O Brasil possui condições geográficas e climáticas privilegiadas para o desenvolvimento da energia eólica offshore. O litoral extenso e ventos constantes em regiões como o Nordeste e o Sul criam um cenário ideal para a instalação de parques eólicos no mar. Segundo estimativas do governo, o potencial eólico offshore brasileiro supera 700 GW, o que corresponde a mais de três vezes a capacidade instalada de energia elétrica de todo o país atualmente.
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Esse recurso abundante, aliado ao novo marco regulatório, atrai o interesse de investidores nacionais e internacionais. Algumas empresas já assinaram acordos de cooperação para explorar o setor, destacando o otimismo em torno do crescimento do mercado eólico offshore no Brasil. A expectativa é de que os primeiros projetos comerciais comecem a operar até o final da década, consolidando o país como um dos maiores produtores de energia eólica offshore do mundo.
Para que essa expectativa se torne real, é importante falar sobre a nova legislação que define diretrizes claras para a exploração do potencial eólico no mar, incluindo a regulamentação de contratos de cessão de uso de áreas marítimas, exigências de licenciamento ambiental e consulta prévia com comunidades afetadas. A lei também estabelece requisitos para a restauração ambiental das áreas exploradas, garantindo que o desenvolvimento da energia offshore ocorra de maneira sustentável e respeitando as práticas locais.
Com essa estrutura, o marco regulatório oferece segurança jurídica para os investidores e facilita o acesso a financiamentos. A clareza nas regras é fundamental para atrair capital estrangeiro e estimular a criação de uma cadeia produtiva robusta no setor, abrangendo desde a fabricação de turbinas até a logística e manutenção dos parques eólicos.
Um dos aspectos mais promissores do desenvolvimento da energia eólica offshore no Brasil é sua sinergia com a produção de hidrogênio verde. Esse combustível, produzido a partir da eletrólise da água usando energia renovável como fonte de energia, é considerado uma solução estratégica para descarbonizar setores como indústria pesada, transporte e na geração de eletricidade.
Com o crescimento da energia eólica offshore, o Brasil tem potencial para se tornar um dos principais produtores e exportadores de hidrogênio verde no mundo. Os parques eólicos no mar podem gerar eletricidade em larga escala, abastecendo unidades de produção de hidrogênio verde localizadas próximas à costa. Isso não apenas aumenta a eficiência do processo, mas também reduz os custos de transporte e armazenamento do combustível.
Projetos pioneiros já começam a surgir no país. Algumas empresas multinacionais do setor de energia têm planos para construir uma planta de hidrogênio verde em conjunto com o desenvolvimento de parques eólicos offshore. Iniciativas como essa posicionam o Brasil como um player estratégico em um mercado global que deve movimentar trilhões de dólares nas próximas décadas.
O desenvolvimento da energia eólica offshore e do hidrogênio verde traz uma série de benefícios para o Brasil. No campo econômico, estima-se que a construção e operação dos parques eólicos possam gerar milhares de empregos diretos e indiretos, além de estimular a indústria nacional de componentes eólicos.
No aspecto ambiental, a expansão da energia renovável contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa e diminui a dependência de combustíveis fósseis. O hidrogênio verde, por sua vez, oferece uma alternativa limpa para setores que enfrentam dificuldades em adotar outras fontes renováveis, como o transporte marítimo e a indústria de aço.
Quando olhamos para o cenário local o Porto do Pecém é uma vantagem competitiva do Ceará frente aos demais estados do Nordeste, pois possui boas conexões marítimas além de capacidade de suporte para grandes projetos industriais, incluindo espaços para montagem e transporte de turbinas eólicas offshore, equipamentos volumosos e estruturas pesadas.
Apesar do otimismo e das vantagens claras do Ceará para a geração de energia a partir das eólicas offshore e consequentemente para a produção de hidrogênio verde, o desenvolvimento da energia eólica offshore no Brasil enfrenta desafios significativos. Entre eles estão o alto custo inicial dos projetos, a necessidade de infraestrutura portuária adequada e a complexidade do licenciamento ambiental.
Além disso, a integração da energia gerada offshore com o sistema elétrico nacional requer investimentos em transmissão e planejamento, o sistema de transmissão hoje não suporta o que está sendo gerado pela energia das eólicas onshore e por isso os parques eólicos tem sofrido a prática do curtailment, onde a geração precisa parar pois a rede não suporta, consequentemente o sistema elétrico nacional com a estrutura de hoje não suportaria a inserção da energia eólica offshore, portanto é preciso que seja desenvolvido um planejamento seguido por obras de reforço nas linhas de transmissão considerando a inserção da geração das eólicas offshore.
Apesar dos problemas, com o suporte do marco regulatório e o crescente interesse de investidores, as perspectivas são promissoras. O Brasil tem a oportunidade de liderar a transição para uma economia de baixo carbono, aproveitando seus recursos naturais para desenvolver uma matriz energética ainda mais limpa e diversificada.
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