industria automotiva brasileira

Num cenário com 3,5% de crescimento do PIB, inflação de 4,9% e juros de 12,25%, a indústria automotiva brasileira rompeu barreiras: fechou o segundo semestre como o melhor dos últimos 10 anos.

Indústria automotiva brasileira tem futuro promissor (e limpo)

Por: Gladis Berlato | Em:
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No que depender da diversificada matriz energética verde-amarela, o Brasil pode vislumbrar um futuro promissor entre os grandes players da indústria automotiva mundial. Tecnologicamente ao lado dos grandes fabricantes globais, a indústria brasileira já é base de exportação para grandes mercados e conta com o maior dos diferenciais em tempos de responsabilidade ambiental: tem uma vasta lista de opções energéticas a partir da riqueza natural, que harmonizam com o meio ambiente.


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O desafio está na ainda incipiente e deficiente infraestrutura de suporte a automóveis e caminhões elétricos e cada vez mais conectados, o que exige suporte mais robusto para atrair os prestadores de serviços que envolvam dados.

Falta de infraestrutura

O presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Marcus Vinicius Aguiar (foto), diz que o Brasil está muito bem posicionado quando se fala em tecnologia aplicada à redução de emissões de gases de efeito-estufa. Ele refere-se ao histórico nacional favorável com o biocombustível a partir do etanol que permitiu a consolidação de uma frota flex expressiva. No segmento comercial, com o biodiesel, também o País protagoniza boa performance com a gasolina brasileira com 27% de etanol e rumo a 35%.

Aguiar cita o biodiesel vegetal, com os óleos de soja e milho, e com restos de animais como a banha de porco, que dão suporte ao avanço dos veículos comerciais (caminhões). “Temos ricas alternativas bioenergéticas para agregar ao diesel”, ilustra. E tem, ainda, o hidrogênio verde, com destaque para a região Nordeste, além do gás natural e o biometano, já utilizados por algumas empresas no transporte pesado. “Sabemos que temos desafios, como é o caso do gás, cujo uso se limita a algumas rotas específicas em função da falta de correspondente infraestrutura em um país continental”, comenta.

Quando se analisa a área de automóveis, o gap também ocorre nas deficiências físicas, caso dos carros elétricos que, embora estejam em franca expansão mundial, na liderança absoluta da China, no Brasil ainda falta escala para justificar fábricas locais de baterias e rede de carregamento. “Nosso futuro é híbrido”, afirma o presidente da AEA, pelo menos considerando o curto e médio prazos. Ele cita ações que ajudam a encurtar este caminho como o Programa Mover, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, que ampliou o olhar sobre o potencial deste mercado e onde o etanol e o biodiesel levam vantagem em relação ao mundo.

Novas tecnologias de propulsão

As áreas de produção, vendas e distribuição de autoveículos concordam e classificam 2024 como um ano memorável. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) lidera esta avaliação positiva, juntamente com a Fenabrave e o Sindipeças. Num cenário com 3,5% de crescimento do PIB, inflação de 4,9% e juros de 12,25%, a indústria automotiva brasileira rompeu barreiras: fechou o segundo semestre como o melhor dos últimos 10 anos (+26,2%), com emplacamentos 32% maiores e exportações que avançaram 44,2%. O setor encerra o ano com o maior crescimento entre os principais mercados globais e projeta um novo salto para 2025.

“Esperamos começar o ano nesse ritmo acelerado e fazer de 2025 o último degrau antes da volta ao patamar dos 3 milhões de unidades vendidas”, avalia o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite (foto). O ano de 2024 deverá fechar com 2,65 milhões de autoveículos emplacados e a entidade projeta vendas de 2,802 milhões de unidades em 2025, um mercado interno impulsionado pela estagnação das exportações desde 2022. Em contrapartida, impressiona a alta das importações, que cresceram 31,5% (463 mil unidades no total), puxadas por veículos vindos de fora do Mercosul, sobretudo da China.

O Márcio de Lima Leite aposta nas novas tecnologias de propulsão como aliadas para alcançar a meta de 2025 de um crescimento de 6,8% no volume de produção, o que representa 2,749 milhões de unidades. Essa alta deverá ser concentrada totalmente em veículos leves, com 7,3%. Para caminhões e ônibus, a previsão é de uma produção no mesmo patamar de 2024 – 169 mil unidades.

Na avaliação do presidente do Sindipeças, Cláudio Saadi, ao contrário do resto do mundo, o Brasil sabe a rota tecnológica a ser seguida com previsibilidade, o que anima e atrai os investidores. Não por outra razão, 2024 experimentou o maior ciclo de investimentos da história do segmento, superando os R$ 180 bilhões (R$ 50 bilhões dos quais da indústria de autopartes).

Por opção ou por obrigação, o fato indiscutível é que o crescimento do setor automotivo, motor da indústria brasileira, está intrinsicamente vinculado a um desenvolvimento harmonioso com o meio ambiente.

projeções para a indústria automotiva brasileira em 2025

Mobilidade elétrica

Na busca por um equilíbrio com o meio ambiente, o Brasil aposta no carro elétrico, apesar das deficiências de infraestrutura (carregamento). Para Stela Kos (foto), diretora de Mobilidade Regional da América do Sul e México na TÜV Rheinland e membro do Pacto Global das Nações Unidas para promover a sustentabilidade, o ritmo de adoção de tecnologias limpas de indução, como a elétrica, ainda é tímido no mundo.

Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), no primeiro semestre de 2024 foram emplacados 94.616 veículos leves eletrificados, que inclui elétricos e híbridos, ultrapassando número de 93.927 – volume de vendas registrado durante todo ano de 2023. São mais de 300 modelos diferentes. A participação dos eletrificados no mercado de novos está em 7%. Até julho, contabilizou-se 315.047 veículos elétricos e híbridos leves em circulação no país.

Além da falta de infraestrutura, a rápida mudança da tecnologia, com o aumento da autonomia dos veículos, e a guerra de preços das montadoras também impactam o consumidor. Stela Kos têm observado que a “alta temperatura” do mercado brasileiro de eletrificados junto ao fim do incentivo fiscal fez com que montadoras chinesas criassem um estoque local de mais de 80 mil unidades, segundo a Anfavea – o que poderá intensificar a guerra de preços nos próximos meses.

Apesar dos entraves, a especialista entende que o futuro é elétrico e torce para que os 4.600 postos em território nacional, ainda muito concentrados no Sul e no Sudeste, alcance a meta da ABVE de 10 mil postos em dois anos. “A transição completa para uma mobilidade sustentável dependerá não apenas de inovações tecnológicas, mas também de políticas governamentais eficazes e do compromisso das montadoras em fornecer opções acessíveis aos consumidores”, afirma ela.

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