Para comemorar seus 30 anos, a Queijaria Laguna planejou duas importantes metas para 2024. A primeira, já concretizada, foi colocar nas gôndolas dos supermercados cearenses, a partir de agosto, o seu mais novo produto: o provolone curado e defumado de leite bovino, nunca antes fabricado no Estado. A segunda, já em andamento, é a ampliação da empresa com a construção de uma nova fábrica em Paracuru, município cearense, prevista para ser inaugurada em outubro.
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O investimento no novo empreendimento é da ordem de R$ 5 milhões, todo ele com recursos próprios. A fábrica vai ter pé direito de 5,5 metros e poderá beneficiar até 11 milhões de litros de leite por ano, ampliando a capacidade de produção e a qualidade dos produtos também com a chegada de equipamentos ainda mais modernos do que os atuais. A empresa gera 600 empregos diretos e indiretos, já contanto com a nova fábrica.
A Queijaria Laguna, que data de 1994, mas teve sua origem na Fazenda Laguna, fundada em Paracuru por Nelson Bernardes Prado, em 1980, como um empreendimento familiar, pretende ir cada vez mais além. Exemplo disso, é que a empresa se prepara para abrir mercado em outros estados do Nordeste com outros produtos, um dos quais o queijo provolone.
Maurício Prado, diretor-administrativo financeiro da empresa, observa que, do final de 2018 a 2023, o faturamento da Queijaria Laguna cresceu 130% de forma sustentável e sempre acima de 15% ao ano. A captação de leite da Laguna também saltou de 3,5 milhões de litros/ano, em 2018, para 5,5 milhões litros/ano, ao final de 2023. Para 2024, a projeção é de que 6,4 milhões litros/ano sejam captados – informa.
“Nessa mobilização para ampliar o mercado, a empresa oferece assistência e treinamento aos cerca de 200 pequenos produtores de leite de várias regiões do Estado. Em abril de 2023, a Laguna iniciou um programa de qualificação de produtores locais. Os criadores de rebanho leiteiro são treinados e recebem orientações para melhorar a qualidade da matéria-prima produzida. Como incentivo, a Laguna oferece bonificação para os que obtiverem mais sucesso na adoção das melhores práticas no manejo do rebanho e produção de leite. O programa acontece através de visitas periódicas com a equipe da área de Certificação da Qualidade da Laguna.”
Maurício Prado, diretor-administrativo financeiro da Queijaria Laguna
Sobre a geração de emprego com a novo empreendimento, ele estima que o número chegue a 600 pessoas beneficiadas direta ou indiretamente com a presença da fábrica e da fazenda Laguna em Paracuru. “Os empregos diretos gerados pela indústria e fazenda estão em 130 pessoas, sendo 100 trabalhando diretamente em Paracuru e mais 30 no escritório, em Fortaleza”.
Ele explica que, entre fornecedores locais e agora com a obra da fábrica, cerca de mais 100 empregos indiretos, incluindo fornecedores de alimentação, profissionais de manutenção de equipamentos, manutenção predial, pedreiros, eletricistas, pintores etc. estão diretamente envolvidos com a empresa, que privilegia todo o fornecimento e compra de materiais e outros suprimentos ser prioritariamente do mercado local.
Queijaria Laguna é pioneira na produção de leite bubalino no Ceará
O mercado de queijo fino fabricado com leite de búfala tem crescimento de 20% ao ano no Brasil. O pioneirismo de Nelson Bernardes Prado, ao fundar a Fazenda e depois a Queijaria abriu espaço para essa iguaria no mercado cearense. Depois de 30 anos, a Queijaria Laguna abastece os segmentos de food service, supermercados, hotéis, restaurantes, padarias e delicatessens do Ceará, com 32 tipos de queijos e derivados, com cerca de 60 variações em sua linha de comercialização, sendo seis deles produzidos exclusivamente com leite de búfala.
No Brasil, o comércio da mozzarella produzida com leite bubalino tem estimulado os laticínios a elevarem a oferta. Para a Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos (ABCB), a produção de lácteos de origem bubalina está consolidada e a expansão desse mercado já demanda maior produção de leite, uma vez que, atualmente, 100% do que se produz é transformado em queijo. Números da associação de criadores informam que o mercado de queijo fino à base desse tipo de leite cresce em percentuais que variam de 20% a 30% ao ano, e a tendência é continuar subindo.
