O Banco Central (BC) destacou três riscos principais para a política monetária: a desancoragem das expectativas de inflação, o superaquecimento da economia e os impactos de políticas econômicas sobre o câmbio. A avaliação foi apresentada na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira (4).
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Segundo o documento, parte dos riscos de alta para a inflação já se concretizou, mas o BC considera que permanecem relevantes. O Comitê apontou que as expectativas inflacionárias seguem pressionadas, inclusive para prazos mais longos, e ressaltou a influência da atividade econômica aquecida, especialmente sobre os preços de serviços.
O BC também alertou que a condução das políticas econômicas internas e externas pode impactar a inflação, com efeitos diretos sobre a taxa de câmbio. A ata citou incertezas sobre a política econômica dos Estados Unidos, mencionando possíveis estímulos fiscais, restrições no mercado de trabalho, tarifas de importação e mudanças na matriz energética, que podem afetar os fluxos de capital para economias emergentes.
O Copom reconheceu o risco de desaceleração mais intensa da economia brasileira, o que poderia reduzir a inflação, mas destacou que o cenário-base já contempla uma perda de ritmo e não há sinais de uma queda abrupta na atividade.
O Banco Central também informou que suas projeções indicam que a inflação acumulada em 12 meses deve permanecer acima do limite superior da meta nos próximos seis meses, configurando um descumprimento do objetivo em junho. No novo regime de metas, a inflação deve ficar dentro do intervalo de tolerância por pelo menos seis meses consecutivos para que o BC considere o alvo cumprido.
Sobre o crédito, a autarquia avaliou que o mercado bancário apresenta sinais de desaceleração, enquanto o segmento de títulos privados segue mais dinâmico do que o esperado. A ata também reafirmou que a percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida pública continua influenciando os preços de ativos, indicando a necessidade de alinhamento entre as políticas fiscal e monetária.
Na reunião da última quarta-feira (29), o Copom elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano, e manteve a indicação de nova alta na próxima reunião, deixando os passos seguintes em aberto.
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