Mercado empreendedor sênior em alta

Por: Gladis Berlato | Em:
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empreendedorismo sênior

Os principais diferenciais do empreendedorismo sênior são o domínio e a experiência acumulada que podem ser aplicadas, sobretudo, no setor de serviços, permitindo uma entrega maior. (Foto: Envato Elements)

Aposentadoria nem sempre é sinônimo de descanso ou inatividade. Pelo menos não para boa parte dos empresários com mais de 60 anos que, por necessidade ou por perfil, decidiram empreender, agregando maturidade e experiência ao negócio.


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Levantamento do Sebrae sobre empreendedorismo sênior baseada em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que existem mais de 4 milhões de seniores donos de negócio, representando 13,5% do total de donos de negócios existentes no Brasil (29,8 milhões). Houve aumento de 42% na quantidade de empreendedores com 60 anos ou mais.

Longevidade alimenta empreendedorismo

Se a garra e a motivação da juventude alimentam a roda do empreendedorismo, a experiência e a bagagem do segmento sênior não apenas mantêm como dão solidez e longevidade aos negócios. Para o gerente de Gestão do Sebrae Nacional, André Spínola (foto), o empreendedorismo sênior vai continuar crescendo pelo contingente da população que supera os 60 anos. “A longevidade está cada vez maior com pessoas ainda em condições produtivas”, avalia.

André Spínola analisa que a curva ascendente se deve também à necessidade financeira de complementar ou buscar uma renda. “Este é o ponto de atenção”, ilustra, apontando que essa categoria sênior trazem a bagagem construída ao longo da vida profissional, quando deixam de ser assalariados e vão abrir uma empresa num Brasil onde há preconceito com a economia prateada.

Os empresários seniores no Brasil têm renda 41% maior do que os empreendedores jovens. Quase 90% dos donos de negócios seniores atuam há dois ou mais anos na atividade, segundo pesquisa do Monitor Global de Empreendedorismo (GEM), realizada pelo Sebrae juntamente com a Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe).

tabela sobre empreendedorismo sênior

Mais do que saber técnico

A ex-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Ceará (ABRH-CE), Janete Bezerra (foto), destaca como diferenciais do empreendedorismo sênior o domínio e a experiência acumulada que podem ser aplicadas, sobretudo, no setor de serviços, permitindo uma entrega maior. “Enquanto os jovens buscam saber o que a empresa tem a oferecer, as gerações mais experientes querem saber como podem contribuir mais”, cita ela como uma vantagem importante.

Janete Bezerra classifica este como um mercado interessante. Sim, há preconceitos etários, mas que é possível harmonizar, conjugando mais os verbos agregar, compartilhar e trocar. “Aqui está mais em questão a mentalidade do que a idade”, garante ela, fruto de sua vivência nas mentorias que presta.

A presidente também aborda a questão dos nativos digitais que já chegam ao mercado atualizados com a cultura tecnológica. Nesse sentido, ela testemunha que a experiência e a maturidade, de novo, jogam a favor dos empreendedores seniores que entendem a importância da tecnologia e buscam corrigir sua fragilidade com humildade junto aos mais jovens.

Dicas práticas

Para prosperar não basta ter conhecimento técnico e domínio sobre o que faz. O empreendedor sênior precisam ter capacidade de gestão e conhecimentos de finanças e do mercado, o que requer network. “Você, empreendedor, é uma empresa”, afirma ela, acrescentando que um negócio requer habilidades, relacionamentos comerciais e bons aliados, porque “não é só entregar, é preciso vender antes”.

Orgulho de ser queijeira

Maria Elisa de Almeida (foto, á direita) é um desses casos. A carioca de 71 anos, advogada, resolveu dar uma virada na vida junto com o marido, Jorge Bezerra (foto, à esquerda). O casal, que já frequentava o Sítio Primavera, em Lima Duarte (MG), decidiu sair do Rio de Janeiro e morar no sítio, onde já mantinham relacionamentos sociais e familiares de longa data. “Quando veio o projeto de aposentadoria, definimos, em 2014, que este seria o nosso lugar”, afirma Maria Elisa. Pedras enormes, um lago e um curral compunham o cenário, onde o sonho começou.

“Perguntamos para a Emater o que se faz aqui”. O leite produzido na região era vendido para os laticínios, mas o queijo deixou de ser produzido por pequenos produtores. “Fiquei tão triste com essa notícia que resolvi que esta luta passaria a ser minha”, afirmou, correndo atrás de informações e cursos do Senar, Cândido Tostes, Viçosa, livros e seminários do Sebrae. “A família comeu muito queijo ruim até conquistarmos as primeiras medalhas de qualificação”, comemora ela, que comanda uma pousada e uma queijaria.

No Sítio Primavera, Maria Elisa produz nada menos do que os premiados Queijos Primavera: QMA (Queijo Minas Artesanal) a base de leite cru e sal, com maturação de 30 dias, e o Queijo Minas Artesanal ao Vinho (QMA) de 30 dias mais 7 no vinho.

A produção inicial de 30 litros/dia de leite passou para 100 litros/dia, fruto do trabalho em equipe do casal e colaboradores na produção, ordenha e expedição. “Tenho orgulho de ser queijeira e mais ainda de ser produtora rural, que é muito mais do que morar na roça, é ter consciência de que somos responsáveis pela alimentação do município, do estado, do Brasil e do mundo”.

Ousadia de empreender na maturidade

Tanto quanto iniciar negócio na terceira idade, é preciso boa dose de coragem aos milhões de empreendedores já reconhecidos no mercado e, mesmo assim, não se acomodam e continuam explorando novas oportunidades. É o caso dos advogados Walmar Costa (foto, à esquerda) e Tarcísio Porto (foto, à direita), há 34 anos no ramo imobiliário no Ceará através da Mega Imóveis.

Hoje, com 59 anos, o cofundador assistiu a muitos avanços e recuos ao longo de mais de três décadas. A experiência lhe deu a certeza de que não há fronteira etária para gerar negócios e empregos e também não pode inibir a criação de novas frentes aproveitando oportunidades.

Com o olhar atento ao mercado, as iniciativas tomadas se transformaram num grupo diversificado e atualizado que navega no mundo “figital” oferecendo soluções para áreas complementares como advocacia, seguros e consultoria empresarial, através de marcas já consolidadas como o Escritório Porto Costa Advogados, a Mega Cariri e a Dux Corretora de Seguros.

E não para por aí. Neste ano de 2025, inaugura a MG Imob, especializada em compra e venda de imóveis de todos os padrões. Tarcísio Porto, cofundador do Grupo Mega, explica que a diversificação foi uma estratégia natural ao longo dos anos para o atendimento integral à sua carteira de clientes. “Conectamos pessoas a soluções práticas e integradas em diferentes áreas”, defende ele.

Segundo o diretor Walmar Costa, o diferencial do Grupo Mega sempre foi o foco na experiência do cliente: “Construímos histórias, mais do que apenas alugamos ou vendemos imóveis”, assegura ele, certo de que este é o caminho para crescer e conquistar a confiança dos cearenses”, conclui.

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