Entre as 10 maiores cidades brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte, Manaus, Curitiba, Recife e Goiânia), o segmento imobiliário de luxo vem registrando crescimento constante, representando, em média, 28% do Valor Geral de Vendas (VGV), nos últimos três semestres. Levantamento da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), com base em dados da Geobrain, mostra que o setor de imóveis de luxo – que responde por 5% do total das unidades lançadas – está em plena expansão.
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Trata-se de produtos exclusivos que atendem às expectativas de um público exigente, que não depende de financiamentos e que é atraído por sofisticação, inovação e localização. São compradores que buscam uma melhora na qualidade de vida, além do ganho patrimonial de longo prazo proporcionado por um ativo imobiliário de alta qualidade.
Segundo Luiz França (foto), presidente da ABRAINC, “o fortalecimento da economia e a escassez de terrenos em algumas regiões só aumentam a atratividade dos lançamentos, criando oportunidades valiosas tanto para investidores quanto para compradores”, afirma ele.
Entre os principais destinos para imóveis de alto padrão estão São Paulo e Rio de Janeiro somando R$ 3,8 bilhões e R$ 1,1 bilhão de VGV no 1º semestre de 2024, respectivamente.
Outras cidades como Goiânia (R$ 1,2 bi), Brasília (R$ 798 mi) e Salvador (R$ 381 mi) também tiveram um desempenho expressivo, com fortes crescimentos percentuais no período. São Paulo apresentou o maior valor médio de m² vendido (R$ 28,6 mil); no entanto, em 4 das 10 cidades analisadas, o valor médio de venda superou R$ 20 mil. Em alguns casos, foram registrados empreendimentos com valor médio de venda acima de R$ 42 mil por metro quadrado, também na capital paulista.
Guilherme Werner (foto), sócio-consultor da Brain Inteligência Estratégica, concorda com a Abrainc. “O mercado imobiliário de alta renda tem se mostrado aquecido por uma razão que eu diria simples do ponto de vista de financiamento. Esse mercado não depende de financiamento imobiliário que está complicado para a classe média porque a taxa de juros está muito alta, próximo a 12% com viés de alta em 2025”, comenta.
Para ele, a tendência de busca por imóveis de alto padrão, no caso de Fortaleza, por exemplo, se traduz na demanda por imóveis novos, luxuosos, em prédios de alto gabarito. E cita Camboriú, São Paulo e Fortaleza, a “Dubai do Nordeste”, como praças que têm sustentado esse consumo de alto padrão.
Entre as tendências, Guilherme Werner destaca a preferência por arquiteturas contemporâneas e atemporais, com a utilização de iluminação natural e valorização do paisagismo e da estrutura de lazer, atributos que também remetem à redução condominial com reuso de água e captação de energia nos painéis fotovoltaicos.
O executivo também aponta o surgimento de imóveis com assinatura e certificados pelas práticas de sustentabilidade, em especial imóveis comerciais, shoppings centers e edifícios de escritórios. “Algumas empresas têm metas de só se instalar em prédios certificados como forma de se qualificarem perante importantes clientes”, sinaliza ele.
A valorização da qualidade de vida e a estabilidade econômica que atrai investidores são fatores que incrementam o mercado imobiliário de luxo, na opinião de Patriolino Dias de Sousa (foto), presidente do Sindicato das Indústrias da Construção do Ceará (Sinduscon-CE).
A seu ver, a pandemia mudou as prioridades e os compradores passaram a colocar no topo da lista áreas verdes, espaços amplos e o uso de materiais ecológicos, com o uso de energia renovável e design bioclimático. Além disso, a automação residencial e a integração de tecnologias como inteligência artificial para controle de iluminação, climatização e segurança se tornaram essenciais. “O consumidor de imóveis de luxo busca mais do que uma residência: ele procura uma experiência”, ilustra.
O presidente cita Fortaleza como um mercado que tem se consolidado no mercado de imóveis de luxo no Nordeste. Áreas como Meireles, Aldeota e Cocó concentram empreendimentos que combinam localização privilegiada, design sofisticado e infraestrutura de ponta. Aponta a Beira-Mar como um dos locais mais cobiçados, com projetos que oferecem vistas deslumbrantes e integração com áreas de lazer exclusivas. Também cita a expansão do mercado de segunda residência na região do Porto das Dunas e do Litoral Leste, o que reforça o papel estratégico do Ceará como destino de alto padrão.
“O mercado de luxo é um importante vetor econômico, gerando empregos diretos e indiretos e menos sensível a crises econômicas, o que o torna uma opção segura e atrativa para investidores”, afirma Patriolino Dias, certo de que o crescimento desse mercado, embora de nicho, tem impulsionado a construção civil e fortalecido a economia local com efeitos multiplicadores na economia brasileira.
