O desemprego em 2024 no Ceará ficou 2 pontos percentuais abaixo da região Nordeste e um pouco acima da taxa de desocupação nacional. (Foto: Reprodução/Agência Brasil)
O desemprego (taxa de desocupação) no Ceará fechou 2024 em 7%, menor valor de toda a série histórica (2012 a 2024), o que representou 1,5 ponto percentual (p.p) menor quando comparado ao resultado de 2023, de 8,5%. A taxa de desemprego cearense no ano passado recuou 7 p.p, quando comparada a 2021, quando atingiu 14%, a maior valor da série histórica. Até então, a menor taxa de desemprego no estado havia sido alcançada em 2014, de 7,1%, ao seguir uma sequência de queda, uma vez que em 2012 e 2013 as taxas haviam sido de 7,8% e 7,7%, respectivamente.
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A taxa de desocupação em 2024 do Ceará ficou 2 p.p abaixo da região Nordeste – lembrando que a desocupação cearense foi de 7% e a do Nordeste 9% –, um pouco acima da nacional, tendo esta última atingindo a taxa de 6,6%, o menor valor de toda a série histórica para o Brasil. Os dados – e muitos outros – estão no Enfoque Econômico (Nº 292) – Análise Histórica e Comportamento do Mercado de Trabalho Cearense para o ano de 2024, que tem como autor o analista de Políticas Públicas Daniel Suliano, que acaba de ser publicado pela Diretoria de Estudos Econômicos (Diec) do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).
O desemprego (taxa de desocupação) é um indicador que mede uma pressão direta sobre o mercado de trabalho de pessoas que procuraram emprego e estão disponíveis para começar imediatamente. A taxa de desocupação se refere às pessoas com idade de trabalhar (acima de 14 anos) e que estão disponíveis e tentam encontrar emprego, ou seja: para alguém ser considerado desempregado não basta não possuir emprego – explica Daniel Suliano, que também ressalta o comportamento verificado na taxa de participação.
O analista de Políticas Públicas do Ipece observa que, nos últimos quatro anos, a taxa de participação do Ceará apresentou uma média em torno de 52%. Esse valor médio ocorre no âmbito de uma quebra estrutural da variável a partir do segundo trimestre de 2020 no bojo da crise sanitária que atingiu a economia mundial. “De fato, em 2020, a taxa de participação cearense recuou vertiginosamente, alcançando 51,1%, valor bem abaixo dos anos anteriores. Como pode ser observado, isso não foi um caso isolado, refletindo o impacto da pandemia na economia que reverberou diretamente no mercado de trabalho” – frisa.
Daniel Suliano ressalta que, ao analisar a série histórica que se inicia em 2012, a taxa de participação cearense parte de um valor de 55,4% para oscilar entre 56% em 2013 e 55,5% em 2014. A partir de 2015, quando a economia brasileira apresentou forte recuo no biênio 2015-2016, destaca-se que de 2015 a 2019 a taxa de participação cearense começou a esboçar uma tendência de aumento. De forma mais específica, em 2015, a taxa de participação era de 54,8% elevando-se para 57,3% em 2019, maior valor da série histórica. A taxa de participação na força de trabalho (TP) é um indicador medido pela razão entre a força de trabalho e a população em idade de trabalhar.
Além disso, ele chama a atenção para o fato de que, no início da série histórica, a taxa de participação cearense esteve abaixo da taxa nordestina, ficou acima nos anos de 2017 até 2020, voltando a partir de 2021 a ficar abaixo. De 2022 a 2024, a taxa de participação do Nordeste entra em trajetória ascendente, alcançando em 2024 valores próximos ao patamar pré-pandêmico. É clara também a ampliação da diferença entre as taxas de participação do Nordeste e do Ceará quando comparadas as do Brasil no início e no final da série. Em 2012, a diferença entre a taxa de participação nacional e a cearense era de 7,3 p.p, chegando a 10,4 p.p em 2024.
Para concluir, Daniel Suliano afirma que, embora a força de trabalho cearense esteja em uma tendência crescente, inclusive com redução do número de desocupados, deve-se lembrar que o critério de busca de trabalho é definido a partir da tomada de alguma providência efetiva para consegui-la no período de referência. “Em outras palavras, caso a pessoa não tenha tomado providência para a busca de trabalho ou não esteja ocupado, ela será classificada como fora da força de trabalho provocando, por conseguinte, uma redução na taxa de participação”.
Uma menor taxa de participação a longo prazo pode ser associada ao aumento de benefícios assistenciais ao elevar o poder de compra para as famílias. Neste caso, a renda do domicílio eleva o salário de reserva dos membros familiares, reduzindo, assim, a taxa de participação. Uma outra hipótese são pessoas se retirarem da força de trabalho para se dedicar com mais afinco aos estudos ou algum tipo de treinamento técnico profissional – finaliza o analista de Políticas Públicas do Ipece.
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