Em sua linha de origem bubalina, a Queijaria Laguna oferece queijos como: burrata e mozzarella, essa nas versões bola, barrinha e manta; além de ricota e requeijão. Segundo Maurício Prado, o foco do negócio está nos produtos de linha premium. Desde 2021, a marca migrou para ampliar o mercado de queijos especiais, que hoje representam de 35% a 40% do mix de produtos ofertados.
Os supermercados respondem por 75% das vendas da queijaria e a marca Laguna está presente em redes como Mercadinhos São Luiz, Cometa, Assaí, Pão de Açúcar, Center Box, Lagoa, Mateus e diversas outras redes importantes no segmento do varejo e do atacado. Aliás, Como parte das estratégias de crescimento da marca, a empresa também está investindo no Cantinho da Laguna. O espaço de 145 metros quadrados será dedicado a experiências com a marca, incluindo algum contato com os búfalos.
Mozzarella e provolone são os queijos mais populares no Brasil
Os queijos italianos – a Itália é conhecida por ser o país dos queijos – com Denominação de Origem Protegida (DOP) ultrapassaram os queijos franceses no mercado europeu, segundo dados divulgados pela Italian Trade Agency, em São Paulo. São, ao todo, 53 queijos de origem protegida registrados pelos italianos contra 46 tipos registrados pelos franceses.
No Brasil, com a chegada dos imigrantes italianos, no final do século XIX, muitos desses queijos foram introduzidos e adaptados à gastronomia nacional. Entre os variados tipos de queijo produzidos nas diversas regiões da Itália, o mozzarella e o provolone são os mais populares junto ao paladar dos brasileiros.
A Queijaria Laguna tem ampliado sua atuação no mercado de laticínios e derivados justamente investindo nesses dois produtos. A mozzarella de búfala é pioneira no Ceará, sendo produzida há 30 anos com leite oriundo do rebanho de mais de 500 cabeças da raça Murrah, criada no município de Paracuru, no litoral oeste do Estado.
Este mês, a queijaria inova mais uma vez ao produzir o Provolone Curado Defumado de leite bovino, que até então não era fabricado no Ceará. Um queijo de consistência semidura, textura fechada, coloração interna amarelo-palha e sabor levemente picante, o provolone tem seu sabor acentuado com a maturação e a defumação. E na Laguna o queijo é processado naturalmente, resultando em um produto onde o aroma e o sabor são característicos da nossa região.
Um dos métodos mais antigos na preservação de alimentos, a técnica ancestral da defumação surgiu quando o homem dominou o fogo e precisou conservar peixes e carnes. Hoje, amplamente utilizada na culinária de diversos pratos, a defumação em queijos tem como objetivo agregar particularidades sensoriais ao produto, que interferem em sua tonalidade, sabor e aroma.
De acordo com Nelson Prado Filho, diretor comercial da queijaria, a utilização da defumação natural leva cerca de 12 horas, com a massa curando em fumaça natural fria, indo, em seguida, para a câmara de maturação, onde permanece por volta de 30 a 45 dias, até chegar ao perfil de sabor ideal. “Todo o processo passa por rigoroso controle de gestão da qualidade, e o queijo só é liberado a partir de um padrão de sabor, avaliado sensorialmente, e também pelo perfil físico-químico e microbiológico do Provolone” – ressalta.
Brasil é o quarto maior mercado do mundo
De acordo com publicação do Polo Sebrae Agro, o Brasil é um grande consumidor de queijo, com volume total de 818 mil toneladas em 2021. Com o resultado, o país é o quarto maior mercado mundial, atrás da União Europeia (9.135 mil ton.), dos EUA (5.956 mil ton.) e da Rússia (1.367 mil ton.). Além disso, o setor de queijos é relevante, já que absorve cerca de 40% da produção leiteira do país. O consumo per capita nacional de queijo é de 3,8 kg/ano, muito abaixo da média de 20 kg/ ano dos dez maiores consumidores, o que inclui Dinamarca (28,1 kg/ ano) e França (27,2 kg/ano).
Mas estudo realizado pela Tetra Pak e Lexis Research durante a pandemia de Covid-19, esse comportamento mudou: 46% dos brasileiros afirmaram ter aumentado o consumo de queijos, índice pouco maior que a média global. Um cenário semelhante é observado no consumo brasileiro de queijos especiais/finos, que, apesar de pequeno, na quantidade per capita, vem crescendo: em 2007 esse consumo foi de 5,6 kg/ano; em 2018, passou para 7,1 kg/ano, um aumento de 28%. O preço de venda também aumentou: em 2007, a média era de R$ 6,91/kg; em 2018, R$ 13,54.
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