Para Aristarco Sobreira (foto), presidente da A&B Incorporações, o cenário econômico favorece o mercado imobiliário de luxo porque a economia brasileira está com taxas de juros e inflação controlados. Adicionalmente, ele entende que o pós-pandemia trouxe maior clarividência da experiência acumulada, vivida e experimentada. O amadurecimento deste mercado já encontra eco no Brasil. Os brasileiros buscam experiências diferentes e produtos que são objeto de desejo.
Na sua visão, Aristarco divide o mercado de luxo em dois. Num paralelo com a moda, que tinha alta costura e a alfaiataria sob medida e outro, também de luxo, mas mais acessível. “A experiência da moda se repete no mercado imobiliário que tem o alto luxo para poucos e o novo luxo que envolve pessoas com bom poder aquisitivo e que buscam obras de arte”.
São Paulo, inegavelmente, desponta como o grande líder pela força e pujança de sua economia. E o Nordeste, em especial o Ceará, está muito bem posicionado pela questão do sol, dos esportes náuticos e da hotelaria de alto luxo que se uniu à arte e à arquitetura, valorizando o uso do orgânico e da natureza. “Estes são os vetores da nova tendência”, ilustra.
“O futuro do mercado de imóveis de alto padrão é da busca do sol aliado à boa gastronomia em locais de boa e acessível infraestrutura”, afirma ele. Trata-se de um mercado que está integrado à matriz energética diversificada e sustentável. “Mais recentemente, a energia eólica e a solar ganharam força, além do hidrogênio verde, o que apontam as vantagens para o Ceará e que modificarão significativamente a economia do Brasil e do Ceará”.
O Origem Fortim, produto da A&B Incorporações, entregue em setembro, carrega os predicados do mercado imobiliário de luxo aliado à natureza. Sua premiada arquitetura é moderna, contemporânea e limpa. O design é o ponto principal, tudo envelopado pelo respeito ao meio ambiente. Nenhum aterro foi feito, não teve pavimentação, as casas foram simplesmente clicadas em cima do terreno onde não há circulação de carros, que ficam no estacionamento, liberando as alamedas para a cisculação das pessoas a pé, de bicicleta ou nos carrinhos de golfe. “Este é o conceito do novo luxo”, finaliza Aristarco Sobreira.
Otacílio Valente (foto), presidente do Grupo Colmeia, atribui o aquecimento do mercado imobiliário de alta renda ao simples fato de não depender de financiamento imobiliário, diferentemente da classe média, que enfrenta taxas de dois dígitos, próximo a 12% e com perspectivas de alta para 2025. “O que se percebe em Fortaleza é que existe uma demanda por imóveis novos e luxuosos, prédios de gabarito mais alto porque as pessoas que moravam em apartamentos mais convencionais estão migrando para esses prédios altos”, comenta.
A realidade encontra exemplos em Camboriú (SC), em São Paulo (SP) e em Fortaleza (CE), a “Dubai do Nordeste”, por estar sustentando esse consumo de alto padrão. Uma tendência que começa a ganhar fôlego, na análise de Valente, é a dos imóveis com assinatura. Recentemente, São Paulo anunciou que terá um empreendimento também com a assinatura de uma grife internacional. Os fabricantes de carro, como a Porsche, por exemplo, também anunciaram empreendimentos em São Paulo.
Vocacionada para o mercado imobiliário de alto padrão, a BSPar Incorporações é uma marca presente neste segmento há 17 anos e que busca o reconhecimento do cliente pela inovação e confiança, o que lhe garantiu nível de excelência (83) na pesquisa de satisfação e fidelidade Net Promoter Score. “Mais do que a necessidade de aquisição do imóvel, o cliente quer a realização de um desejo”, conta a diretora comercial Renata Santos (foto), que avalia como favorável o mercado imobiliário de luxo que está aquecido de maneira coerente.
“Não é qualquer imóvel de alto padrão que vende”, explica, ao informar que, no caso da BSPar, a estratégia começa com a escolha de uma localização altamente privilegiada aliada a um produto de elevado padrão que levará sua marca. Atualmente, a empresa está empenhada no projeto da Quadra BS, de 10 mil m², situada no coração da Aldeota e que reúne residencial e comercial de alto luxo, com um mall com área de convivência. O primeiro empreendimento, o BS Gold, já está em obras. No próximo ano será lançada a parte comercial, o BS Steel, e outro residencial.
A expectativa, segundo Renata, é de fechar o ano de 2024 com um crescimento de 25% sobre o faturamento de 2023, que já foi um ano promissor. Para 2025, a projeção é de colocar no mercado, no mínimo, mais quatro projetos nos quatro segmentos de atuação: a segunda residência (praia), loteamento, residencial vertical e residencial horizontal.
O cenário econômico favorece os dois extremos do mercado imobiliário em geral: os imóveis de luxo e os imóveis populares com crédito subsidiado, o que deve permanecer até que se consiga um equilíbrio fiscal que possa garantir taxas de juros menores para a inclusão da classe média, hoje fora desse circuito. Para 2025, a perspectiva é de juros mais altos, favorecendo ainda mais o segmento imobiliário de luxo, onde a compra é emocional e alicerçada em upgrades.
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