Muito tem se falado sobre a importância e a necessidade de desenvolver a inteligência artificial (IA), potencializando benefícios para as áreas relacionadas ao trabalho, saúde, finanças, automação industrial, jogos, veículos autônomos, dentre outras.
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Esta “inteligência atual” pode convergir com outra modalidade: a inteligência emocional (IE), que compreende a capacidade humana de reconhecer, entender e gerenciar as emoções próprias e as dos outros. Difundida por Daniel Goleman nos anos 1990, a IE amplia a compreensão tradicional de inteligência, que se concentrava predominantemente no quociente de inteligência (QI). Pessoas com alta IE reconhecem as emoções, próprias e daqueles com quem convivem, e as ajustam para adaptar-se ao ambiente ou alcançar objetivos e guiar o pensamento e comportamento.
Cinco habilidades principais, segundo Goleman, compreendem a IE. Autoconsciência, definida como a capacidade de reconhecer e compreender as próprias emoções. Pessoas autoconscientes têm uma percepção clara de suas forças e fraquezas e não temem admitir seus erros. Autocontrole, que diz respeito à habilidade de gerenciar as próprias emoções de maneira saudável. Quem possui autocontrole não permite que suas emoções ditem suas ações de forma impulsiva e é capaz de se manter calmo sob pressão.
A motivação se refere ao desejo intrínseco de alcançar objetivos por razões além de recompensas externas. Pessoas motivadas são orientadas por paixão e persistência, mesmo diante de desafios e fracassos. A empatia, considerada a capacidade de entender e compartilhar os sentimentos dos outros, permite a construção de relacionamentos fortes e de uma comunicação eficaz. Habilidades sociais, que envolvem a capacidade de gerenciar relacionamentos e construir redes sociais. Pessoas com boas habilidades sociais são eficazes em liderança, colaboração e resolução de conflitos.
Indivíduos com alta IE podem motivar suas equipes, gerenciar conflitos e criar um ambiente de trabalho positivo. A capacidade de entender e responder adequadamente às emoções dos colegas pode melhorar a colaboração e aumentar a produtividade, fortalecendo os vínculos e melhorando a comunicação entre as pessoas, o que contribui para equacionar conflitos de maneira construtiva e estabelecer relacionamentos saudáveis.
A inteligência artificial se notabilizou desde 2022, com o lançamento do Chat Generative Pre-trained Transformer (ChatGPT). Todavia, a origem da IA está relacionada às invenções no século XX. Desde então, estudiosos, cientistas, pesquisadores, dentre outros, têm contribuído para o desenvolvimento dessa invenção. Reza a lenda que essa expressão surgiu em 1956, quando John McCarthy a usou durante uma conferência no Dartmouth College.
A IA diz respeito à capacidade de máquinas executarem atividades como conhecimento, raciocínio, resolução de problemas e compreensão da linguagem natural, as quais normalmente são realizadas pelo ser humano. Aprendizado, redes neurais e processamento de linguagem natural compõem essa inteligência, que cria sistemas capazes de reconhecer, interpretar e responder às emoções humanas.
As aplicações disso ocorrem por meio de assistentes virtuais, que detectam frustração ou alegria na voz de um usuário e ajustam suas respostas, ou sistemas de monitoramento de saúde mental que identificam sinais de depressão ou ansiedade a partir da análise de padrões de fala ou escrita.
Siri, Alexa e Google Assistant são exemplos desses assistentes, sofisticados na capacidade de interagir naturalmente com os usuários e de forma emocionalmente inteligente, melhorando a satisfação do usuário e a eficácia da comunicação.
Embora a interseção de IA e IE ofereça muitos benefícios, também levanta questões éticas e desafios. A privacidade é uma preocupação significativa, já que a coleta e a análise de dados emocionais podem ser invasivas. Além disso, há o risco de que a IA emocional possa ser usada para manipular emoções de maneira antiética, como em publicidade ou propaganda. Torna-se imprescindível, portanto, garantir que o desenvolvimento e a implementação dessas tecnologias sejam feitos de maneira responsável e centrada no ser humano.
Enquanto a IE é própria da natureza humana, sustentada na compreensão e expressão das emoções e na complexidade das relações interpessoais, a IA é focada na resolução de problemas de forma prática, com o uso da automação. Não são inteligências opostas, mas complementares, considerando que IA nos permite investir mais tempo e energia em atos e decisões que demandam ética, empatia e criatividade.
A combinação das duas áreas abre novas possibilidades e transforma a maneira como interagimos com a tecnologia e com o mundo ao nosso redor. O equilíbrio no uso e no aperfeiçoamento dessas duas inteligências poderá nos trazer um futuro em que a tecnologia não apenas aprimore nossas capacidades técnicas, mas também contribua para a construção e o fortalecimento de uma sociedade mais empática além de conectada, com interações pessoais e profissionais profundas e duradouras, enriquecendo nossa experiência humana.
*Joaquim Cartaxo é arquiteto urbanista, mestre em planejamento urbano e diretor-superintendente do Sebrae/CE.
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Cultura e inteligência artificial