As ferramentas de monitoramento de sinais vitais, especialmente em atividades físicas, até há pouco restritas a atletas profissionais e a alguns casos médicos de alta gravidade, ganham as ruas e avançam no mercado. São os wearables, os dispositivos vestíveis que estão se transformando em verdadeiros guardiões da saúde ao anteciparem problemas e apontarem soluções. A pandemia da Covid-19 acelerou o interesse por monitoramento da saúde, reforçando, consequentemente, os investimentos de grandes empresas em novos modelos e funcionalidades como Apple, Fitbit e Garmin.
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Pesquisa da Accenture mostra que há potencial a ser explorado porque 52% dos consumidores se interessam por wearables fitness, 46% por óculos inteligentes, e 15%, de um modo geral, gostariam de usar roupas com sensores. Para as mulheres, alguns wearables permitem o acompanhamento de ciclos menstruais, ovulação e fertilidade. O desafio desses dispositivos é conquistar de fato os médicos e instituições de saúde, levando a digitalização para o setor, como fizeram com o mercado fitness.
O designer e mestre em Ciências da Computação, Henrique Pimentel (foto), acompanha o tema de perto compartilhando seus conhecimentos no blog Medicina e Inteligência Artificial (digitalfisher.com.br). Suas pesquisas o levam a acreditar que o Brasil está aberto às tecnologias de wearable voltadas à medicina. O fato, segundo ele, não se limita ao monitoramento e análise de dados clínicos em tempo real. “As demandas têm crescido na indústria médica e hospitais privados e até mesmo no setor público, com vistas a fortalecer a saúde pública e reduzir o tempo de internação em leitos de enfermaria e UTIs”, exemplifica.
Em Recife, onde ele vive, esses dispositivossão temas frequentemente abordados e há iniciativas de competições de startups focadas em saúde. Para Pimentel, os wearables de saúde são verdadeiras maravilhas tecnológicas que tendem a crescer ainda mais com o advento da inteligência artificial. “Com sensores avançados, comunicação sem fio, algoritmos inteligentes e baterias eficientes, os wearables trazem uma revolução na forma de monitoramento da saúde”, explica ele.
Apaixonado pelo tema, o analista destaca que “a mágica por trás desses dispositivos é a tecnologia embarcada”. E cita os sensores biométricos, de frequência cardíaca, acelerômetros e giroscópios e o SpO2, que mede a saturação do oxigênio no sangue. “Para acontecer, o fato requer tecnologias de comunicação sem fio como bluetooth e Wi-Fi que se somam aos algoritmos de processamento, à inteligência artificial e machine learning (cérebros do wearable) e, logicamente, a baterias de alta eficiência”, assegura ele, informando que os fabricantes estão trabalhando duro para melhorar a autonomia das baterias.
Também de Recife (PE), Júlio Dantas, CEO da Neurobots, que tem 90% de seu portfólio focado na área da saúde, aposta no avanço do mercado de wearables. O carro-chefe de sua empresa é a luva robótica controlada pelo cérebro para abrir e fechar a mão. “Graças à interface cérebro-máquina é possível identificar os sinais cerebrais e executar o movimento”, explica.
Durante evento de profissionais de ortopedia e próteses, realizado no início de outubro em Fortaleza, a Neurobots lançou, em parceria com a Mercur, o estimulador elétrico para articulações, o Eleva, adequado para a reabilitação após Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs) e grandes traumas.
O Brasil também segue a trilha promissora dos wearables com diversos projetos em andamento. Um deles é o relógio inteligente que monitora temperatura corporal, pressão arterial, oximetria e batimentos cardíaco em trabalhadores que atuem em áreas de risco (trabalho em altura, confinado, operadores de grandes máquinas, motoristas profissionais). Além disso, o sistema também aciona a central de socorro em caso de necessidade. A intenção é expandir a aplicação para idosos e pacientes críticos.
A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), através do Polo de Inovação do IFF – Instituto Federal Fluminense, deu seu apoio ao projeto, que é fruto de um acordo de parceria entre as empresas Baruq Sistemas & Consultoria, Fiuza Tecnologia, Revitare Clínica Médica e Odontologia ea Unidade Embrapii.
Conforme a equipe de desenvolvimento, o diferencial dessa tecnologia é que o projeto buscou aplicar metodologias de inteligência artificial para monitorar faixas de glicose de forma não invasiva (sem a necessidade de amostras de sangue). A tecnologia também conta com um acelerômetro para detectar quedas e colisões, sobretudo aquelas causadas por impactos ocasionados por acidentes de trânsito.
O dispositivo é completamente autônomo, pois contém o circuito de um telefone celular integrado, além de GPS. Há também um botão de emergência. Quando acionado, informa a uma central a necessidade de um apoio médico ou um resgate, sendo imediatamente informada a localização e as últimas leituras dos parâmetros de saúde coletados pelo dispositivo.
As mesmas empresas têm ainda um parceiro que lançou no mercado soluções tecnológicas para a área da saúde. O valor total do projeto é R$ 1.284.987,12. Dessa quantia, a Embrapii fomentou R$ 428.329,03. O resultado foi a construção de um protótipo, apresentado no evento Rio Innovation Week 2024. Atualmente, as empresas parceiras têm interesse em chegar a um produto final e lançá-lo no mercado. Para esse objetivo, estão submetendo um novo projeto ao Polo de Inovação IFF para elevar o nível de maturidade tecnológica.
Na visão dos especialistas, o fato é que os dispositivos vestíveis estão na vanguarda da transformação na saúde por trazerem mais precisão e até personalização baseada em dados reais.
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