A tokenização de ativos por intermédio de blockchain no agronegócio não é modismo, veio para ficar e a perspectiva é de que cresça de forma acelerada no Brasil e no mundo. É a maneira de viabilizar negócios de forma mais rápida e eficiente por intermédio de plataformas de blockchain. A novidade que está emergindo no agronegócio permite a conversão de ativos (físicos ou virtuais) nos chamados tokens e, ao mesmo tempo que oferece vantagens, tem também desafios.
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De acordo com a Forbes Agro, a tokenização está concentrada principalmente em ativos financeiros, exemplificando que, em 2023, o tamanho do mercado da moeda tokenizada global atingia US$ 17 bilhões – com ativos tokenizáveis do mundo real (RWAs) projetados para valer US$ 26 trilhões até 2030. O Brasil, onde o agronegócio é muito forte, sobretudo na produção de grãos, tem grande potencial para a tokenização.
O secretário Executivo do Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE) do Governo do Ceará, Sílvio Carlos Ribeiro (foto), afirma que a difusão e incorporação da tokenização no agronegócio (empresarial ou de pequenos produtores) comprova como o setor passa por constantes modernizações, incorporando tecnologias, não apenas nas etapas de produção, armazenamento e distribuição de produtos e serviços, mas também nos métodos de financiamento dos produtores rurais.
“A tokenização têm o potencial de fomentar a captação de valores por produtores e, ao mesmo tempo, o investimento no agronegócio, sendo extremamente positivos ao setor. E se imaginarmos uma agricultura 5.0, a tokenização chega como uma ação para este passo.”
Sílvio Carlos Ribeiro, secretário Executivo do Agronegócio da SDE
Dentre os muitos benefícios da tokenização no agronegócio, Sílvio Carlos considera a melhoria da liquidez, uma vez que os agricultores têm a capacidade de converter seus grãos em ativos digitais que podem ser facilmente transacionados, a transparência, a capacidade de rastreamento e a facilidade no acesso ao crédito, já que a utilização de tokens como garantia simplifica o acesso ao crédito, principalmente para produtores de pequeno e médio porte.
Além disso – observa – esse método diminui despesas operacionais e administrativas, uma vez que a informatização das operações diminui os custos operacionais e burocráticos. Outras vantagens são a inexistência de intermediadores e a total disponibilidade do sistema – com isso, a tokenização atrai investidores internacionais, uma vez que o sistema é aberto.
Para finalizar, Sílvio Carlos Ribeiro ressalta que a tokenização tem alguns desafios, como a exigência de assegurar a proteção cibernética; a urgência de avançar na questão relacionadas à educação; a importância de assegurar que a tokenização seja inclusiva e acessível a todos e a ausência de regulamentação clara em relação aos tokens digitais.
Diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e executivo do Instituto Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF), Francisco Matturro (foto) acredita que a tokenização do agronegócio, seja no Brasil ou no mundo, ainda não é grande. Reconhece, no entanto, que o setor tem ficado cada vez mais tecnológico. “O que estamos vendo cada dia mais é o uso de satélites, que determinam a pulverização localizada e o controle de semente. Esse é um movimento que continua crescente”.
Justamente por não vislumbrar atualmente uma grande movimentação no processo de tokenização do agronegócio no Brasil é que Francisco Matturro afirma que não existe vantagens para empresas do setor. E observa: o que continua crescendo no agro é o uso de tecnologias para digitalização, aferição de dados, conferência de tudo que pode existir no plantio para minimização dos riscos, que são inerentes ao setor, pois a safra depende de muitas variáveis, como os climáticos.
Startup argentina de tokenização de commodities agrícolas, a Agrotoken anunciou, no mês passado, o lançamento de uma nova ferramenta para integração, registros e gestão de sustentabilidade através de blockchain, a Traceability & Sustainability Explorer. Em 2022, a Agrotoken abriu um escritório em São Paulo e realizou, na época, a primeira emissão oficial de tokens no país.
A plataforma, segundo publicação da IT Fórum, oferece uma solução simplificada e segura para a emissão, gestão, fracionamento e transferência de certificados relacionados aos esforços de sustentabilidade e é desenvolvida para atender empresas de múltiplos segmentos.
Através da rede blockchain, a plataforma assegura que todos os certificados emitidos sejam confiáveis e imutáveis, promovendo transparência e credibilidade em toda a cadeia de valor. A autenticidade proporcionada pela tecnologia elimina o risco de fraudes e reforça a confiança dos clientes e parceiros comerciais, ao mesmo tempo que facilita a rastreabilidade de cada etapa produtiva.
A plataforma também tem o objetivo de ajudar empresas a monetizar seus esforços sustentáveis, através da transformação de despesas operacionais em ativos financeiros. O sistema permite que os créditos de sustentabilidade sejam negociados, criando novas oportunidades de receita para organizações comprometidas com boas práticas ambientais.
A Agrotoken levantou, em janeiro de 2024, US$ 12,5 milhões em uma rodada de investimentos liderada pela Visa e pela Bunge. À época, Eduardo Novillo Astrada, CEO da Agrotoken, pontuou que o aporte seria destinado para a expansão dos negócios da companhia, de origem argentina, no Brasil.
Fundada por Eduardo Novillo Astrada (CEO) e Ariel Scaliter (CTO), a Agrotoken nasceu em 2020 com o objetivo de trazer ativos do cotidiano para o blockchain, ou seja, a tokenização. Dentre várias opções, eles escolheram começar pela agricultura.
A empresa iniciou suas atividades construindo tokens que representam toneladas de soja, milho e trigo no blockchain, três das principais commodities de exportação da Argentina e da região.
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