agenda, a China é o maior produtor de equipamentos fotovoltaicos do mundo, com diferencial competitivo de preços. Considerar esse tipo de vantagens é um ponto fundamental para o desenvolvimento do setor de energias renováveis nacional, aumentando a competitividade da cadeia interna e do produto final.

Indagado sobre como fortalecer e expandir as relações entre Brasil e China, o sócio do APSV Advogados explica que as relações bilaterais internacionais envolvem uma série de variáveis. Um destaque relevante se refere à confiabilidade necessária para o desenvolvimento desse tipo de aproximação, que se vincula diretamente à clareza e à simplificação dos processos que envolvem a relação que se pretende construir ou estreitar. No caso do Brasil, temas como a desburocratização do mercado, transparência e investimentos em tecnologia são pautas reiteradas quando abordamos essa agenda. 

Tratando especificamente da China, o desenvolvimento de laços em áreas estratégicas através da cooperação em ciência e tecnologia, educação e cultura são pontos que podem gerar um maior conhecimento e familiaridade entre os dois países e facilitar essa parceria, a partir das complementaridades de suas economias e contextos sociais – conclui.

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