Em 2023, as exportações de manga do Brasil somaram 266,08 mil toneladas, menores do que o total verificado em 2022, de 231,36 mil toneladas, e de 2021, de 272,56 mil toneladas. Apesar da diminuição no volume exportado em 2023, as receitas obtidas atingiram a marca história de US$ 315 milhões de faturamento, contra US$ 205,91 milhões de 2022 e US$ 248,73 milhões de 2021, até então o ano mais rentável nas exportações da fruta. Os bons resultados foram alcançados mesmo havendo uma leve redução na produção nacional em 2023, estimada em 1,2 milhão de toneladas.
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O Nordeste é o grande produtor de manga do país e se destaca não apenas pelo volume, mas também pela produtividade por hectare. A produção cearense é pequena, mas existem investidores que acreditam no potencial da fruta. Cerca de 93% da manga exportada pelo país são do Vale do São Francisco, sobretudo da Bahia de Pernambuco, que respondem por 47,36% e 45,42% da exportação, respectivamente.
No primeiro semestre de 2024 já foram exportadas 80,26 mil toneladas, maior do que o ano anterior, de 71 mil toneladas, com valores de, respectivamente, US$ 127,72 milhões e US$ 68,66 milhões. Os números são do Observatório do Mercado de Manga da Embrapa Semiárido, localizado em Pernambuco, e tem como base dados do ComexStat, que é o sistema oficial para consulta e extração de dados do comércio exterior brasileiro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Do total exportado de mangas de janeiro a junho de 2024 pelo Brasil, o Ceará tem ainda uma tímida participação, de apenas 1,56%, o que pode mudar significativamente nos próximos anos. A liderança é de Pernambuco, com 51,05%, seguido pela Bahia, com 36,86%, com produção principalmente do Vale do São Francisco; São Paulo, com 4,99%, e Rio Grande do Norte, com 4,38%. Ceará está em sexto lugar, acima do Rio de Janeiro, com 0,33% e outros, com 0,83%.
As exportações se concentraram principalmente na variedade Palmer e Tommy para a Europa. A taxa de câmbio esperada pelo mercado para o final do ano de 2024 é de R$ 5,22 para 1 dólar. Em relação aos destinos, no ano (janeiro a junho), 51,13% das mangas foram enviadas para a Holanda, 25,03% para a Espanha, 7,83% para o Portugal, 7,67% para o Reino Unido e 2,10% para o Chile, seguido pelos Estados Unidos, Canadá e Coreia do Sul, respectivamente com 1,81%, 1,2% e 1,1%.
Sobre as vias de exportação, 86,21% foi marítima e 10,77% foi aérea para os resultados obtidos com as exportações de manga. A taxa de câmbio esperada pelo mercado para o final do ano de 2024 é de R$ 5,22 para 1 dólar. As perspectivas para as exportações este ano são melhores que a do ano passado, em faturamento, muito embora a estimativa seja de volume de frutas menor.
De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ceará, em 2023, produziu (em 3,33 mil hectares) 23,5 mil toneladas de mangas (sequeiro) e a previsão, para 2024 (estimativa de junho) é de que totalize 26,04 mil toneladas (3,30 mil hectares), com crescimento de 10,43%. Já para a manga irrigada, que, no ano passado, atingiu 19,1 mil toneladas (em 955 hectares), a previsão para 2024 é de 19,1 mil toneladas (em 953 hectares), elevação de 0,07%.
Apesar de reconhecer que o Ceará realmente não tem uma tradição em fruticultura, que está concentrada basicamente no melão na divisa com o Rio Grande do Norte, com um polo mais concentrado na região de Icapuí, depois Limoeiro e Quixeré, sobretudo para exportação, Altamir Martins, proprietário e CEO da empresa AGM Crops, acredita no potencial da manga não só para o Estado, mas para o Nordeste. Atualmente, a produção de manga está concentrada em Pernambuco e na Bahia, que detêm cerca de 95%.
O empresário informa, inclusive, que no Ceará existem polos que não estão sendo explorados, que dispõem de muita água no subsolo, clima agradável e duas estações bem definidas, ideais para a manga, que necessita de um período de stress para produzir, para florar bem. “Vejo com grandes potencialidades as regiões de Acaraú, a Chapada do Apodi, Quixeré e Limoeiro. É necessário ter segurança hídrica, o que poderá ocorrer com a transposição das águas do Rio São Francisco”.
Além da segurança hídrica, Altamir Martins afirma ser necessária atração de empresas e alguns incentivos voltados para exportação. Ele acredita que vai demandar um pouco mais de tempo, “mas essa seria, a meu ver, os dois polos para expansão da cultura da manga”.
“É justamente isso que estou tentando fazer (atrair empresas). Uma espécie de empresa âncora no município de Acaraú, onde já temos uma área de que vai chegar agora a 50 hectares de mangas destinadas à exportação. Parece ser uma área pequena, mas hoje, com o espaçamento moderno, é possível produzir cerca de 35 a 40 toneladas de manga por hectare, ou seja, produzir duas mil toneladas de manga. O potencial é enorme, mas o Ceará precisa desenvolver mais sua capacidade de atrair empresários para a região.”
Altamir Martins, proprietário e CEO da empresa AGM Crops
Ele observa que está conseguindo com “absoluto êxito”, introduzir variedade de exportação, contando com tecnologias modernas, de espaçamentos adensados, com variedades que podem produzir duas safras por ano ou até três safras em dois anos, em torno de 80% no total ao ano saindo pelo Porto do Pecém. E se considerar algumas épocas do ano, no caso do primeiro semestre, cerca de 100% tudo passa pelo Porto. Então, além dessa vantagem logística em relação ao Porto do Pecém, tem a questão do clima muita adequado.
O Brasil atualmente – frisa – ocupa a sexta posição de exportador mundial, mas tem muito potencial para crescer. No entanto, o empresário brasileiro tem uma característica: trabalha muito com a diversificação cultural. O que significa que, por exemplo, ao plantar manga, ele também trabalha com uva, coco, etc. Nesse ramo de fruticultura, a diversificação é saudável. Ao contrário de muitos países, que não adotam a diversificação, preferindo optar por uma fruta só, no caso a manga.
Para Altamir Martins, o Brasil tem um enorme mercado interno para manga. Afora os países asiáticos, nenhum outro no mundo tem um mercado interno tão forte. A produção gira em torno de 1,5 milhão de toneladas e a exportação é de 270 mil toneladas, aproximadamente, ou seja, algo em torno de 17% por ano. Cerca de 83% da produção total de frutas é absorvida pelo mercado interno. Claro que tem muitas variedades que são plantadas no Brasil, que faz parte dessa produção.
Porém, nem todas as mangas produzidas são exportáveis. E esse diferencial é importante fazer – ressalta –, acrescentando que, quando consideradas somente as variedades exportáveis, as chamadas mangas de cor (tommy, keitt, kent, palmer, haden, etc.), que são mais aceitas no mercado mundial, é possível chegar a um potencial de exportação de 40%, ou seja, o restante vai tudo para o mercado interno.
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